Gabriel Ract tem 26 anos, mora em São Paulo, é médico e autor do livro “David Goffman e a travessia infernal”. Em entrevista ao portal GeekPop News o autor compartilha um pouco sobre a própria formação e a influência disso na própria escrita. 

Antes de tudo, compartilhe com a gente um pouco sobre você. Fale tudo o que achar relevante. 

Sou daqui de São Paulo nascido e criado, São Paulo capital. Eu sou médico, eu tenho Clínica Médica no momento como especialidade. Estou fazendo um ano sabático agora, antes de fazer alguma outra coisa na minha vida, tentando me redescobrir. Nesse meu tempo sou escritor também. Tenho dois livros publicados, por enquanto. O primeiro deles é “Tiac” (A Torre de Babel), que eu fiz pela Novo Século, isso em meados de 2017. Era uma criança na época. Agora esse novo projeto que é o David Goffman. 

Bom, uma coisa que eu achei muito interessante foi saber que você é formado em medicina. Isso de certa forma é uma coisa inusitada também. Assim, gostaria de saber como é que você se apaixonou por esse mundo da ficção mesmo estando numa área totalmente diferente. O que te fez querer viver também essa experiência de ser um escritor?

Eu comecei a escrever muito novo, eu tinha 15 anos na época. Inclusive esse livro que eu publiquei agora ele já tinha sido escrito pela primeira vez quando eu era adolescente. Era um livro muito ruim. Eu escrevia muito mal, mas eu me divertia bastante. Impressionante ver o quanto eu evoluí nesses últimos anos. Eu sempre gostei muito de ler. Quando eu descobri que eu podia transformar as histórias que eu tinha na minha cabeça, as coisas que eu acabava criando em coisas palpáveis, em obras que as pessoas poderiam estar lendo no futuro, estar acompanhando, eu tomei gosto.

Desde então, eu nunca parei de escrever. É claro que sou escritor de infanto-juvenil, é estranho realmente pensar que eu sou médico. Ainda mais eu, que além de ser médico, trabalho com UTI, já faz uns dois anos que eu faço isso na minha vida. Ao mesmo tempo é uma válvula de escape, de certa forma, esse livro novo surgiu durante a pandemia. Eu pensei em reescrever durante a minha formação como clínico geral, justamente na época que estava tendo a pandemia, quando a coisa estava mais pesada. Eu queria me reconectar com quem eu era antes de ser médico.

Reprodução: Foto de Gabriel Ract; arquivo pessoal
Reprodução: Foto de Gabriel Ract; arquivo pessoal

Eu estava pesquisando sobre o seu trabalho e eu observei que você usa de recursos medievais nas suas histórias. Gostaria de saber quais são as suas inspirações para seguir por essa temática e ter essas motivações; suas referências no geral. 

As minhas maiores referências em relação a obras infanto-juvenil são Tolkien com certeza. Desde pequeno lendo muita coisa do Senhor dos Anéis e todas obras que foram lançadas depois disso. O mais recente, Harry Potter. Embora eu gostasse muito mais quando era mais jovem. Nesses últimos tempos com certeza é Patrick Rothfuss. Eu me apaixonei pela saga do Matador do Rei,  O Nome do Vento é um excelente livro. Ele é muito bem escrito, que é uma diferença que eu vejo em relação aos outros autores que eu citei. Eu acho que ele é a maior inspiração, pelo menos em relação a minha narrativa hoje em dia, embora ele faça uma coisa muito mais adulta.

Vamos falar sobre o seu livro “Torre de Babel”. Qual foi o seu processo de escrita na época? Qual a sua inspiração nesse processo e o que as pessoas poderão encontrar durante a leitura?

Toda vez que você tenta fazer alguma coisa pela primeira vez, ela nunca dá muito certo. Eu adoro a história de “Tiac” (Torre de Babel), escrevi muito rápido, querendo ou não é um livro pequeno. Ele tem 25% a menos do tamanho em comparação ao David, e ele tem menos páginas, tem 160 páginas. Eu diria que eu escrevi esse livro num surto de verão. O episódio foi um período de um mês. O livro é bastante fluido e o personagem principal do livro é em primeira pessoa. É um livro divertido e leve. Mas ainda assim tem vários defeitos, inclusive defeitos em relação à narrativa que eu sei que existem realmente.

Eu acabei enviando para algumas editoras e quando surgiu a oportunidade de estar publicando, eu resolvi publicar. Pelo menos era uma boa inserção ao mercado editorial. Foi muito divertido, eu tinha uns 21 anos na época, foi muito interessante ver todo mundo que eu conhecia reunido ali, pessoas na internet, vindo falar comigo. Querendo ou não é uma publicação pela Novo Século, teve um alcance bem grande, foram várias cópias do livro e foi uma coisa bastante positiva, me deu muita força, muita vontade para querer continuar nesse mercado. O David tem várias referências aos personagens de Tiac e ao universo pós Apocalipse que acabou acontecendo nesse livro. Como se fosse um prelúdio do que pode acontecer. 

Reprodução: Capa do livro "TIAC: Torre de Babel" / Gabriel Ract
Reprodução: Capa do livro “TIAC: Torre de Babel” / Gabriel Ract

Sobre o processo de escrita do livro “David Goffman e a Travessia Infernal”, você deu essa introdução falando que se iniciou uns anos atrás e ressurgiu no período da pandemia, que foi uma válvula de escape. Conte-nos um pouco mais sobre quais as suas maiores inspirações.

Olha, primeira vez que eu escrevi essa história, eu tinha 15 anos. Eu lembro que Percy Jackson estava fazendo muito sucesso na época. Lembro de ter lido todos os livros também e ficava me questionando um pouco sobre todo sucesso que o Rick conseguiu fazer com a primeira geração de livros dele. Fiquei muito tentado a tentar fazer alguma coisa muito parecida. Tanto é que se você pegar a estrutura de David, lembra um pouco. Claro que ela evoluiu muito durante esse período desde a primeira vez que eu escrevi, principalmente os dois protagonistas, que era uma coisa que eu não tinha tanto no na primeira versão do livro, onde você não se apegava aos personagens principais. Eu acho que eu conquistei muito bem isso nessa nova versão. Durante a faculdade eu cheguei a escrever ele, o resultado foi bom.

Eu pensei na época realmente em mandar para algumas editoras. Eu cheguei a ser aprovado em alguns lugares, mas eu voltei para trás. Principalmente porque eu estava focando em outras coisas, carreira médica etc, e o livro ficou guardado na minha gaveta até eu começar a fazer a residência, que foi minha especialização. Eu resolvi voltar e agreguei muita coisa do que eu aprendi nesse um ano e meio de formado como médico dentro de toda a história do livro. O resultado foi interessante, eu acho pelo menos. 

Reprodução: Capa do livro "David Goffman e a travessia infernal" / Gabriel Ract
Reprodução: Capa do livro “David Goffman e a travessia infernal” / Gabriel Ract

Você tem mais alguns planos para sua carreira, algum planejamento de novos livros? O que você está planejando aí para o futuro?

No momento não estou escrevendo mais nada novo. Em relação ao livro, tenho mais uma história na minha cabeça, mas por enquanto, ainda nada se solidificou. 

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