A artista paulista Patricia Paes, radicada em Paraty–RJ, acaba de lançar o livro infantil Leonora: a lesma que não é a mesma. Apresentadora, locutora e agora também ilustradora, Patricia une rimas bem-humoradas e ilustrações vibrantes para contar a história de uma lesma fora do comum.
Com leveza, a obra valoriza a singularidade e exalta a força de quem ousa ser diferente. Em entrevista ao Geek Pop News, Patricia falou sobre sua trajetória como escritora, o processo criativo e o nascimento de Leonora. Confira a seguir:
Você pode se apresentar para os nossos leitores? Queremos conhecê-la melhor!
Oi, Geekers! Eu e Leonora nos sentimos muito Pop por bater esse papo com vocês! Sou uma emocionada pela vida. Sou Artista em exercício desde sempre e uso a arte em suas diferentes nuances para expressar o que eu sinto aqui dentro. Acredito que super dá pra melhorar esse mundão com amor, gentileza nos pequenos gestos, senso de comunidade e respeito.
Patricia, você já atuava como apresentadora e locutora. Em que momento a literatura entrou na sua vida como expressão criativa?
Sempre escrevi pra me expressar, pra chover de dentro pra fora. Em 2016 publiquei um livro sobre oratória, minha principal atividade profissional, na pandemia criei um podcast amarrando Mar, literatura, poesia e temas relacionados ao universo feminino, o MULÉ DE MARÉ, então pensando agora, acho que eu e a literatura sempre navegamos juntas.
“Leonora” nasceu em uma noite de histórias com sua filha. Como foi esse momento? Você costuma criar assim, de forma espontânea, ou foi algo único?
Cresci numa família que criava muitas vivências na escassez, com isso aprendi cedo lições sobre improviso em várias instâncias da vida, o que culminou com minha ida pro palco, como apresentadora. Inclusive, acho que isso explica muito da minha história de vida! Esse contexto foi pra dizer que vivo criando … ideias, músicas, textos, poesias e agora a mãe de todas as criações – a maternidade – que é criar um bom ser humano pro mundo.
A história foi escrita em dois dias, mas o processo de ilustrar veio depois. Como foi essa imersão no mundo das imagens? Já tinha alguma familiaridade com desenho ou foi um verdadeiro salto de coragem?
Pago boletos apresentando eventos e mimo minha alma escrevendo, cantando, pintando e vendendo minha arte. Faço parte de um coletivo feminino, a sala das cores (somos 7 mulheres artistas) em Paraty–RJ. Já pintava, mas nunca tinha tido a oportunidade de ilustrar um livro infantil. Neste caso, a Leonora me pegou pela mão e me ajudou a subir essa grande árvore! E foi lindo! Foi grandioso dar vida à história dessa lesminha tão inspiradora e corajosa.
Seu livro convida crianças a acreditarem em si mesmas, mesmo quando não parecem “fortes” aos olhos dos outros. Por que essa mensagem é tão importante para você?
Pra mim, a Leonora representa nossa força interior! Acho que todos temos uma Leonora dentro da gente! Uma historinha que celebra as diferenças e tem como protagonista um serzinho tão pequeno no tamanho e tão gigante na coragem pode sim tocar de forma lúdica as crianças, despertando determinação e autoconfiança.
Você cita Manoel de Barros e a literatura feminista como influências. De que forma esses dois mundos tão ricos se conectam na sua escrita?
Manoel de Barros me ensinou a encontrar poesia no que é pequeno, esquecido ou considerado desimportante. Ele dizia: “O que sustenta o ser é o despropósito.” E essa frase ecoa muito em mim. Quando escolho contar a história de uma lesma, não é à toa. É um gesto de resgate, de valorização do que rasteja, do que quase ninguém vê — mas que tem mundo dentro.
Já a literatura feminista, especialmente na voz da Ryane Leão, me atravessa com força. Ela escreve: “me ensinaram a ter vergonha, eu decidi ter voz.” E isso me move. Como mulher, como artista e como autora de livros infantis, eu sinto que minha escrita é também um lugar de cura e de libertação.
Então, quando crio personagens como a Leonora, estou unindo esses dois universos: a poesia da delicadeza e a força da palavra feminina. Leonora é uma lesma, mas também é uma menina que se recusa a ser o que esperam dela. E isso, no fundo, é tanto Manoel quanto Ryane — é sobre ver beleza no improvável e ter coragem de ser quem se é.
Depois de Leonora, vem aí Araújo, o Caramujo Marujo, que traz um personagem com TDAH. Pode nos contar um pouco mais sobre essa nova aventura?
Araujo, o Caramujo Marujo tem tudo pra ser um personagem encantador, que mistura o universo da infância com temas super importantes: neurodiversidade, poesia, natureza e pertencimento. Para crianças com um “mar de ideias” borbulhantes dentro da cabeça e um coração que sente tudo muito forte. E pra dar um spoiler:
“Dizem que caramujo vive devagar,
mas Araujo mal consegue parar!
Sonha alto, fala rimado,
e vive com o casco esfolado.”
Por fim, o que você espera que as crianças e os adultos levem no coração depois de conhecerem a Leonora?
Quero que levem uma leitura sonora, uma história quentinha sobre autoestima e persistência, com metáforas visuais e texto divertido. Mas sobretudo, que levem a mensagem principal do livro que é: quando a gente é o primeiro a chegar lá, fica mais fácil de dar a mão pra quem vem atrás de nós
Leia também: Rimas, desenhos e uma lesma fora do comum
═══════════════════════════════════════════
📚 Para mergulhar ainda mais no universo dos livros, autores e sagas, acompanhe o GeekPopBooks no Instagram e descubra novidades, curiosidades e recomendações exclusivas.