O jogo brasileiro, Hell Clock, lançado pela desenvolvedora Rogue Snaill, é um RPG de ação e roguelike inspirado na Guerra de Canudos, que ocorreu entre em 1896 e 1897. O jogo aborda a história do ex-escravo e combatente da guerra, Pajeú.
Assim, a história contra os rastros que a guerra deixou, com isso, Pajeú está em um ”purgatório futurista” repleto de monstros com objetivo de resgatar Antônio Conselheiro. Como também salvar a ameaça assola aqueles que se fizeram presente durante a guerra, com o aprisionamento das almas de Canudos em um ciclo de tormento.
O GeekPop News teve a oportunidade de conversar com Mark Venturelli, um dos desenvolvedores do jogo Hell Clock.
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Game baseado na Guerra de Canudos
Hell Clock é um jogo baseado na Guerra de Canudos, que ocorreu na cidade baiana entre 1896 a 1897. Abordando uma parte da história baiana, a guerra entre Antônio Conselheiros e seu seguidores contra militares era um ato de resistência em um período de extrema seca, miséria e fome. Assim, o game tornou-se um símbolo de identidade e força, com isso, Venturelli contou ao GeekPop News como surgiu a ideia de transformar um contexto histórico de muita lutar e dor em um jogo.
Eu sou baiano, nascido em Salvador e eu sempre tive vontade de fazer algo inspirado na nossa história, na nossa cultura, não só do Brasil, mas no Nordeste. Mas antes do Hell Clock, eu acho que eu não me sentia pronto, porque já tinha muitos outros jogos antes que fizeram isso e muitas vezes de forma legal. Só que quase sempre, você trazer a cultura brasileira, você trazer a história brasileira, era o principal apelo. A gente precisou fazer um jogo em que ter a cultura e história nordestina fosse algo a mais e não um apelo. Então a gente queria fazer um jogo que os gringos olhassem e tivessem muita vontade de jogar e que mesmo que para eles, às vezes seja uma barreira ter aquilo, um jogo que não é familiar. O jogo em si, seja tão legal que supere essa barreira.

Jogo inspirado em Diablo I quebra barreiras
Além disso, Venturelli completa a satisfação em vê que o jogo superou essas barreiras e se emociona ao citar que influenciadores gringos estão testando e gostando da jogabilidade de Hell Clock. Como também resultou a importância em ver essas pessoas presenciando a dublagem de Dody Só, ator brasileiro que dá voz a Pajeú. “É muito satisfatório ver grandes influenciadores gringos jogando e lendo a legenda e, ao mesmo tempo, ouvindo o Dody Só, nosso ator principal que dá vida a Pajeú. Eles estão ouvindo um homem negro nordestino falando português com um sotaque carregado e lendo a legenda. Isso para mim é muito especial.”
Durante a conversa, ele contou uma das referências que queria no jogo e como que isso influencio nas escolhas posteriores ao game. “Em nosso briefing, eu e o professor Zuami, que foi quem co-escreveu a história comigo, que é nordestino e professor de história. A gente conversava muito sobre o primeiro o ator e que queriamos que fosse como um filme de vingança do Tarantino, que tivesse essa pegada.”.
Complementando a fala do briefing para o primeiro ato, Venturelli precisava de um protagonista heroico para a narrativa e afirma que Pajeú se transformou na melhor escolha, ”então, o personagem desse primeiro ato tinha que ser um herói de ação e o Pajeú, ele faz muito bem esse papel. Porque ele era veterano da Guerra do Paraguai, um dos jagunços do conselheiro e tínhamos acesso ao Dody. Então fazia muito sentido a gente colocar Pajeú como a estrela, pois ele também era relojoeiro. E como tínhamos o tema do relógio no jogo, acabou sendo uma escolha muito óbvia e que caiu no colo pronta.”

Contar a história por meio de outro olhar
A Guerra de Canudos é contada em escolas e universidades, sendo retratado também como um símbolo de resistência do povo sertanejo. É comum essa parte ser contato por meio de filmes, séries ou até mesmo documentários.
No entanto, a Rogue Snaill decidiu contar essa luta por meio de um novo olhar, um olhar divertido e intrigante, com o game. Então, Venturelli enfatiza a importância de representar a forma contada de um conflito sangrento por meio de um jogo.
Se olharmos no contexto puramente funcional, acho que a esfera mais próxima que existe é a questão de ser interativo, e principalmente de não ser linear. E das pessoas às vezes prestarem atenção em diferentes coisas em diferentes momentos. Em um jogo, principalmente no gênero que Hell Clock está, não podemos sequer colocar a história em primeiro plano, a história não pode ser um obstáculo. Então desde o início a gente sabia que a história não poderia ter o palco principal e que era sobre a jogabilidade.
”O que me deixa mais emocionado é o fato de ser um jogo nordestino feito com um elenco nordestino”
Ao jogar Hell Clock notamos várias referências ao nordeste e a outros jogos. Como também em como o jogo consegue captar essa essência, seja na escolha do ator ou até mesmo nas falas dos personagens. Portanto, Venturelli contou ao GeekPop News qual referência ele mais gosta dentro do game.
Ah cara, eu acho que é o Diablo, pois o jogo é muito especial para mim. Quando eu era um molequinho, de uns 8 anos, eu tive acesso a uma demo do Diablo e foi muito especial. E Hell Clock tem algumas referências diretas (a Diablo), como a primeira vez que Pajeú desce, ele fala “a santidade dessa casa foi profanada”, que é exatamente o que o guerreiro de Diablo fala quando ele desce na igreja. Mas, além disso, o que me deixa mais emocionado é o fato de ser um jogo nordestino, feito com um elenco nordestino.
A demo de Hell Clock já está disponível na Steam, mas seu lançamento oficial será apenas no dia 22 de julho.
Vale lembrar também que você pode conferir a entrevista toda na íntegra lá no nosso canal do YouTube, ou então conferi-la aqui embaixo:
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