Entre no clima do Halloween e mergulhe nas obras de Stephen King, um dos maiores mestres do terror da atualidade
Entre abóboras iluminadas, noites misteriosas e aquela sensação de que algo te observa pela fresta da porta, outubro é o mês do Halloween e parece sempre pedir uma boa história de terror. E, quando o assunto é medo, poucos nomes soam tão familiares quanto Stephen King.
Mais que um escritor prolífico, ele é um arquiteto do sobrenatural e um dos principais autores quando falamos de livros de botar medo. Com mais de cinquenta romances escritos, King construiu um universo onde pequenas cidades guardam segredos, memórias de infância voltam para assombrar e o cotidiano se dobra diante do inexplicável.
Do sobrenatural ao horror psicológico, suas narrativas atravessaram o papel, ganharam telas e se fixaram no imaginário coletivo. Filmes, séries, minisséries: suas histórias não apenas foram adaptadas, elas se tornaram referências. Neste clima de Halloween, por que não mergulhar nas obras do rei do terror, onde o medo vive, respira e caminha do seu lado?
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Origem e primeiros passos
Stephen Edwin King nasceu em 21 de setembro de 1947, em Portland, Maine, EUA. Ele cresceu no estado de Maine, que incorpora em diversas de suas histórias, como “Carrie”, “It, A Coisa” e “Cemitério Maldito”.

King viu sua família passar por dificuldades desde cedo, seu pai abandonou o lar quando ele ainda era pequeno. Sua mãe o criou com seu irmão mais velho na cidade de Durham. Desde cedo, King demonstrou uma inclinação para contar histórias, ele próprio afirma que começou a escrever muito jovem, inspirando-se em quadrinhos, e que o horror brotava organicamente de suas próprias obsessões.
Durante seus anos universitários, ele escrevia uma coluna semanal para o jornal do campus de sua escola e vendia contos para revistas. Em 1967, publicou seu primeiro conto, “The Glass Floor”, na revista “Startling Mysteries Stories”.
King se formou em 1970 com um diploma em Inglês pela Universidade do Maine em Orono. Sua ambição era se tornar professor, mas ainda assim dedicava seu tempo livre para a escrita. Quatro anos e muitos contos escritos depois, ele publicou seu primeiro romance, “Carrie”, que o estabeleceria como escritor profissionalmente.
A popularização do “King of Horror”
“Carrie” conta a história da protagonista titular, uma garota solitária e alvo de perseguição pelos seus colegas de escola, além de lidar com uma mãe hiper religiosa e super protetora. Carrie, ao longo da narrativa, descobre ter poderes telecinéticos e, ao mesmo tempo, a dificuldade para dominá-los. Na noite de sua formatura, ela perde o controle ao usar seus poderes para se vingar de quem a atormentava e acaba causando a destruição de sua pequena cidade.
O romance colocou King no mapa literário e até hoje é considerado entre seus principais trabalhos. Foram 30 mil cópias publicadas no ano do lançamento da obra. Nos anos seguintes, ele teve a escrita como sua principal ocupação. Assim, logo se tornou conhecido pela marca “King of Horror”, uma brincadeira com seu sobrenome, que traduzido fica “Rei do Horror”.
A combinação de temas universais, como medo, traição, perda, infância e personagens ricos em humanidade tornou a sua escrita acessível ao público em massa e ao mesmo tempo relevante para o estudo literário.
Estilo de escrita
O estilo literário de King se caracteriza por uma ambientação viva, muitas vezes no sudoeste americano, principalmente no estado do Maine. Pequenas cidades, lugares isolados, o autor incorpora a sensação de isolamento e vulnerabilidade às suas histórias.
King também mistura gêneros, embora seja mais associado ao terror. Ele incorpora elementos de ficção-científica, fantasia e mistério, explorando o sobrenatural e o psicológico. O autor tem 65 livros publicados e contando: hoje, aos 78 anos, ele segue escrevendo.
Suas narrativas são imersivas, em uma fantasia que é sombria, mas traz raízes do mundo real. Ele mesmo já afirmou que “escritores escrevem sobre usas obsessões”. Por isso, é fácil encontrar sinais quase autobiográficos em suas histórias. Outro elemento marcante em sua literatura é como King entrelaça seus próprios mundos, criando um universo expansível onde histórias dialogam entre si. Personagens, cidades e símbolos reaparecem em diferentes livros, dando ao leitor atento a sensação de mapa oculto.
A cidade fictícia de Derry, por exemplo, é cenário de “It, A Coisa”, mas também aparece em “11/22/63”. O mesmo acontece com Castle Rock, que surge em obras como “Cujo” e “O Corpo”, conto do livro “Quatro Estações”, mas que é mais conhecida por sua adaptação cinematográfica “Stand by Me”.
Indicações para conhecer o autor
Embora a bibliografia de King seja vasta, alguns títulos se tornaram porta de entrada quase oficial ao seu universo. Obras que marcaram a crítica, conquistaram leitores e ajudaram a definir o terror moderno.
Para mergulhar no mundo de Stephen King neste Halloween, alguns caminhos possíveis:
- Carrie (1974): seu primeiro romance publicado, onde o horror nasce na escola, no bullying e no poder que desperta quando alguém finalmente reage.
- O Iluminado (The Shining, 1977): com certeza um de seus trabalhos mais populares e inspiração para um dos melhores filmes de terror já feitos, mas não espere encontrar a mesma história de Kubrick! O hotel isolado, o inverno que não passa e a lenta espiral de loucura que transforma o familiar em ameaça.
- It: A Coisa (1986) (O favorito de Stephen King da autora que vos escreve!): talvez seu livro mais icônico, onde uma entidade maligna retorna para assombrar a infância de um grupo de amigos em Derry. Não deixe o número de páginas te desencorajar, é uma leitura que vale a pena.
- Misery (1987): tensão psicológica concentrada: um escritor ferido, uma fã devotada demais e um quarto do qual é impossível escapar. Seria esse a primeira mídia sobre os problemas da relação parasocial?
- Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1983): uma reflexão brutal sobre perda, luto e o que acontece quando se tenta contornar a morte.
- Quatro Estações (1982): indicação para quem quer se aproximar do autor sem mergulhar direto nos sustos. A coletânea de novelas mostra que antes de ser mestre do terror, King é, sobretudo. um grande contador de histórias. É desta obra a origem a dois filmes memoráveis “Stand by Me” e “Um Sonho de Liberdade”.

A relevância e a marca de King
Stephen King não é apenas “mais um autor de terror”. Sua escrita ajudou a popularizar o horror sem simplificá-lo, mostrando que o medo também pode ser porta de entrada para falar de perda, memória, vício, trauma e afeto.
Ao longo de décadas, manteve ritmo, qualidade e alcance, dialogando com diferentes gerações de leitores e até espectadores. Suas histórias atravessaram o papel e ganharam cinema, televisão e streaming, tornando-se parte do imaginário cultural global.
King permanece relevante porque entende que o que nos assusta não está só nos monstros: está naquilo que tentamos esconder de nós mesmos. Seu legado ultrapassa os sustos, ele nos lembra que, no fim, o terror é apenas outra forma de falar sobre humanidade.
Créditos imagem de capa: reprodução
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