Em sua 14ª edição, o Festival de Dharamshala reúne produções da Índia, Butão, Espanha e Austrália, com estreias, masterclasses e exibições não competitivas

O Festival Internacional de Cinema de Dharamshala (DIFF) retorna ao norte da Índia para sua 14ª edição. O evento acontecerá entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro. Realizado em Upper Dharamshala, o festival se consolida como uma das principais plataformas dedicadas ao cinema independente asiático. Ele promove o encontro entre realizadores e público em um formato não competitivo.

O festival será inaugurado com Homebound, de Neeraj Ghaywan, uma adaptação do artigo de Basharat Peer publicado no The New York Times em 2020. A trama acompanha dois amigos de infância do norte da Índia que sonham em se tornar policiais. Ela explora as tensões sociais e morais que surgem ao longo do caminho. A produção estreou anteriormente no Festival de Cannes.

O encerramento do Festival de Dharamshala ficará por conta de “Songs of Forgotten Trees“, de Anuparna Roy, vencedor do prêmio Horizons de Melhor Direção no Festival de Veneza. O drama se passa em Mumbai e retrata a convivência entre uma atriz migrante e trabalhadora sexual e um atendente de call center, que compartilham um apartamento e constroem uma relação marcada pela fragilidade e pelo deslocamento.

Homebound - Festival de Cinema de Dharamshala
Cena de Homebound | Foto: Dharma Productions/Divulgação

Programação internacional e atividades paralelas

Além de exibir títulos indianos, o DIFF apresenta produções de diversos países. Entre os destaques estão “I, The Song“, do Butão; “Cactus Pears“, vencedor do Grande Prêmio do Júri de Sundance; e Kneecap, produção irlandesa de Rich Peppiatt.

A mostra também inclui Romeria, da espanhola Carla Simón; “The Love That Remains“, de Hlynur Pálmason; “Cutting Through Rocks“, de Sara Khaki e Mohammadreza Eyni; e “Full Plate“, de Tannishtha Chatterjee, que estreou no Festival de Busan.

O festival mantém sua parceria com o Festival de Cinema de Sidney. Por isso, receberá duas produções australianas: a ficção científica “Lesbian Space Princess“, de Emma Hough Hobbs e Leela Varghese, e “The Wolves Always Come at Night“, de Gabrielle Brady, indicada ao Oscar pela Austrália.

A programação também inclui masterclasses conduzidas por nomes do cinema indiano. O diretor Kiran Rao discutirá processos criativos e linguagem cinematográfica. Isso, enquanto o ator Adil Hussain abordará técnicas de atuação e construção de personagens em diferentes contextos culturais.

A Sapatona Galáctica
A Sapatona Galáctica | Foto: Reprodução/Festival do Rio

Um espaço para o cinema independente no Himalaia

A direção do DIFF, composta pelos cineastas Ritu Sarin e Tenzing Sonam, reforça a proposta de valorizar o cinema autoral e promover o intercâmbio entre culturas. Dharamshala, cidade conhecida por abrigar o Dalai Lama desde 1959, tem se tornado um centro simbólico para expressões artísticas ligadas ao exílio e à identidade tibetana.

O evento contará com a presença de Andrey A. Tarkovsky, filho do cineasta russo Andrey Tarkovsky, que apresentará o documentário “Andrey Tarkovsky: Uma Oração do Cinema“, com imagens inéditas do acervo pessoal de seu pai.

De acordo com os organizadores, o festival continua deliberadamente fora do circuito competitivo, priorizando o diálogo e a reflexão sobre o papel do cinema contemporâneo.

Com apoio tecnológico da PictureTime, que disponibiliza cinemas digitais infláveis, o DIFF mantém a proposta de levar produções independentes para a região montanhosa do Himalaia.

Imagem de capa: Dharma Productions/Divulgação