O jornalista, escritor e professor Reginaldo Moreira, ou simplesmente Regis, como é conhecido em Londrina, é um dos nomes paranaenses que marcaram presença na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2025. Em sua segunda participação como autor, Regis levou ao evento sua escrita afiada, autobiográfica e política, com destaque para a sessão de autógrafos do livro “Fabulações Queer – Crônicas para um mundo possível”, que aconteceu no dia 31 de julho na Casa Guetto.
A obra foi lançada oficialmente na Festa e é da editora Patuá.
“Estar na Flip é a realização de um sonho. Muitas vezes fui e brincava sentando na mesa de autógrafos, dizendo: um dia vou estar aqui. E esse dia chegou”, contou o autor, celebrando o momento.
“Fabulações Queer”: crônicas de um corpo desencaixado
Publicado oficialmente na Flip, “Fabulações Queer” reúne 22 crônicas nascidas durante a pandemia. Ao mesmo tempo em que enfrentava o confinamento, Regis escrevia para a Rede Lume, refletindo sobre os estudos em teoria queer e suas próprias vivências. A partir dessas experiências, nasceu o livro que hoje ele define como uma “cartografia de virada de chave”.
“O livro surgiu quando entendi que minha corporalidade não cabia nas classificações postas. Eu não me via nem como gay. Me via desencaixado, fora do lugar.” Por isso, Regis entende o queer não apenas como identidade, mas como forma de estar no mundo.
Mais do que um livro teórico ou literário, “Fabulações Queer” é um manifesto pessoal. “Essa fragilidade que colocam em você… essa é sua maior força. E quando eu descubro isso, ninguém me segura mais.”
Além disso, Regis destaca que o objetivo da obra é dialogar com outras corporalidades não normativas: “Essa fragilidade que colocam em você e como te veem, exatamente é a sua maior força. Este é o lugar da minha força.”
Um jornalista, professor e escritor em trânsito

Regis é uma presença ativa na cena cultural de Londrina. Também atuando como docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e jornalista, seu trabalho literário se destaca por uma abordagem que atravessa identidade, linguagem e política.
Sua escrita, segundo ele, nasce daquilo que o atravessa: “A minha escrita é totalmente autobiográfica. Ela é autoficção porque as questões da teoria me atravessam pela existência.” Por isso, Regis adota o que chama de cartografia sentimental dos afetos, uma antimetodologia que rompe com normas acadêmicas e valoriza a experiência vivida.
Além disso, ele vê na palavra uma forma de resistência. E estar na Flip, é presenciar esse poder. “A Flip, para mim, é um momento, de reabastecer as energias e de acreditar na humanidade a partir do poder da palavra, da escrita e dos encontros.”
Flip 2025: presença marcante e múltiplas participações
Embora a sessão de autógrafos já tenha acontecido, Regis permanece ativo nas programações da Flip. Ele integra a antologia poética da Casa Guetto com a poesia “A Despedida“, participa da coletânea Terra com a crônica “O Aniversário da Terra” e figura entre os selecionados do prêmio Off Flip 2025 com a poesia “Vacas”.
Por isso, sua presença na Flip vai além de um único momento: “É tanta celebração da palavra, da vida, da literatura, que a gente sai revigorado. A Flip me reabastece. Saio de lá pronto para um ano inteiro.”
Enquanto muitos autores buscam o pertencimento, Regis faz questão de celebrar o “não lugar”. Sua escrita, ao mesmo tempo íntima e política, convida o leitor a reinventar os próprios limites. “Eu quero estar na contramão. Essa é a minha postura de vida. Essa é a minha postura queer.”
Leia mais: Flip recebe escritoras Neige Sinno e Anabela Mota Ribeiro
═══════════════════════════════════════════
📚 Para mergulhar ainda mais no universo dos livros, autores e sagas, acompanhe o GeekPopBooks no Instagram e descubra novidades, curiosidades e recomendações exclusivas.