Nascido em 3 de julho de 1883, em Praga, Franz Kafka é ainda hoje considerado um dos maiores autores do século XX. Com uma escrita marcada pela atmosfera opressiva, estranhamento e questões existenciais, sua obra permanece atual mesmo no mundo moderno.

Filho de um severo e autoritário comerciante, a infância de Kafka foi vivida em um ambiente descrito pelo próprio autor como sufocante e opressor. Em “Carta ao Pai“, por exemplo, Kafka tece um longo desabafo jamais enviado, onde fala sobre os traumas que sofreu devido ao conturbado relacionamento.

Apesar de ter se formado em direito e ter trabalhado grande parte da vida em companhias de seguros, sua verdadeira vocação era a escrita. Por mais que, por muitas vezes, tenha considerado a literatura um fardo, era ela o seu refúgio.

Com uma escrita que vive em uma linha tênue entre o mergulho no absurdo e a precisão formal, Kafka era direto em suas sentenças. Esse traço marcante permite que o leitor seja transportado para um lugar de profundas incertezas e angústias. 

Obras 

Uma de suas obras mais famosas é “A Metamorfose“. O enredo conta a história de Gregor Samsa, um caixeiro-viajante que acorda transformado em um inseto gigante. Sem explicar o porquê da transformação nem oferecer saídas fáceis, Kafka expõe o absurdo como se fosse um acontecimento normal do cotidiano. A genialidade do texto é focar no fato de que a metamorfose não fica apenas na forma física, mas atinge também o social e o emocional.

A desumanização em meio a diferença é um sentimento presente em romances como “O Processo“‘ e “O Castelo“. Publicadas postumamente, as obras tem o poder, a culpa e burocracia como personagens onipresentes que não hesitam em sufocar o homem. A escrita de Kafka é marcada por uma busca desesperada por respostas em uma sociedade que se recusa a oferecê-las. 

Segundo o autor, sua escrita existia para que ele pudesse sobreviver aos próprios pensamentos, como se a literatura fosse uma válvula de escape para suas angústias. Com obras muitas vezes nascidas do desabado, Kafka tinha o hábito de escrever a noite, muitas vezes em crises de insônia. O autor revisava seus textos obsessivamente em busca de um perfeito equilíbrio entre rigor formal e espontaneidade. Ainda assim, ou apesar disso, era um autor extremamente autocrítico a ponto de pedir que seu amigo Max Brod destruísse seus manuscritos após a sua morte. Max Brod ignorou esse desejo.

Legado

Franz Kafka se tornou muito mais do que um narrador de absurdos. Mestre de uma construção literária única, seus textos possuem um ritmo fluido e quase hipnótico que faz com que seja impossível parar de ler. Dessa forma, alternando entre cenas normais e momentos de total opressão, o autor sabia como criar ambientes altamente claustrofóbicos onde seus personagens se perdem em escritórios, tribunais intermináveis ou corredores.

Kafka faleceu aos 40 anos, em 1924, vítima de tuberculose. Sua obra moldou profundamente a literatura do século XX, ainda que inacabada. Ainda hoje, sua escrita continua a ecoar, deixando claro que há um pouquinho de Kafka em todos nós.

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