O Natal dos Silva marca a primeira série da Filmes de Plástico, e nasce de um ponto profundamente afetivo para o diretor Gabriel Martins. Inspirado na própria família, especialmente no lado paterno, ele explica que muitos personagens carregam nomes de pessoas próximas, mas não são retratos diretos. São ecos emocionais, reorganizados pela ficção.

Gabriel cresceu em uma família grande, com tensões silenciosas que raramente viravam briga. Um Natal específico marcou sua memória, quando um conflito explodiu no meio da oração do amigo oculto. Ele lembra que “isso nunca tinha acontecido daquela forma”, e foi esse episódio que despertou o desejo de transformar pequenas fissuras familiares em dramaturgia. Na série, esses conflitos são ampliados, e personagens como Bel surgem de inquietações suas. “Ela não existe na minha família daquele jeito, mas responde a um desejo criativo meu”, explica.

Ele também revela que escreve muitos personagens já pensando no elenco. O Banda foi criado diretamente para Leonardo de Jesus, amigo de infância de Maurílio. Rejane também ganhou um papel alinhado ao que ele imaginava para ela desde o início. É um processo que mistura referências pessoais, afeto e o olhar profundamente natalino que Gabriel carrega. “O Natal pra mim sempre teve a ver com família e com uma certa tristeza”, comenta.

Fotos – Crédito: Denise dos Santos

Ao falar sobre referências, ele admite que cresceu vendo filmes natalinos estrangeiros, mas que nada refletia a vivência brasileira. Por isso, quis incorporar elementos do cotidiano, como a árvore de Natal feita em um pé de manga. Esse gesto, além de cultural, se conecta à trama e ao estado emocional da família retratada. Ele destaca também a ausência quase total de séries natalinas brasileiras centradas em famílias pretas. “Eu não encontrei nada parecido com isso”, afirma.

A série marca a passagem da Filmes de Plástico para o formato seriado. Gabriel e seus companheiros de produtora precisaram pensar em personagens que possam ser acompanhados por anos, com conflitos que se expandem além de uma única temporada. Cada episódio tem vida própria, mas compõe um arco maior. Ele observa que a direção alternada entre ele e Maurílio cria episódios com identidades estéticas distintas, sem perder a unidade.

Filmada em Contagem e Belo Horizonte, O Natal dos Silva reafirma a relação da produtora com Minas Gerais. Gabriel conta que, no início, filmavam onde viviam por naturalidade, sem intenção de representar o estado. Com o tempo, o reconhecimento dos filmes trouxe uma consciência maior sobre essa escolha. Ainda assim, o motivo permanece simples. “Eu escolhi não sair de Belo Horizonte”, diz. “A Filmes de Plástico quer ficar aqui. É onde a gente vive, trabalha e se inspira.”

Ele encerra com um convite ao público. “É uma série feita com muito carinho, sobre família, conflitos e coisas profundas, às vezes dolorosas, mas importantes de retratar”, afirma. Para ele, O Natal dos Silva reflete muito do que a produtora é hoje, e do que ele é como artista.

Confira a entrevista na íntegra

HORÁRIO: 

Quinta, 27/11, às 21h30 (1 episódio por semana) no Canal Brasil. 

Alternativos: Sextas, às 22h30; sábados, às 23h; domingos, às 19h; quartas, às 20h30.

Maratonas:

25/12, a partir das 19h (maratona com os 4 primeiros episódios, fechando com o lançamento do quinto)

27/12, a partir das 20h30

28/12, a partir das 16h30

2/01/2026, a partir das 23h;

Exibição de 1 episódio por semana no Globoplay.