Filme Garota traz narrativa sobre mulheres maduras, redes sociais e desafios da vida após os 50, explorando público ainda pouco retratado nas telas brasileiras

Elo Studios anunciou a produção do filme “Garota”, dirigido por Rosane Svartman, com estreia prevista para 2026. O longa acompanha uma mulher de 52 anos que enfrenta a perda do emprego, a menopausa e a responsabilidade de cuidar de um cão idoso abandonado.

Ao compartilhar sua rotina com o animal nas redes sociais, a protagonista se vê inserida em um universo digital complexo, enquanto lida com os desafios do envelhecimento.

Svartman, conhecida por projetos como “Desenrola” e “(Des)controle”, destacou durante o Festival do Rio que se interessou imediatamente pelo projeto.

“Esta é uma mulher que enfrenta os desafios e surpresas da menopausa por meio de um cachorro idoso que ninguém queria. Entrei no projeto acreditando na importância de dar visibilidade a essa mulher que se sente invisível. Pensei: quero assistir a este filme”, afirmou a diretora.

Cena de Descontrole
Carolina Dieckmann em Descontrole, filme produzido por Svartman | Crédito: Elo Studios/Divulgação

Produção e roteiro nacionais

O roteiro de Garota surgiu de um prêmio criado por Elo Studios em parceria com a Telecine durante o Cabíria Festival Audiovisual, voltado para novos roteiristas.

Adriana Calabró venceu a primeira edição, com a ideia posteriormente desenvolvida em colaboração com a roteirista experiente Flávia Guimarães. Svartman foi convidada para dirigir após a parceria bem-sucedida em “(Des)controle”.

Segundo a produtora e CEO da Elo Studios, Sabrina Wagon, o projeto também reflete mudanças estruturais no consumo e investimento.

“A economia da longevidade agora corresponde a uma fatia significativa do PIB mundial. Em 2020, pessoas acima de 50 anos contribuíram com mais de US$ 45 trilhões e podem ultrapassar US$ 100 trilhões até 2050. Esse público possui grande poder de compra e ainda é pouco representado nas telas”.

Cinema brasileiro e a visibilidade de mulheres maduras

A abordagem de “Garota” acompanha uma tendência recente no cinema nacional de contar histórias de mulheres acima dos 50. Svartman explica que “o cinema é um espelho da sociedade” e que a invisibilidade das mulheres maduras se reflete nas produções audiovisuais.

Ela acrescenta: “Essas mulheres estão vivas, se divertindo, enfrentando crises e se reinventando. São histórias que oferecem material para filmes relevantes.”

Além da relevância cultural, Wagon reforça o potencial de mercado: apenas 1,4% dos personagens em publicidade no Brasil em 2024 tinham mais de 60 anos, e 30% dos protagonistas em 2023 eram mulheres. A hashtag #menopause soma bilhões de visualizações no TikTok, indicando expansão do interesse público e comercial.

Garota busca preencher essa lacuna, unindo produção nacional a temas ainda pouco explorados, combinando a representação de mulheres maduras com o alcance das plataformas digitais.

Imagem de capa: Elo Studios/Divulgação