Dois títulos marcantes de Julia Lopes de Almeida (1862–1934) ganham novas edições pela Janela Amarela. “A Intrusa” (1908) e “A Isca” (1922) transitam entre o drama, crítica social e comportamento humano. Para a maioria dos leitores e críticos, a obra da autora continua atual.
Julia Lopes de Almeida combinava em suas histórias crítica social, psicologia e imaginação. Ela sempre apresenta um retrato sensível e instigante de uma sociedade em transformação. A autora foi figura central do cenário literário brasileiro no início do século XX.
Defensora da educação feminina, do divórcio e da abolição da escravidão, escreveu para os principais jornais do país. Além disso, foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, instituição que, à época, não admitia mulheres entre seus membros. Décadas depois, foi reconhecida pela Academia Carioca de Letras como patrona da cadeira 26, sendo a única mulher entre os 40 patronos.
As obras da autora, com suas personagens femininas complexas e pelo olhar atento às injustiças e contradições sociais, permanecem atuais. Julia Lopes de Almeida escreve com linguagem direta, crítica refinada e sensibilidade moderna.
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“A Intrusa” e “A Isca”: Confira os enredos das obras
Em A Intrusa, Julia retrata Argemiro, um viúvo que, após jurar fidelidade à esposa em seu leito de morte, decide nunca mais se casar. No entanto, ao contratar a jovem governanta Alice para cuidar de sua casa e de sua filha, o convívio desperta desconfianças na sociedade conservadora do início do século XX.
Dessa forma, a autora expõe o peso das aparências e o julgamento moral ao qual as mulheres são submetidas. A autora discute com olhar crítico o papel feminino, o luto, a fidelidade e a moralidade burguesa. Ela não apenas desmonta o ideal de virtude da época, mas também revela a complexidade emocional de seus personagens.
Já “A Isca” (1922) reúne quatro novelas: “A Isca”, “O Homem que Olha para Dentro”, “O Laço Azul” e “O Dedo do Velho”. Cada uma, à sua maneira, explora os aspectos da condição humana. Na história que dá título ao livro, a fragilidade e a doçura da protagonista se tornam instrumento de manipulação. Assim, mostra a ironia, a hipocrisia das convenções sociais.
“O Homem que Olha para Dentro” mergulha nas angústias e vaidades masculinas, enquanto. Já “O Laço Azul” apresenta um jogo de enganos e duplicidades envolvendo duas irmãs gêmeas.
Encerrando o volume, O Dedo do Velho adiciona uma dimensão sobrenatural à coletânea. Desse modo, narra-se a trajetória de um homem assombrado por uma mão misteriosa que o guia numa busca perturbadora. Com ironia, sutileza e ousadia, Julia demonstra domínio narrativo e uma notável diversidade temática.
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