Todo mundo:

“Mais uma lista de jogos para se jogar na pandemia? Que saco, já tem um tanto!!”

Essa frase talvez tenha passado pela sua cabeça ao ler a chamada prepotente dessa matéria.

Estamos a quase um ano vivendo uma crise de saúde que nos exige algo como sociedade que nem sempre está de acordo com as necessidades individuais do cidadão.

ISOLAMENTO SOCIAL!!

Pronto, falei a palavra proibida.

Durante meses vi que jogos nos aproximaram, nos relaxaram, nos tiraram da realidade e isso é bom. Manter estabilidade mental e emocional é vital para o triunfo do ser humano e por isso quero agradecer a todas essas listas.

Depois de um tempo, vamos admitir; ficou cansativo e agora parece que esse inferno nunca vai acabar. Pessoas desistiram do isolamento por pressão social e frustração.

Não vou recomendar jogos para divertir ou distrair da covid. Vamos refletir sobre a pandemia e o que pode ser feito para salvar vidas no futuro. Todos temos uma corresponsabilidade sobre o que acontece em nossa sociedade e está na hora de conversar sobre isso.

Provavelmente sua cidade está em um novo lockdown ou você está observando os casos dispararem. Talvez você esteja culpando quem desrespeitou o isolamento, pessoas de direita,  pessoas de esquerda, presidente, governadores, China, carnaval ou até a si mesmo.

Por isso, selecionei quatro jogos com o intuito de te fazer refletir, questionar e relacionar dentro de uma tela tudo que está acontecendo do lado de fora de nossas casas.

Two Point Hospital

Fonte: Two Point Studios

Quem é da velha guarda deve se lembrar do simulador Theme Hospital, pois Two Point Hospital é um sucessor espiritual do clássico. Bem, no jogo somos o diretor de um hospital e devemos administrá-lo para obter êxito.

Embora nele o sucesso seja categorizado por lucro e fama do hospital, ainda assim temos que lidar com dilemas diários da vida do estabelecimento, como relações humanas e logística. Mesmo com uma abordagem cômica, o jogo ainda nos faz refletir nas dificuldades existentes.

Dinheiro e pessoal são escassos em Two Point Hospital, os profissionais têm a qualidade de trabalho debilitada por stress e sobrecarga de serviço, executa-se manutenção do equipamento e limpeza do local.

A frase “apenas construa mais leitos” ganha um peso diferente. É preciso pessoas para supervisionar esses leitos, essas que já estão exaustas. Precisa-se de dinheiro para construir e ainda mais dinheiro para manter leitos.

É essencial o tempo, pois, se por ventura construírem 1000 novos leitos e 50.000 pessoas contraírem COVID, nada seria resolvido. Afinal continuaremos com necessidade de atendimento e nem se o dinheiro fosse infinito teríamos tempo e logística para atender as pessoas em demanda.

Fonte: Two Point Studios

Uma parte interessante do jogo seria quando aparece uma epidemia de alguma doença, e alguns pacientes (costumam ser entre 15-25) precisam de tratamento.

Raras as vezes que temos tempo de salvar a todos. Embora possamos usar a opção para estender o tempo de trabalho dos profissionais mais que o recomendado, eles não conseguem atender a tempo. Macas ficam lotadas, os aparelhos estragam por demasiado uso. Pacientes vomitam e sujam o local. É o real significado do caos no mundo digital.

Homo Sapiens! São só 22 pessoas, e o caos e o pânico já se instalaram.

No jogo esse número é controlado por um algoritmo.

Será que na vida não tem nada que possamos fazer para controlar esse número?

Vampyr

Fonte: Dontnod Entertainment

Quem não gosta de vampiros?! Se você mentalmente falou que não gosta, espero que a sua entidade de crença superiora tenha dó de sua alma.

O jogo acontece no ano de 1918 e se isso não te diz algo, bem (facepalm).

Além de estar acontecendo a primeira guerra mundial, também estava acontecendo a famosa gripe espanhola, a última pandemia de grande escala a afetar o mundo tanto quanto a Covid afetou.

Literalmente, o plot acontece em um hospital que está atendendo enfermos dessa doença. Somos um médico e temos que viver com a dualidade do juramento de salvar vidas e a vontade de sugar sangue como se não houvesse amanhã.

Fonte: Dontnod Entertainment

Durante o jogo temos que tomar várias decisões de cunho ético e moral, que impactam a história e o gameplay. Uma vez que temos que decidir se salvamos vidas ou bebemos sangue e ficamos mais fortes. Sim, nosso poder vem do sangue das vítimas que muitas vezes também são nossos pacientes.

Vendo Londres desolada e melancólica com cheiro de morte em todos os lugares, temos completa noção do que uma pandemia é capaz e assim como agora, a gripe espanhola foi por muito tempo negada; só que naquela época em prol da guerra.

Porque estamos negando agora? Estamos em alguma guerra ? Ou estamos apenas em guerra com nós mesmos?

Frostpunk

Fonte: 11 bit studios S.A.

Frost punk é um city builder, só que tem um twist, o mundo e recursos estão acabando em decorrência de um frio intenso que assolou o planeta e precisamos agir juntos para impedir nosso extermínio.

Esse jogo é um exemplo de pensamento comunitário, de cidadania, consciência social e empatia. O que você faz, ou deixa de fazer ou convence o outro a acreditar, pode matar muitos ou todos. As pessoas tem que se unir em prol de um bem…

e esse bem é a vida.

Fonte: 11 bit studios S.A.

Todos fazem sua parte, todos trabalham. Sim, existem reclamações e existem vontades e existem direitos e revoltas e protestos, mas se você não focar, todos eles podem morrer.

Liderar não é fazer o que os outros gostam, liderar é fazer todo seu possível para proteger a vida de todos aqueles que dependem de você.

Às vezes no jogo escutamos ideias diversas, outras pessoas querem privilégios, existem ainda momentos em que temos que abrir mão do que acreditamos apenas para não colocar em risco a vida dos nossos cidadãos.

No final do dia, tem que tomar os atos que garantirão a vida.

O líder de onde você está faz tudo pelo bem da população da mesma forma que você faz quando joga?


Prototype

Fonte: Radical Entertainment

Dessa vez, nós somos o vírus, e queremos sim alastrar, multiplicar, disseminar em toda a população, embora seja difícil de ver isso,pois, eles humanizam o protagonista de uma forma que conseguimos nos identificar e ter empatia por ele.

Fonte: Radical Entertainment

Mas perceba os padrões: Como o vírus se espalha, o quão rápido e como não tem sentimento, não tem emoção nisso. Para o vírus é um processo biológico que garante a sobrevivência dele. Ele está fazendo o certo para ele.

Entender o comportamento do vírus é fácil, é lógico, é compreensível, afinal, que tipo de criatura tem ações que não resultam no próprio bem estar? Situações que as põe em perigo?

Acho que eu te fiz várias perguntas hoje homo sapiens, e já recomendei vários jogos incríveis. Só tenho mais uma reflexão…

Você protege as pessoas do mundo real com a mesma eloquência e aptidão que você protege as pessoas em seu jogo?

É difícil ver o que tem atrás do controle. Obrigado pela leitura e caso queira me acompanhar e ver sobre o que escrevo veja esse link aqui.