Obra de Aline Cântia e Chicó do Céu sistematiza metodologia inovadora para a produção cultural enquanto discute o papel da cultura como ferramenta social

“Produção Cultural pelo Afeto” convida o leitor a deixar para trás a da dicotomia entre profissionalismo e humanização no fazer cultural. Escrito por Aline Cântia e Chicó do Céu, a obra coloca o afeto como eixo estratégico da criação, gestão e sustentabilidade de projetos de cultura.

O livro é resultado de experiências práticas feitas ao longo de 10 anos pelo Instituto Cultural AbraPalavra, projeto que foi finalista do Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura.  A edição foi trabalhada por Fernando Chagas e conta com ilustrações e projeto gráfico feito pelo artista carioca André Curvello.

Sobre a obra

“Produção Cultural pelo Afeto” AbaPalavra
Créditos: Divulgação

Os autores oferecem um mapa detalhado para quem deseja construir projetos culturais sustentáveis a partir de três pilares fundamentais: relações humanas como base estratégica, escuta ativa dos territórios e metodologias colaborativas de gestão. 

A estrutura do livro alterna entre memória afetiva, manual prático e ensaio crítico. São quatro estações narrativas: “Primeiros caminhos”, “Pé na estrada”, “Rotas escolhidas” e “Na linha do horizonte”. Segundo os autores, a obra funciona simultaneamente como registro histórico, ferramenta formativa e manifesto político.

“Produção Cultural pelo Afeto” apresenta os bastidores da produção cultural e articula os aspectos pragmáticos do produzir com reflexões sobre o papel social da cultura. “Nosso trabalho sempre partiu da premissa de que o afeto não é um detalhe romântico, mas a coluna vertebral de qualquer produção cultural verdadeiramente transformadora”, explica Aline Cântia.

O autor Chicó do Céu completa: “Produzir culturalmente pelo afeto significa entender que cada projeto é uma rede viva de relações, que exige tanto planejamento financeiro quanto disponibilidade para o inesperado, tanto profissionalismo técnico quanto abertura para a magia dos encontros”.

Gestão cultural afetiva

“Produção Cultural pelo Afeto” apresenta também o conceito da “gestão cultural afetiva”, sistematizado a partir da experiência do Instituto AbraPalavra em comunidades periféricas, quilombolas e indígenas. Os autores demonstram como conciliar a produção artística com a inserção e valorização comunitária. 

Nesses capítulos, relatam casos reais de criação, como por exemplo da Escola Livre de Estudos da Narração Artística (ELENA), idealizado pela AbraPalavra. O projeto educativo gratuito é a primeira escola nacional dedicada ao estudo, prática e pequisa da narração artística como linguagem. O programa oferece oficinas, cursos e encontros dos alunos com narradores, artistas e pesquisadores.

Sobre os autores

Aline Cântia é jornalista com formação no UNI-BH, mestre em Literatura e doutora em Educação. Ela é fundadora do Instituto Cultural AbraPalavra e autora da obra “Narração Artística: modos de fazer”. Cântia já foi premiada pelo Pontos de Memória e Prêmio Darcy Ribeiro por seu trabalho na interface entre arte, educação e território.

Chicó do Céu é o nome artístico de Luiz Carlos Lopes Dinuci. Ele é músico, compositor e produtor cultural, contando com duas décadas trabalhadas com produção cultural independente. Ele atua principalmente em processos colaborativos e gestão comunitária. Já realizou turnês nacionais e internacionais de projetos que unem música, literatura e oralidade.

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