O escritor Maurício Mendes apresenta seu livro de estreia “O homem não foi feito para ser feliz”, pela editora Mondru na Flip 2025. O lançamento da obra acontece no estande da editora, na Festa Literária Internacional de Paraty no dia 02 de agosto, às 17h. O autor ainda deverá participar de eventos em Fortaleza, sua cidade natal, ainda em agosto. 

“O homem não foi feito para ser feliz” confronta os impasses de um médico pardo, que o autor descreve como um personagem falho e misógino. No entanto, ele enfrenta o racismo, a hipocrisia e outros desafios. Além disso, o livro aborda temas como a mercantilização da saúde e o mito da felicidade.

Em primeira pessoa, com estrutura fragmentada e não linear, a narrativa acontece entre o passado e o presente do personagem. De acordo com o próprio autor, seu estilo é “contemporâneo, irônico, reflexivo, ácido e, paradoxalmente, sensível”. Desse modo, ao construir um personagem que foge de idealizações, a história e o personagem se aproximam do público com uma história verossímil.

Sobre o autor

Maurício Mendes nasceu em Fortaleza, mas viveu parte da infância nos estados do Ceará e Maranhão. Formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e depois de um período em Belo Horizonte, onde cursou residência médica, voltou a viver em Fortaleza, onde está até hoje. 

Especialista em Medicina Nuclear pelo Hospital Felício Rocho (1999), com aperfeiçoamento pela Universidade de Zurique (2011). O autor sempre teve um olhar crítico sobre o meio médico e o comportamento masculino. Dessa forma, ele pretende discutir ainda mais amplamente esses temas: 

“A inadequação e a solidão do negro escolarizado que ascende socialmente. A perplexidade do ‘macho contemporâneo’ na sua jornada de desconstrução frente ao novo mundo de protagonismo feminino. A desumanização cada vez maior dos serviços de saúde. O progressivo deslocamento da classe médica para a direita do espectro político”.

Maurício Mendes

Confira um trecho do livro:

“Para quem não é branco, não há alternativa, quem se importa com o avesso da pele? Com o que está além da superfície? O importante é a casca, o mundo das aparências, o acúmulo de patrimônio até o ponto da ecdise, adornando o corpo com notas de dinheiro para se camuflar dos cães farejadores, vigilantes da mobilidade social. É assim, como um espantalho, que um negro pode se libertar. E talvez eu tenha escapado dessa maneira, despercebido entre meus amigos brancos. Fugindo da angústia que me perseguia desde a morte de Josiane, que me espreitava, e, depois de um tempo, deixei de notá-la, como um sotaque peculiar que pouco a pouco nos acostumamos a ouvir e, de repente, nem mais percebemos. Comecei a questionar se essas pessoas, pessoas brancas, tinham perdido o sotaque, ou se eu que havia adotado o delas. Eu não reconhecia mais minha própria voz.”