O autor gaúcho construiu um repertório que uniu sarcasmo, lirismo e crítica social em mais de 70 livros
A literatura brasileira perdeu no último sábado (30) uma de suas figuras mais marcantes. Luis Fernando Verissimo morreu aos 88 anos, devido a complicações decorrentes da pneumonia. Ele também travava uma batalha com a doença de Parkinson e sequelas de um AVC sofrido em 2021. O cronista e musicista estava internado no Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre (RS).
O escritor conquistou milhões de admiradores com textos repletos de ironia, crítica e humor – marcas registradas de seu processo criativo. Ele falava baixo, mas tratava de assuntos profundo. E ainda, foi um sujeito que ensinou gerações a rir de si mesmas enquanto aprendiam a pensar por conta própria.
Trajetória profissional do escritor
Nascido em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936, era filho de Érico Verissimo, um dos maiores romancistas brasileiros do século XX. Junto a sua família, o escritor se mudou para os Estados Unidos, quando o pai começou a dar aulas na Universidade da Califórnia. Naquele novo país, Luis Fernando encontrou uma paixão sincera no jazz e aprendeu a tocar saxofone. Mais a frente, o cronista virou integrante da banda Jazz 6.
Apesar de ter crescido cercado de livros, ele demorou a aceitar sua vocação para a escrita. Em entrevista para a revista Época, o autor revelou que começou a escrever com mais de 30 anos. Até ali, ele só tinha atuado em traduções em inglês, sem a menor intenção de se tornar jornalista ou escritor.

Uma vez iniciado no ramo, como interino em uma coluna de notas no jornal Zero Hora, em 1969, ele se descobriu familiarizado com o ofício. A partir daí, colaborou como colunista em veículos como O Estado de S.Paulo, O Globo e Veja. No entanto, seu nome entrou para a história brasileira a partir de suas obras literárias, que tratavam de assuntos profundos com muita ironia e sarcasmo.
Um legado literário
A produção literária de Verissimo abrangeu gêneros diversos, desde crônicas humorísticas até contos e romances. A proposta era retratar com graça, maestria e esperteza o cotidiano brasileiro. Ao longo de sua carreira, o escritor construiu um repertório com mais de 70 livros publicados e 5,6 milhões de cópias vendidas.
Entre as principais obras do escritor, estão “A Grande Mulher Nua” (1975), “Amor Brasileiro” (1977), “Ed Mort e Outras Histórias” (1979), “O Analista de Bagé” (1981) e “O Santinho” (1991). Além disso, merece destaque a obra “Comédias da Vida Privada” (1994), livro de crônicas que foi adaptado para uma série de televisão pela Rede Globo, entre 1996 e 1997.
Mas, antes da publicação de seus livros, o autor lançou uma primeira coletânea de crônicas, “O popular”, em 1973, pela José Olympio Editora. Na obra, Verissimo reuniu uma seleção de textos já publicados na imprensa que revelam um estilo direto, tão engraçado quanto reflexivo.
Em sua obra de 1977, “Amor Brasileiro”, o escritor e cronista traz uma prosa curta e bem-humorada para tratar das relações humanas sob a voz de alguém que comenta uma partida de futebol.
Seu quinto livro, “Ed Mort e Outras Histórias”, apresentou ao público o detetive desastrado que se tornaria seu personagem mais popular – Ed Mort, uma paródia dos heróis do cinema noir. Além disso, o detetive ganhou vida própria, chegando às histórias em quadrinhos e ao cinema.
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Sua partida causa um silêncio do humor esperto que percebia o Brasil com desvelo e tom sarcástico único. Ele foi um escritor que soube rir do país sem nunca desprezar quem o lia. Seus comentários carregavam verdade e críticas honestas, sem nunca abandonar a ridicularização do que via de errado no país.
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