“Mauricio de Sousa – O Filme” estreia em 23 de outubro e revela a infância e a criação dos primeiros personagens do autor

Poucos nomes estão tão enraizados na cultura brasileira quanto o de Mauricio de Sousa. Criador da Turma da Mônica e de mais de 400 personagens, o desenhista, que completa 90 anos em 2025, terá sua trajetória contada nas telonas com o lançamento de “Mauricio de Sousa – O Filme”, em 23 de outubro.

A cinebiografia promete emocionar o público ao mostrar desde a infância do artista em Mogi das Cruzes até o nascimento do estúdio que se transformou em um dos maiores polos de entretenimento da América Latina, a MSP.

Dirigido por Pedro Vasconcelos, o longa busca mais do que retratar um ícone: pretende revelar como a vida de um menino curioso e sonhador se transformou em inspiração para gerações.

“Um sonho sonhado e um sonho realizado. Quando falei com o Maurício pela primeira vez sobre o filme, a motivação era que o Brasil precisa conhecer a sua história”, declarou o diretor durante coletiva de imprensa sobre o filme.

Mauro Sousa em Maurício de Sousa - O Filme
Crédito: Divulgação

A origem dos personagens que marcaram gerações

O filme apresenta a criação dos primeiros personagens que até hoje fazem parte do imaginário de milhões de leitores. Bidu, por exemplo, nasceu em 1959 inspirado no cachorro de infância de Mauricio, Cuíca. O tom azul característico surgiu por acaso: um erro de impressão que acabou agradando o autor e virou marca registrada.

Cebolinha veio de um amigo da infância, apelidado pelo pai do quadrinista por causa dos cabelos espetados “como cebola” e pelo jeito de trocar o “r” pelo “l”. Já Cascão foi inspirado em um menino conhecido de Mauricio, famoso por não gostar de banho, característica que rendeu humor e cumplicidade às histórias.

Outro personagem marcante é Horácio, dinossauro criado em 1961 que o próprio Mauricio considera seu alter ego. Sensível, reflexivo e vegetariano, protagoniza histórias com mensagens éticas e filosóficas. Astronauta, inspirado na imaginação do autor em plena era da corrida espacial, estreou em 1963, refletindo sobre a solidão e os mistérios do universo.

Mas foi em casa que surgiram os ícones mais conhecidos. Mônica nasceu inspirada na filha homônima, representando força e carisma em um universo até então dominado por meninos.

A popularidade foi tanta que, em 1970, ganhou a revista Mônica nº 1, dando início à Turma da Mônica. Magali, criada a partir da filha sempre faminta, completou o grupo com seu jeito doce e sua paixão por melancia.

Cena de Maurício de Sousa - O Filme.
Cena de Maurício de Sousa – O Filme | Crédito: Iury Senck/Divulgação

Uma homenagem em vida

O filme conta com Mauro Sousa, filho de Mauricio, interpretando o pai na fase adulta. Ele descreve o momento em que o quadrinista assistiu a um dos primeiros cortes da obra como inesquecível:

“Ali foi um momento tão especial, com lágrimas e sorrisos do começo ao fim. Lembro do meu pai apontar e me olhar, falar que havia acontecido daquela forma. Tinha muito orgulho”.

Para Mauro, estar ao lado do pai durante o processo, especialmente no mês em que ele completa 90 anos, foi um privilégio.

“Ele participou do roteiro e da montagem, e o filme está no tom que ele queria: leve, para toda a família, contando como os personagens aparecem e a relação com os filhos”.

O olhar do elenco

Diego Laumar, que interpreta Mauricio na infância, destacou a emoção de vivenciar a construção dos personagens.

“Eu fiquei muito animado em interpretar o Maurício. Com as cenas que fiz, pude imaginar e descobrir como ele criou cada personagem e o que o levou a ser esse homem maravilhoso que é hoje”.

Segundo o diretor Pedro Vasconcelos, o conceito visual do filme foi pensado para se aproximar da linguagem dos quadrinhos.

“As cenas acontecem dentro desses quadrinhos, com um tom parecido com o das histórias da Turma da Mônica. Queria um filme divertido, leve e gostoso como a obra dele.”

Alguns pontos se mostraram indispensáveis na narrativa, como a relação de Mauricio com Vó Dita (Elizabeth Savalla), figura fundamental em sua infância. “Sempre que falava dela, era com muito amor e carinho. Isso não podia ficar de fora”, contou Mauro.

Também estão no filme o encontro de Mauricio com Marilene (Thati Lopes), sua primeira esposa, e a trajetória até o lançamento das primeiras tirinhas.

Para o diretor, mostrar a infância foi essencial. “Queria saber quais elementos fizeram ele ser quem é hoje. Como era a infância do cara que marcou a infância de todo mundo.”

Diego Laumar em Maurício de Sousa - O Filme
Diego Laumar em Maurício de Sousa – O Filme | Crédito: Vantoen Pereira Jr./Diuvlgação

Um legado que inspira

Mais do que uma biografia, “Mauricio de Sousa – O Filme” busca mostrar como sonhos podem transformar vidas. “Quando a pessoa corre atrás de seus sonhos, ela impacta não só a sua vida, mas a vida de pessoas que ela nem conhece”, afirmou Pedro.

Além disso, Mauro complementa: “O filme pode ser uma grande inspiração. O Maurício acreditou no talento dele e se fez artista. Ele é o que é por acreditar sempre, e isso contamina todos ao redor”.

Com distribuição da Disney e participação direta da MSP Estúdios, o longa promete atrair tanto o público que cresceu lendo os gibis quanto as novas gerações que seguem acompanhando a Turma da Mônica em diversas plataformas.

Ao revisitar a infância e o processo criativo de Mauricio de Sousa, o filme reafirma a importância de preservar e valorizar uma das maiores contribuições da cultura brasileira ao mundo. E, acima de tudo, reforça a mensagem que permeia sua obra: a de que a imaginação, quando cultivada com coragem e afeto, pode se tornar eterna.

Imagem de capa: Vantoen Pereira Jr./Divulgação