O Oscar vem aí e, com ele, o reconhecimento do trabalho de diversos cineastas pelo mundo. No entanto, a presença de mulheres no cinema não é tão bem reconhecida assim. Isso porque, na última década, dentre 66 indicações da categoria de Melhor Diretor, apenas cinco mulheres foram selecionadas para concorrer ao prêmio. De fato, essa realidade reflete bem as oportunidades da mulher no mundo cinematográfico, uma vez que a presença de homens é quase unânime nesses cenários.
Claro, desta seleção a predominância de homens é o que mais se faz notável. No entanto, esse não é o único problema. Isso porque parece ser um pré-requisito, não obrigatório mas desejável, que a indicação seja de um homem branco. Dentre os 66 da lista, apenas quatro homens são negros e seis pessoas são asiáticas, incluindo homens e uma mulher.
Pensando nisso, neste Dia Internacional da Mulher, trouxemos uma lista das mulheres reconhecidas pela Academia do Oscar nos últimos 11 anos. Infelizmente, pelo recorte temporal, a seleção mais pareceu fazer parte dos últimos 5 anos. E fica aqui o comentário: essa lista deveria ser bem maior.
Greta Gerwing – Lady Bird (2018)
Desde 2013, a primeira mulher indicada na categoria de Melhor Diretor foi Greta Gerwig, por Lady Bird. Em 2017, ela ganhou o Prémios National Board of Review naquela categoria, apesar de não ter recebido o reconhecimento pela Academia em 2018. Ainda, na edição de 2018 do Oscar, Lady Bird foi indicado a Melhor Filme – categoria vencida por The Shape of Water, de Guillermo del Toro.
No entanto, a edição de 2024 não teve uma postura muito favorável à direção de Greta. Isso porque ela foi responsável pela direção de Barbie, filme com Margot Robbie e Ryan Gosling aclamado pela critica – mas menosprezado pelas bancadas. Apesar de ter sido indicado como Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, não se faz presente nas categorias de Melhor Diretor ou Melhor Atriz. À época do anúncio das indicações, Gosling se envolveu em uma polêmica após criticar o Oscar por tê-lo indicado na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, enquanto Gerwig e Robbie não entraram na corrida.
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Chloé Zhao Ting – Nomadland (2021)
Em 2021, Zhao Ting ganhou o título de segunda mulher na história a vencer a categoria do Oscar dedicada aos diretores, com o filme Nomadland. Naquele ano, ela concorria com Lee Isaac Chung (Minari), David Fincher (Mank), Thomas Vinterberg (Druk) e a diretora Emerald Fennell (Promising Young Woman). Antes dela, a primeira e única vencedora do Oscar de Melhor Direção foi Kathryn Bigelow pelo filme Guerra ao Terror, na edição de 2010.
Zhao é uma cineasta chinesa nascida em Pequim. Seu primeiro filme foi o Songs My Brothers Taught Me, que estreou no Festival Sundance de Cinema em 2015. Já o segundo filme, The Rider (2017), foi muito bem recebido pela crítica e recebeu indicações no Independent Spirit Award nas categorias de Melhor Filme e Melhor Diretor. Seu maior sucesso, de fato, foi o Nomadland que, além do Oscar, recebeu prêmios no Sindicato dos Diretores da América, no Globo de Ouro e no British Academy Film Awards.
Emerald Fennell – Promising Young Woman (2021)
No ano em que Zhao Ting foi vencedora, Emerald Fennell recebeu a indicação de Melhor Direção por Promising Young Woman. No Brasil, o filme se tornou o Bela Vingança com a tradução. Fennell é, além de diretora, uma atriz de sucesso. Assim, ela fez participações em The Crown como Camilla Parker Bowles, Elsa em A Garota Dinamarquesa, Vanessa Bell em Vita & Virginia, Princesa Merkalova em Anna Karerina, dentre outros.
Além disso, foi produtora executiva da segunda temporada de Killing Eve, o que lhe rendeu duas indicações ao Primetime Emmy Award. Em 2021, além de receber a indicação na categoria de Melhor Direção (e ganhar), também foi indicada por Melhor Filme e Melhor Roteiro Original.
Jane Campion – Power Of The Dog (2022)
Mais uma vitória feminina! Em 2022, Jane Campion ganhou o Oscar de Melhor Direção pelo suspense Power Of The Dog – em português, Ataque dos Cães. O filme, estrelado por Bennedict Cumberbatch, Jesse Plemons e Kirsten Dunst, também foi indicado a todas as categorias principais da premiação, mas só ganhou o prêmio carregado por Campion.
Além de ter o título de terceira mulher a receber essa estatueta no Oscar, Jane também é a primeira cineasta feminina a receber uma Palma de Ouro na história no Festival de Cinema de Cannes, de 1993. Dessa maneira, o prêmio lhe foi concedido em reconhecimento à sua direção no longa O Piano, que também ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original na premiação daquele ano.
Justine Triet – Anatomia de uma Queda (2024)
No Oscar deste ano, Justine Triet é a única mulher concorrendo na categoria de Melhor Direção, com o filme Anatomia de Uma Queda. O filme, então, também concorre na categoria de Melhor Filme, Melhor Roteiro, o qual ela co-escreveu com Arthur Harari, Melhor Atriz com Sandra Hüller, além de Melhor Montagem.
Assim, Triet possui uma extensa lista de filmes, como A Batalha de Solferino (2013), Na Cama com Victoria (2016), Sibyl (2019) . Em 2023, ela venceu a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes pelo thriller de tribunal que concorre no Oscar 2024.
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Bônus: Kathryn Bigelow, a diretora pioneira na vitória das mulheres no cinema
Kathryn Bigelow fez história, sendo a primeira na lista de mulheres no cinema reconhecidas pelo Oscar. Em 2010, a cineasta se tornou a primeira mulher a receber o Oscar de Melhor Direção. Na 82ª edição da premiação, era a primeira vez que a Academia reconhecia uma diretora com esse título, mesmo que a primeira indicação feminina tenha sido mais de 30 anos antes em 1977, com a Lina Wertmüller.
Assim, Bigelow é conhecida por sua habilidade em dirigir filmes de ação e suspense, muitas vezes explorando temas intensos e contemporâneos. Além de Guerra ao Terror, que aborda o estado de guerra no Iraque, a cineasta é responsável por sucessos como A Hora Mais Escura (2012), Detroid em Rebelião (2017) e Caçadores de Emoção (1991).