“Frans Krajcberg: Natureza como Cultura”, de João Meirelles, é a biografia do escultor, pintor, fotógrafo e ativista ambiental Frans Krajcberg. Escrito a pedido do próprio Krajcberg, o livro é o resultado de uma amizade de longa data entre Meirelles e o artista, com o pedido ocorrido há 40 anos. Agora, a biografia está finalmente publicada.
A obra conta com fotos exclusivas e depoimentos inéditos. Meirelles oferece assim uma visão única sobre a vida e a carreira de um dos maiores artistas plásticos do século 20. Nascido em uma família judaica na Polônia, Frans foi naturalizado brasileiro e, ao longo de sua vida, então se destacou como pintor, fotógrafo e escultor. Além disso, Frans conquistou centenas de prêmios e participou de mais de 200 exposições coletivas, além de 92 individuais. Dessa forma, Krajcberg esteve sempre presente no circuito artístico, tanto nacional quanto internacional, incluindo a Bienal de São Paulo.
A vida de Frans Krajcberg
O artista tinha apenas 18 anos quando as tropas nazistas invadiram a Polônia. Escravizado em um campo de trabalhos forçados, conseguiu então escapar e assim lutou ao lado do Exército Popular da Polônia, ligado à União Soviética, para derrotar os nazistas.
Segundo Meirelles, a história entre ele e Krajcberg pode ser dividida em três momentos. O primeiro período, de 1984 a 1988, foi marcado por uma intensa convivência, que teve grande influência na formação da carreira de Meirelles como ativista ambiental. Após um longo hiato de quase duas décadas, o terceiro momento começou em 2011, quando Krajcberg celebrou 90 anos, e continuou até sua morte, em 2017. “A biografia foi escrita principalmente nesse último período e seguiu até o presente momento”, explica Meirelles.
No fim de sua vida, Krajcberg fez importantes doações ao governo do estado da Bahia. As doações incluem objetos e obras de arte do seu acervo pessoal, e até mesmo seu sítio em Nova Viçosa.
Krajcberg e a natureza
Na introdução, Meirelles então relembra a primeira viagem com Frans, de Nova Viçosa a Juruena, percorrendo 3 mil quilômetros. Durante o trajeto, a Floresta Amazônica começava a ser destruída pelas queimadas para abrir espaço para a criação de gado.
O biógrafo descreve uma experiência marcante: ele acompanhou Krajcberg em meio à floresta em chamas. “Naquela manhã quente, ele decidiu enfrentar o ‘monstro’ da grande queimada. Parou a caminhonete, saiu correndo em direção ao fogo e viu as chamas consumirem os troncos, que gemiam e chiavam, exaustos… Revoltado, Frans fez um discurso para as castanheiras, que assistiam, desoladas. Gritava até perder a voz.”
Por fim, com uma narrativa rica e imagens inéditas, a biografia de Frans Krajcberg então oferece uma imersão na vida e na obra de um artista que, por meio de sua arte, dedicou-se à preservação do meio ambiente e à crítica social.
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