20 anos do lançamento de O Exorcismo de Emily Rose, primeiro filme a levar possessão ao tribunal

No ano de 2005, o cinema de horror ganhou um título inesperado, capaz de unir drama jurídico e possessão demoníaca em uma trama surpreendente. “O Exorcismo de Emily Rose” não apenas explorava os horrores da possessão demoníaca, mas também os levava ao tribunal. Dessa forma, misturando elementos de drama jurídico e crença religiosa. Duas décadas depois, o longa continua a ser uma das produções mais marcantes do gênero. O longa é considerado como responsável por lançar debates que ainda ecoam entre fãs de cinema e religiosos.

Com direção de Scott Derrickson, que dividiu o roteiro com Paul Harris Boardman, “O Exorcismo de Emilly Rose” conta com Jennifer Carpenter, Tom Wilkinson e Laura Linney no elenco principal. A produção, com distribuição da Sony Pictures, arrecadou mais de US$ 144 milhões mundialmente.

O sucesso da produção se deve ao ineditismo, do estilo da narrativa, antes de Invocação do Mal, e seu terceiro filme, que carrega o tema o Diabo me fez fazer, há 20 anos, O Exorcismo de Emily Rose foi o pioneiro ao mostrar uma história que chegou aos tribunais, envolvendo possessão demoníaca.

O Exorcismo de Emily Rose - Jennifer Carpenter
O Exorcismo de Emily Rose – Jennifer Carpenter Crédito: OutNow

Relembre a trama

Após a misteriosa morte da jovem Emily Rose (Jennifer Carpenter), o padre Richard Moore (Tom Wilkinson), responsável por realizar o exorcismo, é acusado de homicídio negligente. O caso vai parar nos tribunais, onde a advogada Erin Bruner (Laura Linney) precisa defender o religioso.

No entanto, ela se depara de um processo que coloca fé e ciência em confronto. Enquanto a promotoria insiste em explicar os sintomas de Emily como resultado de distúrbios neurológicos e psiquiátricos, a defesa tenta provar que forças sobrenaturais estavam em ação.

Entre depoimentos assustadores, lembranças da jovem possuída e embates jurídicos intensos, o filme mistura drama de tribunal e terror sobrenatural. Tudo isso em uma narrativa inspirada em fatos reais.

História por trás da trama

Anneliese Michel, uma jovem alemã que ficou conhecida por seu caso, que se tornou mundialmente conhecido, por ser um dos mais controversos envolvendo alegações de possessão demoníaca da história.

A jovem cresceu em uma família católica extremamente devota. Na adolescência, começou a apresentar sintomas de convulsões, diagnosticadas como epilepsia do lobo temporal. Porém, com o tempo, também desenvolveu quadros de depressão e comportamentos considerados estranhos por seus familiares.

Apesar dos tratamentos médicos, Anneliese dizia ouvir vozes, ver figuras demoníacas e sentir-se atormentada por presenças malignas. Ela acreditava estar possuída por demônios, e sua família compartilhou dessa interpretação, pedindo ajuda à Igreja.

Então, entre setembro de 1975 e julho de 1976, dois padres católicos — Ernst Alt e Arnold Renz — realizaram 67 sessões de exorcismo, autorizadas pela Igreja Católica local. Durante os rituais, Anneliese apresentava comportamentos violentos, gritava frases incompreensíveis, se recusando a comer e fazia automutilações.

No entanto, Anneliese morreu aos 23 anos, pesando apenas 30 quilos, em consequência de desnutrição e desidratação. Seus pais e os padres foram julgados em 1978 por homicídio culposo por negligência, sendo condenados, mas com penas leves, em prisão condicional.

Annelise Mitchel caso real de O Exorcismo de Emily Rose
Annelise Mitchel caso real de O Exorcismo de Emily Rose Crédito: Modus Operand

Legado e curiosidades

Ainda hoje, “O Exorcismo de Emily Rose” é lembrado pelos fãs de terror, por marcar uma geração, anos depois de “O Exorcista”. Derrickson marcou o cinema com uma nova fórmula. Sendo assim, o longa consolidou o subgênero de possessão nos anos 2000, abrindo espaço para sucessos posteriores como A Entidade (2012) e a franquia Invocação do Mal.

A escolha de mesclar terror sobrenatural e drama jurídico inspirou outras produções que exploraram baseados em fatos, com tom documental ou processual.

A interpretação de Jennifer Carpenter foi amplamente elogiada, chegando a ser chamada de uma das “rainhas do grito” de sua geração. Além disso, a atriz realizou quase todas as contorções sem efeitos visuais, e isso também gerou elogio.

Ademais, o longa que marcou uma geração apresentando o caso para o público, inspirou obras a utilizarem o tema, como Supernatural e The Exorcism Files. Ambas as séries já fizeram alusões a possessões inspiradas em casos reais, mantendo o debate vivo na cultura pop.

Laura Linney e Tom Wilkinson em  O Exorcismo de Emily Rose
Laura Linney e Tom Wilkinson em O Exorcismo de Emily Rose Crédito : Out NoW

Enfim, o caso real de Anneliese Michel ganhou documentários e podcasts de true crime, sempre trazendo menções ao filme como porta de entrada para o grande público. Bem como, as cenas icônicas de Jennifer Carpenter em contorções foram amplamente replicadas em gifs, vídeos e memes. Principalmente em fóruns e redes sociais voltados para cultura de terror, demonstrando seu sucesso com o público.

Por fim, mesmo após 20 anos, “O Exorcismo de Emily Rose” é lembrando por seu impacto no gênero no terror e pelas atuações, de Carpenter, Wilkinson e Linney.

Imagem de Capa: Divulgação