O Filho de Mil Homens“, obra de Valter Hugo Mãe, será adaptado para a Netflix. Com prefácio de Alberto Manguel, o romance aborda o desejo de pertencimento e a solidão, destacando o poder transformador do afeto e das relações humanas.

O enredo acompanha a história de Crisóstomo, um pescador que, ao refletir sobre sua vida, percebe um profundo vazio por chegar aos quarenta anos sem nunca ter tido um filho. Morador de uma pequena vila à beira-mar, ele então decide que ainda é tempo de construir sua família e preencher o espaço deixado pela solidão.

Em sua busca por afeto, Crisóstomo então adota Camilo, um jovem órfão rejeitado pela sociedade. Assim, a partir desse encontro, a narrativa se desenvolve em torno da relação entre os dois, que passam a lutar contra a solidão e a buscar, juntos, um lugar de amor e acolhimento.

Além da história de Crisóstomo e Camilo, a obra entrelaça outras narrativas igualmente marcantes, como as de Isaura, Adolfo, Rosa, Ernesto e Antônio. Enquanto Isaura vive um casamento infeliz e busca reconhecimento, Adolfo e Rosa desconstroem o conceito tradicional de amor, e Ernesto e Antônio enfrentam o preconceito para viverem livremente sua relação.

Assim, cada personagem enfrenta uma forma diferente de solidão, mas todos compartilham o mesmo anseio: encontrar algo que dê sentido à existência. Sensível e poético, “O Filho de Mil Homens” foi amplamente elogiado pela crítica e pelos leitores e, agora, ganhará uma adaptação para o cinema, com Rodrigo Santoro no papel de Crisóstomo.

Sobre o autor

Nascido em Angola em 1971, Valter Hugo Mãe cresceu em Portugal e se tornou um dos autores mais originais da literatura lusófona contemporânea. Romancista, poeta, artista plástico e cantor, ele é formado em direito e pós-graduado em literatura moderna e contemporânea portuguesa. Sua trajetória literária começou pela poesia, gênero em que se destacou nas décadas de 1990 e 2000, com a publicação de diversos livros de versos.

O reconhecimento internacional veio com o romance “O remorso de Baltazar Serapião” (2006), vencedor do Prêmio José Saramago, um dos mais importantes da língua portuguesa. O próprio José Saramago o descreveu como “um verdadeiro tsunami literário”, destacando assim a força e a originalidade de sua escrita. A partir desse marco, Valter Hugo Mãe consolidou-se como uma das vozes mais sensíveis e inovadoras da literatura contemporânea.

Entre suas obras mais conhecidas estão “O remorso de Baltazar Serapião”, “O apocalipse dos trabalhadores”, “A máquina de fazer espanhóis”, “Homens imprudentemente poéticos” e “Contra mim”, este último, um livro de memórias e reflexão autobiográfica que aprofunda o olhar íntimo e poético que então caracteriza toda a sua obra.

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