Em um momento histórico, o Brasil conquistou seu primeiro Oscar ® com Ainda Estou Aqui, na categoria Melhor Filme Internacional. Em entrevista exclusiva na sala de imprensa da Academia, o diretor Walter Salles falou mais sobre a importância desse momento:

“Isso demorou 7 anos para acontecer. Sabíamos que era necessário. É uma jornada sobre refazer a memória de uma família e de um país durante uma ditadura. É a história real de Eunice Paiva. Acredito que ela ainda está nos guiando. Ao mesmo tempo, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro nos mostram a importância de resistir. Isso é extraordinário”.

Quando questionado sobre o significado disso para a cultura brasileira, Walter explicou que vai muito além de um único filme sendo reconhecido:

“Acho que não foi só o filme que foi reconhecido, mas sim a nossa cultura, o jeito como fazemos cinema. A história da família Paiva, a cultura, a música brasileira, tudo isso está sendo reconhecido. É a nossa cultura. Isso ajuda muito as produções independentes. Essas notícias correram o mundo e vão incentivar o cinema mundo afora”.

Fernanda Torres e Walter Salles no set de Ainda Estou Aqui
Imagem: Divulgação

Walter Salles também explicou porque ele acha que o filme resoou tanto com o público internacional, que não conhecia o cenário da ditadura no Brasil:

“O filme é sobre perda. Sobre como lidamos e superamos isso. É sobre como se combate a injustiça. É também sobre abraçar a vida. Essa mulher sabia como fazer isso. Então no fim, é um filme sobr isso. Sobre a esperança que abraçar a vida traz. Um jeito entender isso é ver como as democracias se tornaram tão frágeis. É extraordinário ver como Eunice uma forma de resistência por meio do afeto e do sorriso. É sobre sorrir quando você deveria ser alguém que deveria ser visto lamentando”.

Imagem: Reprodução

Por fim, o brasileiro refletiu sobre o que é ser diretor de cinema na era digital e traçou um paralelo entre a atualidade e o que ele queria retratar em Ainda Estou Aqui.

“Eu sou analógico. Eu tentei recriar uma época específica, os anos 1970 no Brasil. Estávamos na verdade tentando escapar do digital. Não quis usar nada artificial. Usamos super-8 como uma forma de transportar o público para aquela era sem usar nada artificial. Memória é uma parte desse projeto. A memória da família e também a coletiva. Vivemos numa época em que a memória está sendo apagada. Literatura, músicas e filmes criam memórias”.

Onde assistir Ainda Estou Aqui?

Ainda Estou Aqui está em cartaz nos cinemas brasileiros.