Com versos sarcásticos e imagens cortantes, Carla Brasil estreia na literatura com “Cronofagia”, lançado na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. A autora transforma angústia em arte e seus 37 poemas atravessam o tempo, escavam o absurdo e mastigam os excessos da vida contemporânea.

Prefaciado por Ruy Guerra, o livro mistura lirismo e brutalidade. Assim, o cineasta celebra a ousadia de Carla, que vai do escracho à delicadeza com domínio feroz. Nesse sentido, a autora cria imagens viscerais unindo texto e estética numa obra gráfica onde ilustração e poesia formam um só corpo, denso, inquieto, necessário.

A princípio, nas páginas de “Cronofagia”, o tempo não é um recurso: é devorador, personagem central, matéria-prima de uma escrita que denuncia, provoca e emociona. Carla Brasil não suaviza, ela expõe feridas com ironia e sarcasmo, questionando um mundo que promete liberdade enquanto devora nossas subjetividades. Suas palavras não pedem licença, entram rasgando. Ao fim da leitura, sobra o incômodo e a certeza de que poesia também pode doer.

Sobre a autora Carla Brasil

Carla Brasil é poeta, escritora e multiartista. Vive no Rio de Janeiro, onde transforma inquietações em arte com traços ácidos, líricos e viscerais. A autora costura paradoxos do agora com linguagem afiada, seus poemas desafiam rótulos e revelam uma escrita que não teme o desconforto. Carla recebeu reconhecimento em premiações nacionais, como o Prêmio Poesia Agora – Primavera 2020, da Editora Trevo, e a antologia Poetize 2021. Com “Cronofagia”, sua estreia no universo literário, ela reafirma sua força como voz emergente da poesia contemporânea crua, sensível e feroz.