Um levantamento realizado pela Organização Social Poiesis, responsável pela Fábrica de Cultura, mostra quais são as obras mais lidas por moradores das periferias de São Paulo. A pesquisa levou em conta o público da Fábrica de Cultura. A Fábrica de Cultura é um programa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

De acordo com a pesquisa, realizada entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, as mulheres são 70% do público. Esse número supera o percentual nacional de 61%. Há um grande interesse por mangás, literatura negra, LGBTQIAPN+ e indígena, além da convivência entre clássicos e best-sellers contemporâneos. 

Tanto na capital, quanto na região metropolitana e litoral sul, obras como a saga japonesa “One Piece“, os contos de horror “Junji Ito” e autores clássicos como Dostoiévski e Shakespeare dividem as mesmas prateleiras. Do mesmo modo, o escritor brasileiro Machado de Assis também é um dos favoritos. 

A pesquisa é um retrato de que os gostos por leitura nas periferias de São Paulo não são homogêneos, transitando entre ficção, filosofia, política, saúde mental, entre outros temas. 

Renovação das bibliotecas

Leitora de Brasilândia com o clássico “Quincas Borba”, de Machado de Assis | Crédito: Divulgação

Essa pluralidade também se estende à obra de autores também vindos das periferias, como Jefferson Ferreira e Conceição Evaristo. As obras dos dois autores “Rei de Lata” e “Olhos d’Água” também circulam entre os leitores. Isso é um reflexo de como as bibliotecas estão atualizando seus catálogos, onde autores contemporâneos e desconhecidos. 

Além disso, há um crescimento na representatividade de vozes negras, indígenas e  LGBTQIAPN+. Vale ressaltar que muitas bibliotecas compõem seus acervos com sugestões e doações do próprio público, o que mostra o interesse da população.