O filme Emilia Pérez sofre com polêmica, por representar a França no Oscar com a categoria de Melhor Filme Internacional, com elenco hollywoodiano

“Emilia Pérez”, assim como, a produção brasileira “Ainda Estou Aqui” recebeu indicação a categoria de Melhor Filme Internacional. Porém, a produção considerada a favorita enfrenta questões com público sobre a validade do filme, francês como candidato a prêmio.

Principalmente, pelo filme ter no elenco atrizes holywoodianas, como Zoe Saldaña e Selena Gomez, ambas atrizes nascidas nos Estados Unidos.

Dessa forma, nós do Geek Pop News vamos mostrar como funciona a indicação para Melhor Filme Internacional, e por que “Emilia Pérez” se enquadra nessa categoria.

Emilia Pérez: Entenda polêmica por trás da indicação ao Oscar

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Afinal, como um filme se qualifica para Oscar?

Para a inscrição ao Oscar de Melhor Filme Internacional, que anteriormente era conhecido como Melhor Filme Estrangeiro, são necessárias seguir algumas regras. A premiação, no geral, possui 27 regras gerais, sendo a décima quinta, a regra específica para os candidatos de Melhor Filme Internacional.

Então, para que uma produção cinematográfica concorra na categoria, as inscrições devem ser em filme de 35 mm ou 70 mm, ou em filme digital de varredura progressiva de 24 ou 48 quadros. Além de ser anunciado e divulgado durante seu lançamento nos cinemas. Isso, de maneira considerada normal e habitual nas práticas de distribuição de filmes.

Mas, uma das regras mais relevante para a indicação de Emilia Pérez tem relação com sua linguagem. É imprescindível o áudio original de ser predominantemente em língua estrangeira, ou seja, 50% dos diálogos. Dito isso, o filme pode ter um idioma ou dois, desde que não seja 100% em inglês. Neste quesito, Emilia Pérez se enquadra na regra, uma vez que o filme é falado em espanhol.

Outra diretriz para a categoria é que o país responsável pela candidatura confirme que o controle criativo da produção estava em sua maioria nas mãos de cidadãos ou residentes do país. Novamente, a produção de Emilia Pérez, apesar de contar uma história mexicana, teve trabalhando produção do filme cidadãos franceses.

Mesmo que os atores não sejam franceses, ou como já citado anteriormente, o fato de duas atrizes, Saldaña e Gomes, não sejam estrangeiras. O elenco tem a atriz principal, a espanhola Karla Sofía Gascón, o venezuelano, Edgar Ramirez, a atriz mexicana Adriana Paz e o israelense, Mark Ivanir.

Dentre esses fatores gerais apontados, Emilia Pérez está dentro das regras estabelecidas para a indicação, mas além disso é o favorito entre a acadêmia que votam para o resultado.

Polêmica sobre Emilia Pérez no Oscar

Atriz e diretor de Emilia Pérez
Karla Sofía Gascón e Jacques Audiard

“Emilia Pérez” está na boca do povo, não somente dos brasileiros, mas no mundo todo. Seja pelo sucesso com a crítica, ou seja, por suas recentes polêmicas, envolvendo questões com inteligência artificial, ou como a produção deixou de fora a veracidade cultural do México, ao contar uma história inspirada no país. Principalmente com declarações do diretor do filme, o francês, Jacques Audiard, considerada desrespeitosa por muitos mexicanos.

O que nos traz de volta a polêmica central como “Emilia Pérez” está concorrendo como filme estrangeiro, a pergunta na mente de muitas pessoas. Assim, como podemos ver anteriormente no quesito de regras da acadêmia, a produção atende ser um filme falado em um idioma não inglês. E ainda teve em sua equipe de produção trabalhadores franceses parte da exigência, mas e os atores, o enredo, faz sentido?

Essas questões podem, sim, afetar o resultado da premiação do Oscar, pois mesmo com a campanha, e as premiações no Globo de Ouro. Ainda falta um mês para a grande votação e os temas abordados fora das salas de cinema, tem deixado um gosto amargo na boca da produção.

Visão do México sobre Emilia Pérez

Os mexicanos têm sido grandes questionadores do musical, pela falta de representatividade e até mesmo de realidade com sua cultura e vivência. Em matéria da BBC, roteirista Héctor Guillén aponta que o filme não leva em conta a história que o México ainda vive das consequências dos cartéis. “Há uma guerra às drogas, quase 500 mil mortes [desde 2006] e 100 mil desaparecidos no país”, cita na entrevista. E comenta que em cima disso o diretor francês escolheu fazer um filme, e além de tudo uma ópera.

De acordo com a CNN, recentemente, Audiard decidiu se manifestar sobre essas questões. Durante uma entrevista na Cinemateca Nacional do México, ele pediu desculpas pelos possíveis equívocos.

Isso devido suas afirmações anteriores, onde disse que sabia poder ser uma presunção, mas que Shakespeare não precisou ir até Verona para escrever sobre o lugar. No entanto, o mesmo, afirmou que chegou a ir até o país, mas que sua ideia da história não combinava com a realidade, então, trouxe uma versão mais parisiense.

“Então fui para o México e procuramos lá durante o processo de seleção de elenco também, talvez duas, três vezes e algo não estava funcionando. E percebi que as imagens que eu tinha em mente de como seria [o filme] simplesmente não correspondia à realidade das ruas do México”, revela.

Falta de representatividade

Outra grande polêmica da indicação de Emilia Pérez ao Oscar é falta de representatividade, apenas uma atriz mexicana faz parte do elenco com uma trama passada no país. E essa é uma grande questão para os espectadores quando o filme foi indicado para a premiação de filme estrangeiro. Ainda mais para os mexicanos que não se sentem representados pelo longa, seja pela trama, ou seja, pela ausência de profissionais mexicanos no elenco e produção.

Enfim, ainda existe tempo para reviravoltas até o resultado da premiação, no momento Emilia Pérez segue no trabalho de divulgação, para se manter com o favoritismo. Portanto, a equipe deve trabalhar ainda mais para tentar lidar com os efeitos negativos. De acordo com “O Globo”Artemisa Belmonte, uma das vozes críticas, lançou uma petição contra a obra, que já arrecadou mais de 11 mil assinaturas, evidenciando a insatisfação do público.

Por fim, Emilia Pérez já está disponível na Netflix e chega aos cinemas brasileiros em 6 de fevereiro.