Os primeiros passos antes da estreia nas telonas
A Marvel Comics lançou mais um prelúdio conectado ao Universo Cinematográfico Marvel (MCU), desta vez com foco no aguardado filme do Quarteto Fantástico. Intitulada Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, a HQ tinha tudo para ser apenas mais um material promocional genérico, como tantos outros já publicados. Felizmente, o que encontramos aqui é uma grata exceção.
Durante anos, os quadrinhos lançados como prelúdios para filmes e séries do MCU tornaram-se sinônimos de obras descartáveis. Ainda que tentem se conectar ao material live-action, raramente oferecem algo que justifique sua existência. A Marvel, porém, tem à sua disposição um universo narrativo riquíssimo que poderia ser melhor explorado, com histórias que complementem, de fato, as produções do cinema e da TV, mesmo que sua canonicidade seja questionada no futuro.
É por isso que Primeiros Passos chama a atenção logo de início. A obra se apresenta como um documento “Autorizado pela Fundação Futuro!”, o que já sugere uma proposta metanarrativa. E essa ideia se concretiza desde a primeira página, que traz uma carta da chefe de gabinete Lynne Nichols explicando que o conteúdo é uma homenagem aos quatro anos de atuação heroica do Quarteto, dentro do universo fictício da Terra-828, referência direta ao nascimento de Jack Kirby, cocriador da equipe, em 28 de agosto de 1917.
Uma releitura inteligente e afetuosa da origem do Quarteto
A HQ reconta de forma concisa a origem da equipe, incluindo sua clássica batalha contra o vilão Toupeira, como vista na primeira edição de Quarteto Fantástico publicada em 1961. O roteirista Matt Fraction atualiza a narrativa com respeito ao material original, dando profundidade ao antagonista e aos seus servos, como Giganto e os Moloides, sem perder o tom aventuresco.
Na arte, Mark Buckingham entrega uma belíssima homenagem a Jack Kirby. Sua composição gráfica remete diretamente aos traços do mestre, mas com toques próprios que mantêm a originalidade visual da obra. A capa, assinada por Phil Noto, também reimagina o icônico visual da edição original com elegância.
Uma HQ que funciona como tributo interno e material promocional
O maior diferencial de Primeiros Passos é o uso criativo da metanarrativa. Ao emular uma revista comemorativa produzida dentro do próprio universo do Quarteto, a HQ se destaca ao incluir trechos que simulam entrevistas com os heróis, anúncios fictícios (como o do Fantasticarro) e até matérias escritas sobre a equipe. Esses detalhes criam uma imersão divertida e dão personalidade à publicação, indo além de sua função de prelúdio.
Mesmo com sua simplicidade, a proposta é clara: oferecer algo a mais para os fãs, tanto para os leitores assíduos quanto para aqueles que conhecerão o Quarteto apenas pelo novo filme. Trata-se de uma introdução leve, acessível e inteligente, que não é essencial para compreender o longa, mas funciona bem como complemento.
Sinal promissor para o futuro do MCU?
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos pode ser uma prévia do que está por vir na Fase 6 do MCU. Se o tom descontraído, criativo e respeitoso da HQ for um indicativo do tratamento que o grupo receberá nas telonas, há bons motivos para os fãs se animarem. Após três tentativas fracassadas de adaptar a Primeira Família para o cinema, esta nova abordagem pode finalmente fazer jus ao legado do Quarteto Fantástico.
Com texto envolvente de Fraction e arte expressiva de Buckingham, a HQ entrega algo raro entre os produtos derivados do MCU: autenticidade. E isso, por si só, já vale a leitura.
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