Com humor, ironia e resistência, o autor atravessou décadas registrando o Brasil em traços e palavras marcantes
O cartunista Jaguar faleceu no último domingo (25), aos 93 anos. Figura que marcou a história da comunicação brasileira, o autor estava internado com uma pneumonia há três semanas em hospital do Rio de Janeiro, onde morava.
Jaguar ficou conhecido, principalmente, por ser um dos fundadores de O Pasquim, o jornal que surgiu em 1962, logo após a edição do Ato Institucional nº 5, momento o qual marca o período mais violento da ditadura militar no Brasil. Assim, Jaguar tornou-se um símbolo de oposição, usando do humor e sarcasmo para driblar a censura.
Jaguar: Quem foi o cartunista?
Nascido Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, seu estilo de escrita explora os detalhes nas expressões de cada personagem, provocando reflexões no leitor. Antes de participar da fundação de O Pasquim, Jaguar trabalhou no Banco do Brasil entre 1952 e 1974. Nessa época, ele publicava desenhos em jornais como Penúltima Hora, O Semanário e Manchete. De acordo com o Correio Braziliense, foi durante esse período que ele adotou o apelido que o tornou conhecido no país, sugerido pelo também cartunista Borjalo.
Sob esse pseudônimo, Jaguar criou diversos personagens emblemáticos como Gastão, o vomitador, que era especialista em colocar tudo pra fora ao se deparar com notícias absurdas nos jornais. Além disso, o cartunista criou o ratinho Sig – inspirado em Sigmund Freud – e Boris, o Homem-Tronco, que não tinha pernas, mas dirigia um carrinho quadrado. Outro destaque é o Capitão Ipanema, inspirado em seu amigo, o ator Hugo Leão Castro. Todos esses personagens circulavam pelo O Pasquim.

Jaguar colaborou com inúmeros veículos desde a década de 1950. Além da Manchete, esteve presente em revistas como Senhor, Civilização Brasileira e Revista da Semana. Bem como atuou em jornais como Tribuna da Imprensa, Última Hora, A Notícia e O Dia. Fez parte ainda do histórico Pif-Paf, de Millôr Fernandes. Nos anos 1990, assumiu a editoria da irreverente Bundas, criada com parte da turma do antigo jornal.
Os livros de Jaguar
O primeiro livro que o cartunista escreveu, “Átila Você É Bárbaro”, foi publicado em 1968. Ele acompanha a história do já mencionado Bóris, o Homem-Tronco. Na obra, Jaguar explora o seu tom irônico e revela que “comparado com os vândalos de hoje, o Átila não passa de um doce bárbaro”.
Em seguida, em 1973, ele publicou o livro “Ninguém É Perfeito” exclusivamente na Argentina. O livro chegou ao mercado brasileiro somente anos depois – o cartunista afirmou que voltou para o Rio de Janeiro, caiu na gandaia, e acabou esquecendo do livro. A obra é uma reunião de cartuns criados durante sua época em O Pasquim. Além de personagens clássicos, como Gastão, o vomitador e Boris, o homem-tronco, o livro traz ainda a participação de Mafalda, num dos últimos desenhos do personagem feitos pelo cartunista Quino.
Leia mais: “Mafalda” será publicada pela primeira vez nos EUA
Mais tarde, ele lançaria ainda o livro “É Pau Puro” (1982), que traz uma seleção de dez anos do que havia publicado em O Pasquim. Além disso, se destacam o livro de memórias “Ipanema – Se não me Falha a Memória” (2000) – seleção de diversos textos que publicou no jornal O Dia, publicada pela editora Record – e “Confesso que Bebi” (2001), que funciona como um compilado de histórias pessoais com um passeio pelos cardápios dos bares cariocas.
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