O livro “Aconteceu com Minha Filha” ganhou repercussão nacional após ser exibida em uma reportagem no programa de televisão Fantástico, no último domingo (25/05). A matéria envolveu uma entrevista inédita da jornalista Poliana Abritta com o autor Paulo Zsa Zsa, pseudônimo usado para preservar a identidade da filha ao contar a história do que viveram para alertar outras famílias.
O foco do livro é sobre a sujeição digital na adolescência, ou seja, a dependência crescente que os jovens tem na internet. Tanto na entrevista quanto na obra, a mensagem do autor é de cuidado e atenção que os pais devem ter com esses hábitos dos filhos. Assim, reforça que os responsáveis devem estar sempre vigilantes aos conteúdos que os filhos consomem online. “O pudor que eu tinha de pegar o celular dela e vasculhar foi um dos meus grandes erros. É um pai e uma filha, não tem que ter pudor. O pai
tem que ter a senha, tem que saber no que seu filho ou filha está metida”, afirmou.
De acordo com a juíza titular da Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, Vanessa Cavalieri, contar histórias verídicas traz uma concretude e mostra situações familiares que não são distantes da realidade. “O perigo está dentro de todas as casas. Qualquer casa onde tenha uma criança ou um adolescente com um celular na mão, ou um computador com acesso à internet está correndo esse risco”.
Os perigos digitais
Em “Aconteceu com Minha Filha”, seguimos os relatos reais de como o consumo virtual pode afetar a vida real. Júlia (pseudônimo usado para preservar a identidade real da garota) é uma adolescente de 13 anos que descobre a rede social Discord e começa a passar horas trancada no quarto, conectada apenas às telas. Aos poucos, ela deixa de ser a menina doce e comunicativa que todos conheciam, se tornando agressiva, isolada e emocionalmente instável. A princípio, o pai atribuiu tal mudança a “coisas da adolescência”
Tudo muda quando, certa noite, sua filha pede ajuda a ele após ter uma tentativa de suicídio por conta de uma brincadeira online. Por trás da porta fechada do quarto, Júlia mergulhava em um submundo digital sombrio, manipulador e destrutivo. A obra é um alerta necessário sobre os perigos invisíveis das telas e o poder silencioso das redes sociais sobre a saúde mental dos adolescentes.
Ao mesmo tempo, mostra que, mesmo em meio ao caos, é possível reconstruir laços, resgatar afetos e recomeçar. “Aconteceu com Minha Filha” é voltado especialmente para pais, educadores e profissionais da saúde mental. Assim, busca abrir um diálogo franco sobre os riscos da exposição excessiva às telas, o isolamento social e os mecanismos de manipulação online.
Ainda na entrevista dada ao Fantástico, autor e pai de Júlia declara que a culpa pesa, mas não deve ser a força que consome quem passa por uma situação como essa. “Você tem que reagir e tentar ajudar. E nisso, eu acho que estou conseguindo”.
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