Relatório da GLAAD aponta queda na presença de personagens LGBT e alerta para retrocessos na diversidade e na representatividade dessas minorias no cinema
Em 2024, apenas 23,6% dos filmes lançados pelas dez maiores distribuidoras de Hollywood apresentaram personagens LGBTQAPN+, segundo o estudo Studio Responsibility Index da GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation).
O número representa uma queda de 3,7 pontos percentuais em relação ao ano anterior e o índice mais baixo dos últimos três anos. O levantamento monitorou 250 títulos lançados por estúdios como Netflix, Disney, Warner, Amazon e A24, e outros.
Apesar da redução no número de filmes com presença LGBTQAPN+, o total de personagens identificados aumentou: foram 181 no total, 11 a mais do que em 2023. No entanto, o tempo de tela e a profundidade narrativa desses personagens diminuíram. Quase 40% deles apareceram por menos de um minuto. Apenas 27% tiveram tempo de tela superior a dez minutos, uma queda de 11 pontos em comparação com o relatório anterior.

Representatividade racial e de gênero também recua
Entre os 181 personagens LGBTQAPN+ identificados, 66 eram pessoas não brancas, o que representa 36% do total, indicando uma queda expressiva em relação aos 46% registrados em 2023. Além disso, a divisão por gênero mostra equilíbrio entre mulheres (50%) e homens (48%), com apenas quatro personagens não binários, dos quais dois são transgêneros. Por fim, os filmes de 2024 não registraram nenhum personagem trans masculino.
A presença de personagens bissexuais ou com outras identidades da sigla “+” também caiu, de 27% para 25%. O estudo identificou 19 personagens bissexuais no total. Já o número de personagens transgêneros subiu discretamente, de dois para três, mas segue bem abaixo do recorde de 13 personagens trans em 2022. Apenas dois filmes de 2024 apresentaram personagens trans.
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Estúdios recebem notas baixas por falta de diversidade

Entre as distribuidoras, a A24 se destacou positivamente, conquistando a nota “boa” por incluir personagens LGBTQ em 56% de seus lançamentos, com títulos como Love Lies Bleeding, um thriller romântico e Problemista, uma comédia surrealista. Já Amazon e NBCUniversal receberam avaliações “razoáveis”, enquanto Netflix, Lionsgate e Disney ficaram com notas “ruins”.
Outros destaques incluem Drive-Away Dolls (NBCUniversal), que apesar de incluir personagens LGBT, foi criticado pelo pouco tempo de tela dado a esses papéis. Mean Girls (Paramount Pictures) e My Old Ass (Amazon) também entraram no levantamento, reforçando a predominância de personagens gays e lésbicas em comparação a outras identidades da sigla.
A presença transgênero em filmes continuou baixa, com apenas dois lançamentos abordando personagens trans: Monkey Man (Universal), que traz o ator Vipin Sharma no papel de Alpha, líder da comunidade hijra na Índia, e Emilia Pérez (Netflix), com a participação da indicada ao Oscar Karla Sofía Gascón. Além disso, o relatório reforça a necessidade de ampliar a diversidade e a profundidade dessas representações.
A organização destaca que, num contexto de crescente hostilidade política e retórica discriminatória contra a comunidade LGBTQAPN+, a representatividade na mídia é essencial. Os estúdios estão perdendo a oportunidade de se conectar com um público global que valoriza a diversidade.
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