De Pedro Sguario, “A Figueira” é uma obra sobre encontros, desencontros e, acima de tudo, sobre a importância da saúde mental e da amizade. O livro acompanha duas jovens, Alice e Maria Amélia, que se conhecem em um hospital psiquiátrico.
Passando por situações semelhantes, porém vividas de formas diferentes, as duas se unem na dor e no trauma, buscando uma maneira de recomeçar. Mesmo que a esperança pareça pequena, decidem fugir juntas em busca de uma nova vida. Uma fuga que vai muito além dos muros da instituição.
“A Figueira”
Maria Amélia está internada há bastante tempo. Resignada à rotina da clínica, já não acredita que possa sair dali. Sua vida muda quando precisa dividir o quarto com Alice, uma jovem recém-chegada. O convívio forçado desperta nela algo adormecido: curiosidade, empatia, vontade de se abrir novamente.
Alice, por sua vez, carrega o peso de ser mãe jovem demais e toda a dor que viveu até ali. Entre memórias dolorosas e silêncios sufocantes, encontra em Maria Amélia um reflexo da própria solidão. O que começa como convivência incômoda se transforma em um laço profundo e transformador.
A partir desse encontro, as duas constroem uma relação sincera onde dividem seus traumas. Entre devaneios, lembranças e confissões, passam a se reconhecer na dor uma da outra. A fuga que planejam é simbólica. Mais do que escapar do hospital, elas buscam libertar-se das culpas, dos medos e das marcas deixadas por um mundo que nem sempre entende a mente humana.
A evolução
O livro aborda transtornos mentais, como borderline, com uma sensibilidade rara. Pedro Sguario escreve com delicadeza, sem romantizar o sofrimento, mas também sem reduzir suas personagens à dor. É impossível não torcer por Alice e Maria Amélia e pela chance de que, de alguma forma, elas encontrem paz.
A narrativa é íntima, quase confessional, e o leitor é convidado a entrar nos pensamentos das protagonistas, a sentir o peso de suas rotinas, suas pequenas vitórias e também seus momentos de fraqueza. “A Figueira” não fala apenas dos transtornos, mas da possibilidade de reconstrução. É um livro que mostra que a esperança, mesmo silenciosa, ainda pode florescer nos lugares mais improváveis.
Mais do que uma história sobre saúde mental, é uma reflexão sobre afeto, empatia e a força de um vínculo entre duas pessoas que, mesmo quebradas, ainda se permitem cuidar uma da outra.
Impressões sobre o livro
Ao longo das páginas, acompanhamos uma jornada delicada e dolorosa. As personagens são frágeis, mas incrivelmente humanas, e a ambientação é tão bem construída que parece que estamos ali com elas, ouvindo os ruídos, sentindo o ar pesado, compartilhando dos mesmos devaneios. Não quero dar spoiler, mas preciso falar que o simbolismo da figueira é tão bonito, tão sensível que é impossível não se envolver. O livro vai muito além daquele primeiro encontro.
Leia também: Entrevista Pedro Sguario, autor de “A Figueira”
Não é uma leitura fácil. Exige cuidado, atenção e sensibilidade. Em vários momentos, o livro me atingiu de forma pessoal, como se reabrisse memórias que eu acreditava já ter deixado para trás. Há uma beleza amarga em cada capítulo, um grande acontecimento agridoce que, ainda assim, faz completo sentido dentro da trajetória das personagens. Não vou mentir, em alguns momentos chorei copiosamente.
“A Figueira” é uma história sobre dor, mas também sobre renascimento. Um livro que pede para ser lido com calma e, acima de tudo, com o coração aberto.
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Crédito: Divulgação