Lançado como uma nova imersão no universo criado por Roger Dörl, “Crônicas de Um Mundo” se apresenta como uma coletânea de histórias ambientadas em um cenário de ficção-científica robusta, rico em detalhes e complexidade. 

A proposta parece simples: abrir pequenas janelas para diferentes personagens e regiões de um mesmo mundo. No entanto, para quem chega sem ter lido “Alena Existe”, o romance anterior do autor e base deste universo, a leitura acaba sendo mais desafiadora do que envolvente.

As crônicas e o mundo

Roger Dörl Crônicas de Um Mundo
Créditos: Reprodução

A estrutura do livro é formada por crônicas independentes, mas conectadas por uma geografia e mitologia em comum. São 5 histórias: “O Guardião da Realidade”, “Simula Sanctum”, “Cybelle e a Incerteza Cibernética”, “Liberdade à Distância” e “Pedras e Máquinas”.

Em cada conto, o leitor é levado a conhecer novos povos, conflitos políticos, figuras místicas e nuances culturais que compõem esse mundo fictício. Roger Dörl demonstra domínio sobre o universo que construiu. Há nomes próprios em abundância, idiomas, costumes e uma história pregressa que permeia todas as narrativas.

As tramas apresentadas são tópicos conhecidos entre os fãs de ficção científica, mas que no formado curto de contos, acabam não sendo tão bem explorados ou desenvolvidos. Em algumas das histórias, a narrativa acontece rápido demais, impedindo o leitor de criar uma conexão maior com Um Mundo e seus personagens.

Por isso, considero que o problema seja para leitores de primeira viagem. O autor opta por não reexplicar ou reapresentar em profundidade o universo que criou. Existe um pequeno glossário/apresentação no início, mas são apenas duas páginas de introdução que não carregam toda a lore necessária para que o leitor adentre a distopia de Dörl.

O que esperar dessa leitura?

A criatividade é sem dúvida o ponto forte de “Crônicas de Um Mundo”. É possível perceber o esmero de Roger Dörl com cada detalhe da sua criação.

Porém, a leitura se arrasta ao se tratar de histórias que acontecem em um universo já estabelecido, mas sem a devida apresentação e profundidade deste universo nesta obra. A sensação predominante foi a de estar diante de peças de um quebra-cabeça cuja imagem final eu não conhecia.

Para leitores já familiarizados com “Alena”, este livro pode funcionar como um aprofundamento bem-vindo. Para quem chega agora, contudo, “Crônicas de Um Mundo” é uma porta de entrada fechada demais. Fica a impressão de que, para aproveitar o que o autor tem a oferecer, é preciso antes trilhar o caminho completo. Para mim, tornou a obra menos acessível e mais distante do que eu gostaria.