No thriller “Um jardim onde morrem as flores e nascem segredos”, a escritora Stefany Borba narra um suspense emocionante, ambientado no interior de São Paulo. Percorrendo as cidades de Itapetininga e Alambari, o leitor acompanha a trama que envolve a família de Maria Isabel, que retorna para a cidade natal após a morte de sua avó Maria Antônia.
A jovem passa a ser assombrada por um mistério do passado que assombra sua família e faz descobertas terríveis e intrigantes. Confira a resenha de “Um jardim onde morrem flores e nascem segredos”.
Atenção: Alerta de Spoiler
Maria Isabel retorna à cidade de Itapetininga acompanhada de sua mãe, Maria Regina, do padrasto Pedro e do seu namorado Gustavo. O retorno à cidade, que por si só deixaria a jovem profundamente infeliz, tem ainda um motivo doloroso: a morte de sua avó Maria Antônia.
Assim que chega na casa da avó, Maria Isabel, ou Bel, como é conhecida, nota algo extremamente confuso. O jardim de Maria Antônia está destruído. Mas como a avó, que gostava tanto de cuidar de plantas, deixou o jardim chegar a esse ponto?
O retorno à casa onde cresceu e à cidade traz reencontros que despertam as mais variadas emoções em Bel. O pai, o delegado Joaquim, a madrasta e as irmãs, de quem Bel não se sente próxima. Além disso, precisa lidar com a tensão silenciosa entre a mãe, o pai e o padrasto.
Outro grande problema é a presença de seu ex-namorado Henrique (com quem teve um rompimento nada amigável) e a irmã dele, Heloísa, com quem Bel sempre teve uma relação complexa. Mas talvez para Bel, o pior seja encarar o fato do passado que assombra a vida das três Marias, e assim, conhecemos a história do Assassino das Bonecas.
O Assassino das Bonecas
A partir daí, descobrimos que, no passado, a filha mais velha de Maria Antônia, Roberta, foi vítima do serial killer Assassino das Bonecas, que aterrorizou a cidade, vitimando várias jovens. Após a morte de Roberta, o marido de Maria Antônia e avô de Bel, Otávio, desapareceu misteriosamente, levantando suspeitas.
No entanto, um homem chamado Alberto Lima confessou ser o criminoso, encerrando a investigação. No entanto, tanto a morte de Roberta quanto o desaparecimento de Otávio chamaram a atenção da cidade, fazendo com que a casa e a vida das Marias se tornassem alvo de vários comentários e teorias da conspiração.
Reviravolta: o assassino das bonecas volta
A suposta tranquilidade de Bel é abalada quando os crimes recomeçam com as mesmas características do passado. Além disso, durante a investigação, os policiais reviram o jardim de Maria Antônia e acabam por encontrar os corpos de Roberta e Otávio. Agora se torna claro que o assassino das bonecas está diretamente ligado à família das Marias.
A partir daí, Bel e sua família se tornam alvo de represálias e discriminação, principalmente porque fica claro que Maria Antônia tinha um relacionamento com Alberto Lima, o assassino, de acordo com a versão oficial. Também passamos a acompanhar as histórias paralelas que permeiam a narrativa. Gustavo, o namorado de Bel, é sobrinho-neto de Alberto Lima e luta para provar a inocência do tio.
Além disso, o fato de as novas vítimas ou serem moças que se parecem com Bel, ou serem pessoas com quem ela tinha algum tipo de relação, coloca a jovem no centro da investigação.
Finalmente a revelação: o assassino de antes e de agora
Ao final do livro, descobrimos que Alberto Lima era realmente inocente e o verdadeiro criminoso era Otávio, o avô de Bel. Henrique é o responsável pelos crimes atuais, uma vez que queria de todas as formas se livrar de Gustavo.
O jovem se revela um verdadeiro psicopata, com motivações exatamente iguais às do assassino anterior: devolver a inocência às mulheres que ele considera impuras e imorais. O final de Bel é feliz, mas como a jovem se livrará de todos os traumas que a acompanham.
Impressões sobre o Livro
A autora constrói um thriller repleto de reviravoltas e suspense, criando um cenário sombrio em pleno interior de SP. A forma como ela descreve o jardim e as cidades deixa tudo ainda mais misterioso. Além disso, a história é extremamente convincente, do mesmo modo que os melhores livros de suspense de Paula Hawkins e Gillian Flynn, a ponto de parecer uma história real.
A autora retoma a atmosfera true crime, explorando como um único fato implica na vida de todos os personagens. Outro acerto é abordar temas como intolerância religiosa, machismo, estereótipos sociais, entre outras questões relevantes. Talvez tenha faltado apenas desenvolver mais a relação de Bel com Henrique, mostrando como ele se tornou tóxico e agressivo, mas nada que prejudique a perfeita compreensão do leitor.
Portanto, Stefany Borba acerta em focar em um suspense protagonizado por mulheres, de diferentes gerações, e uma personagem que, apesar de já estar morta, influencia a narrativa. Um ótimo suspense nacional, que deixa claro que precisamos de mais histórias assim, uma vez que histórias familiares de cidades do interior podem ser perfeitos mistérios.
Sobre a autora
Stefany Borba é designer formada em produção editorial pela Universidade Anhembi Morumbi. Recentemente, decidiu retomar o sonho de escrever suas próprias histórias. Para conhecer mais sobre a autora, visite o Instagram de Stefany Borba.