As produções nacionais estão cada vez mais ganhando destaques, tanto pela qualidade, pelo elenco, direção e até mesmo com as histórias profundas e bem desenvolvidas. Este é o caso da série “A Bênção”.
“A Bênção”, série nacional de thriller dramático, lançada inicialmente em 2020 no Canal Brasil e GloboPlay, fala sobre a criação de uma droga revolucionária que promete acabar com o medo da morte. A série chegou ao streaming nas plataformas Looke, Claro TV+ (Now) e Vivo Play.
A saber, Frederico Ruas e Leo Garcia são os criadores da produção que reúne drama, suspense e elementos de ficção científica. Davi de Oliveira Pinheiro e Emiliano Cunha dirigem os 08 episódios que são estrelados por Aldri Anunciação, Priscilla Colombi, Maria Galant, Werner Schünemann e João Campos.
A história de “A Benção”
Arthur (Aldri Anunciação) e Lerner (Werner Schünemann), são dois cientistas que criaram um medicamento experimental, a Bênção. Ministrado inicialmente para doentes terminais, mas o laboratório cancela a pesquisa e os demite devido a incidentes que ocorreram durante a pesquisa com um dos pacientes, além de todo o risco e as responsabilizações que poderiam cair sobre o laboratório. Arthur decide parar com as pesquisas, entretanto Lerner continua produzindo o medicamento de forma ilegal.
Marta (Priscilla Colombi), filha de Lerner e esposa de Arthur, é uma psiquiatra que não tem um relacionamento muito bom o seu pai, desde a morte de sua mãe. Mesmo com essa distância entre eles, Lerner convence sua filha a ministrar o medicamento para seus pacientes, de modo a continuar os estudos.
Com isso, Marta, começa a tratar a doente terminal Nina (Maria Galant) com a Bênção. A medicação começa a dar um efeito positivo, trazendo a vontade de viver de volta para Nina. Nesse ínterim, apaixonado por Nina, o seminarista Santo (Rodolfo Ruscheinsky) acaba provando a Benção sem saber, e começa a se sentir uma outra pessoa. Nina drogou Santo com o intuito de que ele se sentisse mais livre e se relacionasse com ela. Diante disso, Nina conta para ele sobre a Benção e ele decide abandonar a Igreja.
Outro paciente de Marta é o policial Júlio (João Campos), que ficou traumatizado após tomar um tiro na cabeça.
Em seguida temos a terceira paciente de Marta, Eleonora (Áurea Baptista), uma pacata chaveira, que cuida de sua mãe. Após utilizar a mediação, Eleonora começa a invadir as casas de seus clientes para desfrutar do conforto, dos luxos, além de realizar pequenos furtos, ao mesmo tempo em que auxilia Lerner em seus projetos secretos.
Surpreendentemente, diante de toda essa trama, que poderia virar uma série clichê “A Benção” se desenvolve de forma interessante e envolvente.
Subtramas envolventes que disfarçam alguns erros no roteiro
As histórias dos personagens são bem desenvolvidas o que enriquece em muito a série. Tanto a dos personagens principais Arthur, Lerner e Marta, quanto a dos pacientes que utilizam o medicamento.
Lerner é um cientista muito dedicado, que perdeu a esposa para uma doença incurável. Acabou largando a filha e indo para outro país, para estudar medicamentos e investir em sua carreira. A relação com sua filha está muito abalada por causa desse abandono.
Arthur se candidatou a uma seleção para uma vaga no laboratório onde Lerner era o chefe. Homem jovem, negro, trabalhava como garçom quando descobriu que um dos clientes que ele atendia era o próprio entrevistador da seleção o qual ele iria participar. Lerner não deu muita importância para ele, duvidando de suas capacidades, e o reprovando na seleção. De toda forma, persistente, Arthur foi mesmo assim na segunda etapa da seleção, e mostrou todo o seu potencial para Lerner, que acabou o aprovando.
Arthur, a pedido de seu chefe, vai na casa de Marta lhe entregar um presente de aniversário. Ela recusa o presente ao saber que era do seu pai, mas acaba convidando Arthur para a festa. Eles se envolvem e acabam ficando juntos.
Os pacientes tratados com a Benção
Dentre os pacientes tratados, cabe destacar a história de Júlio. Acho muito interessante quando as séries abordam casais gays e as dificuldades que eles passam no dia a dia como o preconceito e o medo de expor seus sentimentos diante dos outros. Júlio como já falado, é um policial gay, que escondia seu relacionamento, devido ao preconceito institucional que sofria. Como resultado da medicação “A Benção”, ele se sente corajoso para combater de frente a homofobia que sofre nas ruas e até mesmo dentro da polícia.
Não vou prolongar nas histórias dos outros personagens, mas certamente, a profundidade como elas são tratadas, disfarça e até diminui alguns furos de roteiro ou fatos sem lógica que acontecem durante a série. Podem ser coisas simples, mas tem acontecimentos que não possuem muito sentido, como em certo momento da série, uma das pessoas que estava contra o uso da medicação, é convidada por um dos pacientes a conhecer um local, um templo religioso, onde várias pessoas usam da Bênção como se fossem a hóstia deles. È como se o bandido fosse chamar a polícia para conhecer o ponto de tráfico.
Elenco, trilha sonora e fotografia
De fato, podemos dizer que a série possui um elenco de peso. Em resumo, a atuação de todos os atores é muito boa, destacando a atuação do experiente Werner Schünemann, ator e cineasta brasileiro que já participou de diversas novelas e filmes.
Felipe Longhi é o responsável pela trilha sonora, que se encaixa totalmente com o clima sombrio e dramático da série. O desenho de som e a mixagem de Guilherme Cássio, Gustavo Foppa e Jonts Ferreira foram realizados com perfeição, o que contribuiu em muito com a fotografia do filme. Edu Rabin, responsável pela direção de fotografia fez um trabalho espetacular também.
Desse modo, o espectador consegue se sentir dentro da história, fazendo com que o tempo de cada episódio pareça menor do que é na realidade. Cada episódio possui cerca de 50 minutos de duração.
Vale a pena assistir “A Bênção”?
“A Benção” certamente é um série interessante e que vale a pena assistir. Ela consegue prender o espectador, deixando sempre um pouquinho de quero mais no final de cada episódio. Outro ponto interessante, é ver as produções brasileiras atingirem um nível mais maduro.
Com uma temática bastante interessante, saindo de certos clichês de novelas brasileiras, a série consegue trazer um tom de seriedade, mostrando as consequências da ganância das pessoas, sem trazer pesquisas científicas absurdas como por exemplo a novela “O Clone”.
Com 8 episódios de cerca de minutos cada um, “A Bênção” merece uma chance de ser analisada, considerando ainda que em seu final, temos uma brecha enorme para uma segunda temporada.
A Bênção está disponível nas plataformas Looke, Claro TV+ (Now) e Vivo Play.
