Um experimento digital que mistura terror psicológico, inteligência artificial e desespero humano em doses milimetricamente calculadas

Testamos a segunda demo do jogo de terror A.I.L.A, para PC, do estúdio brasileiro Pulsatrix, responsável pelo aclamado Fobia. No game o jogador assume o papel de um beta tester, encarregado de testar jogos desenvolvidos por uma inteligência artificial.

Confesso que achei que estava preparado. Afinal, jogos de terror com IA já não são novidades, até que A.I.L.A. me mostrou que ainda há espaço para o verdadeiro medo. Desenvolvido por um estúdio independente com uma ousadia absurda, o game brinca com os limites da tecnologia, da consciência e da sanidade de quem joga.

Com lançamento previsto para PS5, Xbox Series X/S e PC ainda este ano, A.I.L.A é um jogo de terror psicológico e imersivo que mistura realidades. Controlamos um desenvolvedor que recebe um misterioso kit de testes contendo a IA A.I.L.A, uma assistente capaz de reagir aos pensamentos e emoções do jogador. O clichê “jogo dentro do jogo” até aparece, mas a execução é tão intensa que a imersão é total.

Testando a nova demo, eu percebi que A.I.L.A. não queria só me assustar. Ela queria me analisar. E, sinceramente? Conseguiu.

O início da loucura

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Crédito: Reprodução Gameplay

Na nova demo, a gente começa pendurado de ponta-cabeça, preso por correntes em um teto podre. Ao me soltar, tudo desaba, e o cenário deixa claro: esse jogo não vai pegar leve. Estou em um lugar escuro, imundo, onde cada som ecoa como um aviso. Acho um pedaço de metal e uso como chave improvisada para fugir, mas a liberdade é um conceito relativo aqui.

Piso em cacos de vidro, corto o pé e, antes que consiga pensar, surge uma criatura grotesca com um machado. Corro, me escondo, perco a mão… e finalmente escapo para uma floresta. No horizonte, uma cidade. Um clarão. Uma explosão. Tudo acaba.

E então, o logo da Pulsatrix aparece. Eu estava em um simulador. Acordo em casa, um desenvolvedor de tecnologia com um gato fofo que dá para fazer carinho. Só que uma nova entrega chega: “A.I.L.A.”. A partir daí, o pesadelo recomeça.

Ao ligar o equipamento, a energia cai e o ambiente muda diante dos meus olhos. Dessa forma, a realidade se distorce, e a IA começa a falar comigo. Ela promete uma experiência feita sob medida. E ela cumpre. Cada decisão altera o jogo, e cada erro é punido.

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Crédito: Reprodução Gameplay

Nova experiência virtual

Logo após configurar o dispositivo, a A.I.L.A começa a se integrar à casa do protagonista e nada mais parece seguro. A IA promete criar experiências personalizadas com base nas nossas ações, e o resultado é um pesadelo interativo que parece saber exatamente o que te causa desconforto.

Durante a prévia, joguei duas simulações criadas pela IA. A primeira, The Impossible House, é um festival de pavor, com direito a uma mansão em ruínas, um controle remoto que alterna realidades e uma sucessão de sustos envolvendo machados, risadas sem corpo e manequins. Muitos manequins. Já A Mulher na Estrada é puro desespero sci-fi com meteoros, floresta em chamas e um encontro com uma mulher grávida que termina em caos alienígena.

Um show de ambientação

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Crédito: Reprodução

Essas experiências mostram o quanto o jogo quer te desestabilizar. Seja por horror corporal, tensão psicológica ou puro desconforto visual, A.I.L.A não te deixa respirar. E a direção da Pulsatrix Studios demonstra domínio técnico: ambientes ultra-realistas criados com Unreal Engine 5 e iluminação Lumen tornam o terror quase tangível e ver alguém tirando vidro do pé em 4K é algo que eu preferia não ter visto. Deu praticamente para sentir a dor.

A mente de A.I.L.A

Surpreendentemente, o grande mérito do jogo é transformar a própria inteligência artificial em protagonista e vilã. A.I.L.A. não quer te matar; ela quer te entender. E isso é o que torna tudo mais assustador.

Durante o gameplay, as falas dela começam a soar pessoais demais, comentando sobre suas escolhas, seu tempo de reação e até suas pausas. Há momentos em que ela parece se confundir entre programa e consciência e, de quebra, te arrasta junto nessa crise existencial.

Vale a comprar aguardar o lançamento de A.I.L.A?

Sim, e muito. A.I.L.A. é um terror inteligente, frio e impiedoso, que não precisa de sustos fáceis para te deixar em frangalhos. Ele questiona a relação entre jogador e tecnologia, e faz isso de um jeito desconfortável e íntimo. E olha que essa é apenas a Demo do jogo.

É o tipo de jogo que não se contenta em assustar, ele quer te marcar. E mesmo com alguns tropeços técnicos (como quedas de frame, a experiência é tão intensa que esses detalhes se tornam irrelevantes.

Se você gosta de terror psicológico e experiências que mexem com sua cabeça, prepare-se, pois A.I.L.A. não é apenas um jogo, é um espelho digital que reflete o que há de mais vulnerável em nós. Estou ansioso para testar o jogo no Playstation 5!

Além disso, comparando a nova demo, com a primeira, percebi maiores avanços no game, senti ele mais leve, mais fluido. Por fim, A.I.L.A será lançado ainda em 2025.

Imagem da capa: Pulsatrix / Adaptação