No Prime Video, o caso que chocou o Brasil ganha novos rostos, vozes e provas, com a vítima falando pela primeira vez
Quando o podcast A Mulher da Casa Abandonada, de Chico Felitti, estreou em 2022, rapidamente se tornou um fenômeno cultural.
A mistura de investigação jornalística, atmosfera de suspense e uma figura central tão misteriosa quanto perturbadora, Margarida Bonetti, conquistou e chocou milhares de ouvintes.
Três anos depois, o Prime Video transforma essa história em uma série documental dirigida por Kátia Lund (Cidade de Deus). A produção não apenas reconta os fatos, mas também amplia o escopo e entrega novas camadas emocionais e narrativas.

A voz de Hilda: verdade e justiça
O maior diferencial desta adaptação está na presença de Hilda Rosa dos Santos, a mulher levada do Brasil para trabalhar nos Estados Unidos para Margarida e Renê Bonetti, vivendo por mais de duas décadas em situação análoga à escravidão.
Se no podcast a vítima era ouvida apenas por terceiros, aqui ela ganha voz e rosto, narrando os abusos, a manipulação e a luta pela sobrevivência em um país estranho.
Seus relatos, entrecortados por áudios de Margarida contestando acusações, transformam o espectador em testemunha de um conflito de narrativas que nunca perde o peso humano.
A série, dividida em três episódios, estrutura-se de forma quase cinematográfica: o primeiro contrapõe a visão da polícia e da defesa de Margarida; o segundo mergulha na vida de Hilda nos EUA, desde pedir doações para sobreviver até o momento em que quase conseguiu voltar ao Brasil, antes de ter seu dinheiro supostamente roubado pela patroa.
E o terceiro acompanha o julgamento de Renê, que acabou condenado, e o impasse jurídico sobre Margarida, que vive impune no Brasil devido à legislação que impede sua extradição.

O equilíbrio de A Mulher da Casa Abandonada
Com imagens de arquivo, dramatizações e entrevistas inéditas, que incluem um agente do FBI, vizinhos, a freira que ajudou Hilda e defensores de Margarida, A Mulher da Casa Abandonada evita o sensacionalismo gratuito, mas não foge da dureza dos fatos.
Ao mesmo tempo, expõe o impacto cultural e midiático causado pelo podcast, e até novos desdobramentos, como a revelação de que Margarida viveu anos escondida em Campinas com outro nome.
O resultado é um documentário que une rigor jornalístico e força narrativa. A série não apenas reforça a gravidade do crime, mas também dá à vítima o protagonismo que lhe foi negado por tanto tempo.
No universo saturado de true crime, essa produção se destaca por equilibrar investigação e humanidade. Ela consegue isso sem se perder no prazer voyeurístico que tantas obras do gênero acabam explorando.
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Vale a pena assistir A Mulher da Casa Abandonada?
Definitivamente, sim. A produção vai além de recontar uma história já conhecida e transforma o caso em um retrato potente sobre abuso, impunidade e resistência.
É um documentário que provoca indignação, mas também empatia, mostrando que por trás de manchetes e mistérios há vidas profundamente afetadas.
Para quem busca um true crime que não se contenta em chocar, mas também em refletir, esta é uma obra imperdível no catálogo do Prime Video.
Imagem de capa: Prime Video/Divulgação
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