Uma nova fase para Matt Murdock e o Demolidor
O episódio “Ótica” de Demolidor: Renascido se destaca ao apresentar uma narrativa mais fluida e bem estruturada do que o primeiro capítulo. Diferente do episódio inaugural, que tinha o desafio de reconfigurar o status quo da série, “Ótica” funciona como um ponto de partida mais eficiente para a nova fase do Demolidor.
O passado é deixado para trás quase que completamente, com a principal exceção sendo os dilemas internos de Matt Murdock. Ele ainda se questiona sobre retomar ou não seu papel como vigilante em uma Nova York onde o ex-Rei do Crime, agora em uma posição de poder legalmente reconhecida, busca eliminar os heróis mascarados. Vincent D’Onofrio mais uma vez brilha como Wilson Fisk, dominando a tela em cada cena. Assim, um dos momentos mais marcantes é sua sessão de terapia de casal com sua esposa, conduzida pela terapeuta Heather Glenn (Margarita Levieva), que, curiosamente, também se torna o interesse amoroso de Matt. Essa conexão é promovida por Kirsten McDuffie (Nikki M. James), sua nova sócia.
Prefeito Fisk contra os vigilantes

No entanto, elogiar D’Onofrio já se tornou redundante, pois é difícil encontrar um projeto em que ele não seja um dos destaques absolutos. Charlie Cox também entrega uma excelente atuação, especialmente ao assumir a defesa de Hector Ayala (Kamar de los Reyes), o Tigre Branco, acusado do assassinato de um policial. A luta que leva à acusação surpreende não apenas pelo desfecho, mas por evitar uma abordagem maniqueísta, explorando nuances e complexidade moral.
A posição de Fisk contra os vigilantes ganha ainda mais força por sua aliança com a força policial, um aspecto enfatizado pela vlogueira BB Urich (Genneya Walton), sobrinha do falecido jornalista Ben Urich. Fisk manipula a narrativa de forma estratégica para impedir a aposentadoria de protesto do comissário Gallo (Michael Gaston), que tem sérias desavenças com o prefeito. Essa dinâmica reforça a trama, que se distancia do passado da série original para criar uma nova identidade. O resultado é uma história que poderia muito bem ser a primeira versão audiovisual do Demolidor, com conflitos claramente estabelecidos, mas sem dicotomias simplistas entre o bem e o mal.
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Brutalidade visceral

O episódio culmina em uma intensa cena de luta. Matt Murdock, desesperado para encontrar o homem que Ayala afirma ter salvo no metrô, recorre aos seus sentidos aguçados para localizá-lo antes que seja assassinado por policiais corruptos. A maneira como seus poderes são retratados lembra como o Superman precisa filtrar a cacofonia ao seu redor, mas com um toque de paciência e concentração pouco explorado em produções de super-heróis.
Diferente da luta vista no primeiro episódio, que parecia um show de brutalidade sem motivação sólida, aqui a ação surge de uma necessidade extrema. Murdock se segura o quanto pode, mas, suportando a violência até o momento em que a raiva explode. O resultado é uma sequência visceral e impactante, sem truques de câmera excessivos ou cortes intermináveis. A direção de Michael Cuesta encontra um novo padrão para as cenas de luta do Demolidor, mantendo a intensidade sem exageros estilísticos.
Se “Meia Hora do Céu” deixou dúvidas sobre os rumos da série, “Ótica” traz um vislumbre do potencial de Demolidor: Renascido. Ainda que a série precise encontrar seu ponto de equilíbrio, este episódio sugere que a reconstrução da história pode ter sido a decisão correta. Com a entrada de Dario Scardapane no projeto, há esperança de que os fãs do Demolidor vejam finalmente a versão do herói que tanto aguardavam, sem abdicar da inovação.
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