Chegamos a reta final da nova série de Doctor Who, em seu 7º episódio intitulado “A Lenda de Ruby Sunday (The Legend of Ruby Sunday)”, começamos a descobrir a verdade sobre Ruby Sunday. Além disso, os últimos episódios prometem o retorno de um clássico vilão da série.

Em português, ele é mais conhecido como Seth. Em inglês, Sutekh é a denominação mais comum. Deus do panteão do Egito Antigo, essa figura representa o caos, a guerra, a seca e a perturbação. No universo de Doctor Who, ele apareceu pela primeira vez na era do 4º Doutor, no arco The Pyramids of Mars (1975). Sendo assim, descrito como um dos habitantes da Corte Osiriana, nativa do planeta Phaester Osiris.

Doutor e Mel
Reprodução: Disney+

Essas figuras humanoides se estabeleceram no Egito Antigo e então adoradas pelos humanos como deuses. Porém, nesta cosmologia, Sutekh é também um exterminador, capaz de destruir todas as formas de vida que desafiem sua dominação. Na 2ª nova série de Doctor Who, ele já tinha sido citado como “O Mais Antigo” e “Aquele que Espera“, revelando-se como o grande vilão por trás dos eventos em “A Lenda de Ruby Sunday (The Legend of Ruby Sunday)“. Nesse contexto, estão a misteriosa vizinha de Ruby, a própria Ruby, e as várias figuras interpretadas por Susan Twist.

Algo mais antigo que o próprio Universo

Susan Triad
Reprodução: Disney+

Deixando de lado os momentos com Carla Sunday, a narração dela durante as cenas da Janela do Tempo é a parte mais fraca do episódio e, na minha opinião, enfraquece toda a cena. Tirando isso, gostei de como Russell T. Davies organizou esse penúltimo episódio, preparando-nos para o final da temporada. Curiosamente, o início do episódio é muito diferente do final, lembrando o estilo de “Ponto e Bolha“, com uma mudança de tom, inclusive na fotografia e na paleta de cores, ao longo do episódio.

Os atos iniciais de “A Lenda de Ruby Sunday (The Legend of Ruby Sunday)” são intensos no ritmo, mas leves no conteúdo, chegando a ser bobos, especialmente pela presença de Vlinx (Nicholas Briggs) e Morris Gibbons (Lenny Rush), o gênio de 13 anos que é o atual conselheiro científico da UNIT. Aliás, sobre esse cargo, é compreensível que a corporação tenha vários indivíduos nomeados, inclusive simultaneamente, mas é inaceitável que um personagem em um cargo tão icônico desapareça sem explicações. Isso já aconteceu com Osgood e Shirley, e espero que não aconteça com Morris também. Esse não é um cargo qualquer, foi ocupado pelo Doutor por muitos anos, a produção deveria ter mais consistência e cuidado ao inseri-lo em um enredo.

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Enquanto buscava por Susan e pela mãe de Ruby, apesar de ser também uma busca pela identidade de Ruby, o Doutor foi confrontado por várias estranhezas. Não quero me deter na origem ou motivação, pois ainda não temos respostas, mas é válido dizer que a presença de Sutekh deu um peso fascinante de fantasia e terror ao episódio.

Além da estética belíssima, das possessões, da temática egípcia e da trilha sonora, a progressão da trama é excelente. Temos um interessante acréscimo à mitologia da série, com a árvore genealógica de Sutekh sendo explorada, incluindo seus filhos que apareceram em várias mídias de Doctor Who, como Mara (Kinda), Anúbis (As Areias do Tempo), Toymaker (The Celestial Toymaker), Mister Dread (O Cofre dos Segredos), Trickster (O Que Aconteceu com Sarah Jane?) e outros que ainda não apareceram, mas agora têm sinal verde para futuras criações.

No fim, tudo o que temos é a morte

Doctor, Susan e Mel
Reprodução: Disney+

Foi sensacional ver o ator Gabriel Woolf, aos 92 anos, voltar a dublar o personagem que interpretou em 1975. É muito interessante quando a série respeita o legado de seus personagens. A última vez que fiquei tão feliz com o retorno de um vilão clássico foi com os Zygons, em “The Day of the Doctor”, e ver isso agora com Sutekh é maravilhoso.”A Lenda de Ruby Sunday (The Legend of Ruby Sunday)” não revela muito sobre o arco da temporada, mas estabelece um ótimo contexto para o final.

Do meio para o fim, o episódio ganha força com a direção de Jamie Donoughue, culminando em um cliffhanger de respeito. Assim, as respostas, as reais motivações e as revelações virão na próxima semana. Por enquanto, ficamos com o sorriso amedrontado de quem viu o tenebroso Sutekh retornar. A grande questão é: “em qual universo?” Como destacado de forma exagerada em “O Som do Diabo“, essa fase do Doutor “sempre traz uma reviravolta no final“. Será esse o mistério apenas da 1ª Temporada ou de toda a Era do 15º Doutor? Em sete dias, teremos as respostas.