Faça o seu círculo de transmutação, pois o novo filme live-action de Fullmetal Alchemist chegou na Netflix neste final de semana.

O novo longa é continuação da primeira parte de 2017, trazendo de volta o alquimista baixinho e seu irmão. 

No entanto, no primeiro live-action, o filme recebeu algumas críticas, e alguns fãs não gostaram tanto do desenvolvimento da trama, ou melhor: de sua adaptação para além da animação. Sendo assim, a continuação chega trazendo dúvidas de como irá seguir após todos os eventos da primeira parte.

A segunda parte segue com a jornada dos irmãos Elric em busca de recuperar seus corpos.

Caso você não se lembra do filme anterior, não se preocupe: em suma, os irmãos Edward e Alphonse perderam seus corpos após tentar ressuscitar a mãe com alquimia. Porém, o preço pela tentativa foram os braço e perna de Ed e o corpo de seu irmão mais novo, Alphonse e ainda falharam no processo.

Desde então, os irmãos Elric buscam a pedra filosofal, um artefato misterioso que permite que transmutações sejam feitas sem a necessidade da troca equivalente. Por isso, eles a procuram para recuperar seus corpos.

Agora, a jornada dele os leva de encontro com um assassino em série que está caçando Alquimistas Federais. Enquanto isso, os homúnculos continuam a tramar seu misterioso plano.

Diante desse cenário, será que novo filme acerta? Vamos ver!

scar fullmetal alchemist live action
Imagem: Reprodução

Consequências da Guerra… e da primeira parte

Por ser uma sequência, o novo filme sente diretamente com os eventos de seu antecessor.

Vale lembrar que a primeira parte da trilogia tem acertos, mas também muitos apontamentos questionáveis durante seu desenvolvimento e seu clímax. Por isso, a segunda parte já inicia-se vítima das escolhas da produção e das consequências destas.

Em outras palavras, a trama de 2 horas busca constantemente realinhar a trama e consertar sua narrativa de modo linear e agradável, ao mesmo tempo em que visa adaptar a obra original em uma perspectiva singular.

Assim, diante do desafio, a história precisa fazer constantes remendos, gerando assim confusão, lacunas no desenvolvimentos e superficialidade, bem como descontinuidade entre algumas cenas. 

Para se ter uma ideia, fãs de Fullmetal Alchemist e quem acompanhou o mangá e/ou os animes, poderão sentir dificuldade em se localizar e compreender corretamente o que está acontecendo e para onde a história caminha.

E boa parte desta confusão se deve a forma em que a primeira parte foi adaptada, deixando a segunda a sentir as consequências.

hughes fullmetal alchemist live action
Imagem: Reprodução

Uma adaptação Fullmetal Alchemist?

Veja, não teria problema em mudar a ordem cronológica ou alterar ou remover os eventos na hora de adaptar, afinal, uma adaptação é uma releitura da obra do ponto de vista do diretor. Porém, desde que a adaptação se desenvolva de modo coerente.

Portanto, Scar The Avenger sofre por ter que corrigir erros do passado.

Contudo, o filme tem momentos empolgantes sim. Aqui, você verá a apresentação de eventos importantíssimos para a história como um todo. Inclusive, são nesses arcos há um maior desenvolvimento de outros personagens e suas motivações para estarem onde estão.

Outro acerto está na paciência. A direção soube apreciar os elementos com sutileza, deixando propositalmente algumas “pontas soltas” para serem melhor trabalhadas no futuro.

Uma pena que, quando a história finalmente toma um rumo coerente, ela logo tropeça e erra novamente, condenando o terceiro filme (The Final Alchemy – estreia para 24 de setembro) a corrigir os erros deixados pelo último longa.

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Imagem: Reprodução

O círculo de transmutação e de repetições

Acredito que ficou claro quanto a trama. Mas e quanto aos demais aspectos.

Bem, quanto ao CGI, o padrão do primeiro filme se repete, ou seja, os efeitos especiais não são fluidos nem naturais, porém, não chegam a incomodar ou a atrapalhar a experiência (há motivos maiores que a afetam, como o que já foi dito acima). 

Alias, não incomodariam, se não fosse um em especial: a tão esperada aparição de Louis Armstrong.

Um dos personagens mais amados finalmente deu as caras, mas o resultado não é tão agradável aos olhos, uma vez que utilizam efeitos especiais para dar músculos ao ator Koji Yamamoto.

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Imagem: Reprodução

Os efeitos realmente deixam a desejar nesse momento, o que faz o querido personagem perder seu brilho. Acredito que, uma melhor alternativa seria o uso de efeito práticos/maquiagem, como foi feito com Colin Farrell, em The Batman, ou Jamie Campbell Bower, em Stranger Things.

Todavia, vale ressaltar que, mesmo com os efeitos não tão belos (para não dizer estranhos), isso não tira o mérito de sua atuação, pelo contrário: tanto Yamamoto quanto os outros atores, entregam atuações empolgantes, dando vida ao mesmo tempo que retratam muito bem a personalidade de seus respectivos personagens.

E por sinal, os fãs poderão sentir um quentinho no coração quanto a certas atuações tão caricatas, remetendo diretamente ao que é apresentado na obra original. 

Afinal, novo live-action de Fullmetal Alchemist vale a pena?

Sem dúvida, uma pergunta difícil de responder.

É um filme que sente as consequências da adaptação anterior e perde muito tempo precisando tapar buracos deixados pelo mesmo para então poder caminhar com as próprias pernas.

Quando finalmente consegue traçar um curso de história, ele consegue acertar muito bem, mas logo se atrapalha na narrativa e comete erros parecidos com os da primeira parte.

Uma dica é: não vá assistir pensando nos efeitos especiais, uma vez que estes são ora simples ora mal finalizados, porém, não atrapalham o desenrolar da história. 

Em resumo, o filme é divertido, é aquela obra que se você for assistir com pouca expectativa, será um entretenimento agradável mas nada surpreendente.

Talvez o ponto mais alto do filme seja o fato de adaptar a obra de Hiromu Arakawa, o que dá uma direção para onde o filme deve seguir (apesar de ainda se perder na narrativa, mesmo tendo um mapa e uma bússola em mãos).

Por fim, a continuação é melhor que o anterior, mas está muito longe de ser a melhor adaptação da história, deixando Fullmetal Alchemist Brotherhood ainda no topo.

A segunda parte da história dos irmãos Elric já está disponível na Netflix. Porém, se você quiser acompanhar a jornada completa e original, o anime encontra-se na Crunchyroll.

Matéria editada em 17/10/2023, às 17h36min

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