Nova série documental expõe bastidores sombrios do reality show que transformou sofrimento em entretenimento
Nos anos 2000, a televisão parecia não ter limites na busca por audiência. Foi nesse cenário que surgiu The Biggest Loser, reality show da NBC que transformava a perda extrema de peso em espetáculo competitivo.
Agora, a série documental em três partes Magreza na TV: A Verdade de The Biggest Loser, dirigida por Skye Borgman, revisita esse fenômeno cultural, e expõe os danos físicos e psicológicos deixados para trás.
Logo de início, o documentário apresenta Danny Cahill, campeão da oitava temporada, que reaparece com muito do peso recuperado.
É o primeiro sinal de que o “milagre” vendido pelo programa não era sustentável. Segundo estudos citados, a maioria dos participantes voltou a engordar rapidamente, em parte porque o método imposto reduzia o metabolismo de forma perigosa.
Os bastidores obscuros de The Biggest Loser
A produção intercala depoimentos de ex-concorrentes, como Joelle Gwynn, Ryan Benson, Hannah Curlee, Olivia Ward, Tracey Yukich, com relatos de médicos, produtores e até o treinador Bob Harper, um dos rostos mais duros da atração.
Jillian Michaels, a outra treinadora, recusou-se a participar, mas sua sombra paira sobre a narrativa. “Perdi todo o foco em ficar saudável. Era sobre vencer”, admite Benson, que chegou a urinar sangue após a final.
O documentário também aponta contradições graves: embora promovesse uma imagem de superação, o programa incentivava dietas restritivas, uso de pílulas de cafeína e exercícios extremos, ignorando completamente o acompanhamento de longo prazo.
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Entre espetáculo e cicatrizes
Visualmente, a série mantém o ritmo frenético de uma competição televisiva, mas às vezes se perde entre tantas vozes e perspectivas.
Ainda assim, suas revelações são contundentes: por trás do entretenimento, havia exploração, humilhação e riscos de saúde mascarados por discursos de motivação.
Esse documentário se insere no “microgênero” que revisita a era dos reality shows cruéis. O saldo é claro: The Biggest Loser pode ter inspirado muitos espectadores, mas deixou cicatrizes profundas em quem participou.
Ao revelar esse legado, Magreza na TV não apenas resgata um pedaço da história televisiva, mas também questiona até onde a indústria está disposta a ir em nome da audiência.
Imagem de capa: NBC/Reprodução
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