Ninguém Quer brinca com os clichês, desafia tabus religiosos e entrega uma história de amor tão engraçada quanto inesperadamente sensível
Histórias de amores impossíveis entre pessoas de religiões diferentes não são exatamente novidade. Mas Ninguém Quer (ou Nobody Wants This, no título original) tem algo raro: charme próprio.
Criada por Erin Foster, a série acerta ao subverter expectativas e entregar uma comédia romântica adulta, divertida, melancólica e provocadora, com muito mais a dizer do que se espera à primeira vista.
Kristen Bell (The Good Place) é Joanne, uma podcaster desbocada e cínica, que apresenta um programa sobre sexo ao lado da irmã Morgan (Justine Lupe).
Adam Brody (O.C. Um Estranho no Paraís0) interpreta Noah, um jovem rabino carismático e idealista, recém-saído de um relacionamento com uma mulher judia tradicional. A colisão entre esses dois universos tão distintos rende, além de boas risadas, momentos genuinamente tocantes.

Ninguém Quer acerta ao equilibrar humor, fé e afeto
Apesar de flertar com o sentimentalismo, especialmente no piloto, a série logo encontra seu tom. Os diálogos são afiados, os personagens ganham profundidade com o tempo, e o roteiro sabe equilibrar romance com questões mais complexas, como identidade, pertencimento e as pressões invisíveis da tradição.
A química entre Bell e Brody é palpável, mas quem realmente rouba a cena são os coadjuvantes. Morgan, irmã de Joanne, e Sasha, irmão de Noah (Timothy Simons), formam uma dupla disfuncional e deliciosa de assistir. O tempo de tela dedicado a eles ajuda a série a respirar e crescer além do núcleo romântico.
Ninguém Quer não tem medo de pisar em terrenos delicados. A trama faz piadas sobre costumes judaicos de maneira ousada, por vezes, arriscando esbarrar no estereótipo.
Mas mesmo quando escorrega, a série se mostra mais interessada em provocar empatia do que em zombar. O humor nunca é cruel, mas serve para iluminar as tensões entre tradição e liberdade individual.
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A série supera o clichê da comédia romântica
No centro da série, está o conflito que move Noah: seguir o caminho esperado por sua comunidade ou escolher um amor improvável que ameaça sua posição como rabino.
É um dilema que reflete não só o romance, mas o drama silencioso de viver entre dois mundos, e nunca se sentir completamente aceito em nenhum.
Ao longo dos 10 episódios, Ninguém Quer amadurece, encontrando equilíbrio entre leveza e profundidade. Ela é divertida sem ser boba, romântica sem ser clichê, e reflexiva sem parecer pretensiosa. A série se apresenta como uma comédia romântica, mas sai do gênero maior do que entrou.
Ninguém Quer vale a pena?
A série é aquele tipo de programa que começa como passatempo leve, mas termina deixando algo para pensar.
Com um elenco carismático, roteiro afiado e coração no lugar certo, é uma surpresa saborosa e inteligente, uma raridade entre tantas produções genéricas de streaming.
Imagem de capa: Saeed AdyaniI/Netflix
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