“Only Murders in the Building” explora mistério, humor e relações do trio central, mas a 5ª temporada revela um desgaste na fórmula da série
Todos os episódios da quinta temporada de “Only Murders in the Building“, criada por Steve Martin e John Hoffman, chegaram ao Disney+ e prometem encerrar arcos e introduzir novos mistérios.
A série, dirigida por Martin mantém a ideia central de acompanhar o trio principal – Charles (Martin), Oliver (Martin Short) e Mabel (Selena Gomez) – enquanto investigam assassinatos em seu prédio, o Arconia. No entanto, a narrativa desta temporada apresenta desafios que afetam a coesão da trama e a efetividade do suspense.

Química do trio principal
O grande trunfo da série continua sendo a interação entre Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez. A química do trio sustenta episódios que, de outra forma, poderiam se perder (mais) em excesso de subtramas e personagens secundários. As dinâmicas entre Charles, Oliver e Mabel equilibram humor e tensão, mantendo o interesse mesmo quando o enredo principal se torna previsível.
Cada personagem oferece contraste e profundidade: Charles com seu perfeccionismo e inseguranças, Oliver com humor e imprudência, e Mabel com perspicácia e sensibilidade. Essa interação é o alicerce emocional da série, garantindo que o público permaneça conectado aos protagonistas, independentemente dos altos e baixos do roteiro.
No entanto, a temporada evidencia uma tendência problemática: o enredo se apoia demasiadamente em figuras famosas. O efeito cômico, antes aleatório e inesperado, tornou-se previsível, diminuindo o impacto das surpresas. Paul Rudd e Meryl Streep apesar de acrescentar diversidade ao trio de personagens principais, não conseguem recuperar a originalidade perdida com tantas aparições de celebridades.
Isso, além de todos os novos personagens acrescentados nessa temporada, como: Sofia Caccimelio (Téa Leoni), Nicky Caccimelio (Bobby Cannavale), Camila White (Renné Zellweger), Jay Pflug (Logan Lerman), Bash Steed (Christoph Waltz), Prefeito Tillman (Keegan-Michael Key), Lorraine Coluca (Dianne Weist), Randall (Jermaine Fowler) e Althea (Beanie Feldstein).

Contexto, narrativa e gênero
Ao longo da temporada, o podcast que dava identidade à série é completamente deixado de lado na narrativa. A decisão de encerrar “Only Murders” dentro da história retira um elemento central da experiência, substituindo-o por investigações isoladas e pouco conectadas ao espírito original da série.
Isso torna o mistério menos envolvente, especialmente considerando que temporadas anteriores equilibravam pistas falsas e revelações sutis de forma inteligente. Na quinta temporada, a investigação se move de forma linear, com muitas subtramas e poucos elementos de suspense realmente impactantes.
Outro ponto relevante é o uso do robô LESTR, que funciona quase exclusivamente como dispositivo de enredo. O robô aparece convenientemente nos momentos certos para registrar acontecimentos, mas não gera tensão ou profundidade narrativa. Essa solução simplista ilustra como a temporada recorre a mecanismos fáceis em vez de desenvolver investigações mais complexas.
Apesar das fragilidades do enredo, a temporada se destaca por transformar o Arconia em mais do que cenário: o prédio se torna personagem, lar de moradores diversos e palco das tensões sociais, políticas e pessoais da história. A luta do trio para proteger o local de ameaças externas, como Camila White e seu esquema de máquinas caça-níqueis, confere à narrativa uma dimensão coletiva.

Diálogo e conectividade com temporadas anteriores
A temporada busca revisitar elementos do passado, trazendo de volta personagens como Teddy (Nathan Lane) e seu filho Theo (James Caverly). A tentativa de criar continuidade é evidente, mas a execução apresenta falhas.
Além disso, Oliver, Charles e Mabel demonstram pouco interesse genuíno pelas investigações, apesar de expressar preocupação com a morte de Lester (Teddy Coluca). A narrativa se torna imprevisível de forma negativa, com mortes e pistas que soam arbitrárias.
Mesmo assim, a série mantém momentos de surpresa e humor inesperado, como a morte de Tina Fey em cena, ou a resolução da ameaça contra Lester, que conecta arcos anteriores ao desfecho da temporada. Essas escolhas reforçam o estilo característico da série: misturar comédia, suspense e referências internas, embora sem o impacto emocional das primeiras temporadas.
A quinta temporada de “Only Murders in the Building” entrega boas ideias que nem sempre são concretizadas. As subtramas, como o controle do podcast por interesses externos, são pouco exploradas, tornando algumas resoluções insatisfatórias.
Ainda assim, a série mantém o foco na amizade do trio e no Arconia, que funcionam como elementos centrais capazes de sustentar o interesse do espectador. O mistério principal carece de tensão e as motivações dos assassinos parecem superficiais, reduzindo o peso dramático do desfecho.
A temporada prepara o terreno para novos assassinatos, mantendo a mecânica característica do suspense da série: sempre há uma próxima vítima, sempre há um novo caso. Essa previsibilidade diminui a surpresa, mas reforça a estrutura que tornou a série popular.
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Vale a pena assistir “Only Murders in the Building”?
Apesar das falhas de enredo, da sobrecarga de celebridades e da eliminação do podcast, a quinta temporada de “Only Murders in the Building” mantém o trio principal e o Arconia como elementos centrais de interesse.
A química entre Martin, Short e Gomez, combinada à presença do prédio como personagem vivo, sustenta a narrativa. Se o público valoriza mistério com pitadas de humor e acompanhamento de personagens já conhecidos, a temporada oferece entretenimento satisfatório, mesmo que não alcance a força dramática e o frescor das primeiras temporadas.
Imagem de capa: Hulu/Divulgação
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