Concorrendo ao Emmy de Melhor Série de Drama, Paradise prende desde o primeiro minuto com mistério e atuações poderosas
Logo nos primeiros minutos de Paradise, série criada por Dan Fogelman (This Is Us), percebemos que algo está fora do lugar, e não apenas por causa do assassinato do presidente dos Estados Unidos.
O que começa como uma série que busca um culpado pelo crime, se transforma em um thriller político de tons sci-fi, com direito a grandes revelações, conflitos morais e uma atmosfera de desconfiança quase sufocante.
Concorrente ao Emmy de Melhor Série de Drama, Paradise segue a investigação informal conduzida por Xavier Collins (Sterling K. Brown), o agente do Serviço Secreto que encontra o presidente Cal Bradford (James Marsden) morto em seu quarto.
O caso se complica à medida que cada personagem parece esconder algo, e a série, com inteligência, nos faz suspeitar de todos.

Paradise explora o lado sombrio das relações em uma comunidade idealizada
A trama se desenrola em uma comunidade idílica onde figuras poderosas vivem sob o disfarce de normalidade. Um toque de ficção científica é inserido já no final do primeiro episódio, abrindo espaço para debates sobre poder, manipulação e luto; e é aqui que Fogelman traz sua assinatura emocional, aproximando Paradise de This Is Us, ainda que em um registro mais sombrio.
A narrativa é conduzida com precisão: cada episódio foca em um personagem, aprofundando a psicologia e as motivações do elenco, o que fortalece o mistério e sustenta a tensão.
A série faz uso de flashbacks, às vezes de forma excessiva, mas consegue manter o ritmo fluido e envolvente, sempre nos empurrando para o próximo capítulo.

Atuações elevam o drama e fortalecem os dilemas morais
Destaque vai para Sterling K. Brown, nomeado ao Emmy de Melhor Ator, que carrega a série com uma performance contida, mas vibrante. Mesmo nos momentos de silêncio, Brown transmite muitos de sentimentos, dor, dúvida, raiva, e afeto. Ele é a âncora da série, e seu Xavier é um protagonista complexo e instigante.
Julianne Nicholson, indicada ao Emmy de Melhor Atriz Coadjuvante, vive a bilionária Samantha “Sinatra” Redmond, uma figura fria, poderosa e absolutamente convincente como antagonista, embora ela jamais se veja dessa forma. Nicholson constrói uma personagem que age por convicções inabaláveis, o que a torna ainda mais ameaçadora.
Surpreendentemente, James Marsden (nomeado a Melhor Ator Coadjuvante) entrega uma de suas melhores atuações como Cal Bradford, um presidente relutante, humano e melancólico. Mesmo aparecendo apenas em flashbacks, Marsden imprime ao personagem uma profundidade comovente, tornando sua morte mais impactante à medida que o conhecemos.
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Paradise não reinventa, mas domina o jogo do suspense político
A série acerta ao construir uma atmosfera inquietante: a direção de arte minimalista, os cenários quase irreais e a iluminação branca e fria criam um ambiente asséptico que incomoda.
Essa estética reforça a sensação constante de que algo está fora do lugar, intensificando a paranoia e a tensão política que atravessam a narrativa.
Apesar de algumas reviravoltas parecerem forçadas, a série mantém sua solidez narrativa. O destaque vai para o episódio 7, um capítulo que eleva a temporada a um novo patamar. Intenso, emocional e carregado de consequências concretas, é o ponto de virada que justifica a jornada até aqui.
Paradise não reinventa o gênero, mas entrega um suspense de alto nível, com atuações brilhantes e narrativa envolvente.
Sua força está menos no mistério central e mais na forma como os personagens reagem a ele, um jogo de poder, lealdade e perda que sempre nos faz querer descobrir o que vem a seguir.
Imagem de capa: Reprodução/IMDB
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