No episódio After Hours, acompanhamos os primeiros passos de Oz Cobblepot, o Pinguim, em sua busca para dominar o submundo criminoso de Gotham. A narrativa mergulha nas sombras da cidade, mostrando a sua ascensão implacável enquanto navega pelas intrigas e traições que definem o universo sombrio do crime.

De início, “Pinguim” pode parecer desnecessário, assim como muitos derivados. Afinal, após várias séries da Marvel Studios, será que um seriado sobre um vilão do Batman tem validade? Com produção de Matt Reeves, o principal nome por trás do universo do Batman nos cinemas, a série mistura o estilo clássico dos dramas da HBO com a adaptação de quadrinhos da cultura pop.

Criada por Lauren LeFranc, a série dá continuidade ao filme estrelado por Robert Pattinson e acompanha Oz Cobblepot (Colin Farrell). Ele tenta se firmar no submundo do crime de Gotham, uma cidade que caminha para a destruição após a queda dos Falcone e o surgimento de novos grupos criminosos. O roteiro vai além de mostrar a ascensão de Oz, incluindo duas narrativas paralelas: um romance do passado e um aprendiz encontrado nas ruas da cidade.

A Ascensão de Oz Cobblepot no Submundo de Gotham

Review | Pinguim: After Hours
Reprodução: HBO Max

Esses dois arcos nunca desviam o foco do protagonista, interpretado por Farrell com claras inspirações em Família Soprano e outros clássicos da máfia, como O Poderoso Chefão. Embora caricato, Oz traz traços de uma realidade hollywoodiana com o glamour de filmes como Scarface ou dos neo-noirs de Denis Villeneuve e Christopher Nolan. Essa sensação de realismo fantástico é semelhante à que Reeves trouxe em Batman, um filme que equilibra dramas realistas com a liberdade de criar personagens e cenários fantásticos. Tanto Gotham quanto o Pinguim seguem essa fórmula à risca.

Os elementos que fazem da adaptação um sucesso no universo dos quadrinhos se somam ao ritmo do episódio, que é crucial para seu êxito como série da HBO. “Pinguim” não é um filme longo disfarçado de série, mas foi concebida para ser uma produção episódica, com várias tramas, reviravoltas e, acima de tudo, consequências. Não é uma história de origem, pois Oz já está envolvido com a máfia desde o início. A série é um drama sobre famílias criminosas em uma cidade dominada pelo medo e pela luta pelo poder, focada na ascensão de Oz como líder.

Além disso, as comparações com Família Soprano são inevitáveis, e essa é claramente uma das inspirações. A boa notícia é que LeFranc e Reeves souberam usar essas referências para fortalecer a narrativa, criando uma nova versão do Pinguim e expandindo uma Gotham que é tão atraente quanto a dos quadrinhos. A cidade, com suas figuras e transeuntes caricaturais, reflete nossa própria sociedade de maneira sombria e exagerada.

O que esperar?

Review | Pinguim: After Hours
Reprodução: HBO Max

Surpreendentemente, Pinguim não é exatamente o que se esperava. Ao mesclar o universo do Batman com uma trama de máfia, LeFranc e o diretor Craig Zobel optaram por um estilo que combina elementos de pastiche e ópera. A ascensão de Oz no império criminoso de Gotham começa com um assassinato impulsivo, seguindo diálogos intensos, acompanhados pela trilha sonora de Mick Giacchino, que remete mais a O Poderoso Chefão do que ao realismo de Sopranos.

As atuações também seguem essa linha. Farrell interpreta Oz com ambição e violência, mas deixa transparecer o ressentimento de um homem que sempre se achou especial, até encontrar alguém que não alimenta suas ilusões. Já Cristin Milioti, como Sofia Falcone, mistura humor e desespero, trazendo uma dualidade que cativa o espectador.

No final, o humor presente em Pinguim aproxima a série das HQs. Diferente do filme de Reeves, que focava em mapear o mundo de forma palpável, a série traz um dinamismo pop que refresca o universo do Batman. Esse é o benefício de uma franquia que não controla rigidamente o tom de todos os seus capítulos, sempre há espaço para resgatar e destacar elementos que ficaram de lado anteriormente.