Dirigida por Fernando e Quico Meirelles, Pssica retrata sem filtros violência, abuso e maldição urbana em quatro episódios ambientados em Belém
A Netflix aposta em uma narrativa sem alívio emocional com Pssica, minissérie ambientada em Belém que mergulha o espectador em um cenário de violência, machismo e pobreza, onde os personagens parecem carregados por uma maldição constante.
Com quatro episódios, a produção explora o conceito de “pssica” como força invisível que guia e atormenta a vida de cada protagonista.

Três destinos entrelaçados na nova série da Netflix
A história acompanha três personagens cujos destinos se cruzam em um pesadelo social intenso. Janalice (Domithila Catete), adolescente vítima de um vídeo íntimo viralizado, é empurrada para o tráfico humano.
Preá (Lucas Galvino), jovem criminoso, enfrenta dilemas morais enquanto integra uma gangue de piratas nos rios do Marajó.
Por fim, Mariangel (Marleyda Soto), uma mãe colombiana em busca de vingança após a morte de sua família, tenta proteger o filho da violência que os cerca.
Belém surge como um personagem à parte: rios turvos, vielas estreitas, calor sufocante e caos urbano ganham protagonismo na direção de Fernando e Quico Meirelles.
A fotografia quente e febril contribuem para o realismo quase sufocante da narrativa. Apesar de alguns excessos estilísticos, como intertítulos que soam artificiais, a direção mantém o ritmo e a tensão, lembrando a pegada de Cidade de Deus, porém com a geografia amazônica como pano de fundo.

Pssica: performances marcantes e roteiro afiado
As atuações elevam ainda mais o impacto da série. Domithila Catete se destaca como Janalice, transmitindo vulnerabilidade e determinação ao mesmo tempo.
Marleyda Soto oferece a dor contida de uma mãe que perdeu tudo, enquanto Lucas Galvino constrói um anti-herói complexo em Preá. Ademara, como Dionette, adiciona carisma e leveza em um ambiente marcado pelo sofrimento e pelo perigo.
O roteiro, inspirado no livro homônimo de Edyr Augusto, assinado por Stephanie Degreas, Fernando Garrido e Bráulio Mantovani, equilibra diálogos curtos e afiados com a intensidade dramática necessária para retratar temas como tráfico infantil, homofobia, violência doméstica e machismo estrutural.
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Pssica não oferece finais felizes nem alívio cômico. Pelo contrário, a minissérie deixa o público confrontando a dureza de realidades muitas vezes ignoradas, mostrando que nem vilões nem vítimas são estereótipos: todos são moldados pelo contexto e pelas circunstâncias da vida.
Ao final, resta ao espectador a sensação de desconforto e reflexão, exatamente o efeito buscado pelos diretores. Em suma, Pssica é uma obra intensa, urgente e visualmente impactante, que confirma o talento de Fernando e Quico Meirelles em explorar narrativas locais com alcance universal, e reforça a força das produções brasileiras na Netflix.
Imagem de capa: Divulgação Netflix
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