O spin-off aposta em emoção, fotografia impecável e desenvolvimento pessoal, dando um ponta pé inicial na jornada de Tony e Ziva com sutileza e maturidade
Michael Weatherly e Cote de Pablo retornam ao universo de NCIS com uma proposta ousada: transformar o casal favorito dos fãs em protagonistas de uma narrativa independente. “Tony & Ziva“, spin-off lançado pela Paramount+, chega com dez episódios que combinam ação, drama psicológico e romance, ambientados em um cenário europeu repleto de paisagens deslumbrantes.
A ideia central é simples, mas eficiente: mostrar o amadurecimento de dois personagens icônicos enquanto enfrentam ameaças, dilemas pessoais e as consequências de um passado conturbado.

A Europa como espelho emocional em “Tony & Ziva”
Desde o primeiro episódio, a série deixa claro que não pretende apenas reviver a nostalgia de NCIS, mas oferecer algo mais íntimo. Tony DiNozzo (Weatherly) e Ziva David (de Pablo) vivem uma vida discreta na Europa, ao lado da filha Tali (Isla Gie). Ele administra uma empresa de segurança privada, enquanto ela tenta reconstruir a própria identidade, marcada por traumas, medos e culpas.
A fotografia, um dos pontos altos da produção, transporta o público por diferentes países. Desde as ruas estreitas de Praga às paisagens ensolaradas do Hungria, sempre com um olhar cinematográfico que valoriza a ambientação como parte da narrativa.
Essa escolha estética reforça a ideia de movimento constante: o casal está em fuga, física e emocionalmente. Cada cenário representa uma nova tentativa de recomeço, mas também um lembrete das feridas que ainda não cicatrizaram. A Europa retratada em “Tony & Ziva” é bela e melancólica. Ela representa a busca por paz e o peso da violência que os formou.

Vulnerabilidade, trauma e redenção no centro da série
No centro da trama, Ziva se destaca como o coração emocional da história. Diferente da agente implacável que o público conheceu em “NCIS“, ela agora enfrenta a difícil transição de uma mulher endurecida para uma mãe em reconstrução. As sessões de terapia, um dos fios condutores mais sensíveis da temporada, dão dimensão humana à personagem, mostrando o impacto psicológico da vida como espiã e das perdas acumuladas.
Cote de Pablo entrega uma atuação contida, precisa e, por isso mesmo, poderosa. Sua Ziva hesita, erra, mas tenta. E é nessa vulnerabilidade que a série encontra sua força.
O roteiro evita o melodrama e aposta em diálogos bem estruturados, que equilibram tensão e introspecção. A química entre os protagonistas continua sendo o motor da narrativa, sustentada pelo carisma de Michael Weatherly, que oferece o contraponto leve e irônico ao peso dramático de Ziva.
Tony é o alívio cômico natural, mas também revela maturidade: um homem disposto a proteger sua família, mesmo que isso signifique revisitar os erros do passado. A temporada, contudo, não é isenta de fragilidades. Há momentos em que a série se apoia demais na nostalgia, recorrendo a referências de NCIS que agradam aos fãs antigos, mas pouco acrescentam ao enredo atual.
Além disso, a trama de espionagem que envolve a Interpol e a organização criminosa, embora funcional, carece de um antagonista verdadeiramente marcante. Jonah (Julian Ovenden), o vilão central, cumpre bem o papel de ameaça, mas não deixa uma impressão duradoura. O final, mesmo satisfatório, encerra as pontas com tanta precisão que praticamente elimina a necessidade de uma segunda temporada.

O desfecho contido, mas digno, de Tony & Ziva
Ainda assim, “Tony & Ziva” acerta ao colocar os personagens acima da ação. O foco está na jornada emocional, não nos tiroteios ou nas reviravoltas. E é nesse ponto que a série se diferencia de outras produções do gênero. Há momentos em que a beleza das cenas fala mais do que as falas.
O episódio final sintetiza o espírito da temporada: emoção, reconciliação e uma pitada de ação calculada. O sequestro de Tali por Jonah funciona como catalisador para a união definitiva da família.
Entre perseguições subterrâneas, códigos de cofres e drones descontrolados, a série entrega um clímax visualmente impactante, mas emocionalmente mais contido do que se esperava. No fim, “Tony & Ziva” parece optar pela sutileza em vez da grandiosidade, uma escolha coerente com sua proposta, mas que pode frustrar quem esperava algo mais explosivo.
Como todo spin-off, a série carrega o desafio de justificar sua existência. E embora nem sempre atinja a força dramática de seus melhores momentos, “Tony & Ziva” encontra relevância ao oferecer um fechamento digno aos personagens. Não é uma produção que reinventa o gênero, mas uma que o humaniza.
A direção de John McNamara valoriza os detalhes, o toque, o olhar, o gesto; e isso faz diferença. O resultado é uma obra visualmente refinada, emocionalmente honesta e, acima de tudo, coerente com o legado que carrega.
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Vale a pena assistir “Tony & Ziva”?
Sim, vale. Ainda que não apresente uma narrativa inovadora, a série entrega o que promete: uma história bem filmada, bem interpretada e emocionalmente satisfatória. “Tony & Ziva” é uma despedida elegante, que respeita seus personagens e seus fãs. As paisagens europeias e a excelente fotografia elevam a experiência, enquanto a jornada de Ziva oferece uma rara combinação de vulnerabilidade e força.
No entanto, é importante reconhecer que a produção parece mais um presente nostálgico do que o início de uma nova era. Caso não haja uma segunda temporada, “Tony & Ziva” cumpre seu papel como um fechamento sensível para duas figuras que, há anos, simbolizam amor, lealdade e redenção dentro do universo de NCIS. Para quem busca emoção sem exageros, drama com propósito e um visual deslumbrante, a resposta é clara: sim, a série merece ser vista.
Imagem de capa: Paramount+/Divulgação
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