Na semana passada falamos sobre um filme de terror slasher sobrenatural que brinca com lendas antigas e bonecos amaldiçoados. Hoje falaremos sobre um terror lovecraftiano com tempero brasileiro: Abraço de Mãe.
Surpreendentemente, o Brasil possui muitas produções interessantes, ganhando cada vez mais notoriedade internacional. E um gênero que tem crescido bastante em nosso país é o terror. Produções como “Recife Assombrado”, “Desalma” e “Abraço de Mãe” mostram o potencial do nosso país nos gêneros de terror e suspense.
“Abraço de Mãe” (A Mother’s Embrace) é um filme de ficção e terror, dirigido pelo argentino Cristian Ponce, e conta a história de Ana, uma jovem bombeira, interpretada por Marjorie Estiano, que possui um trauma do passado e está envolvida em um mistério sobrenatual.
A produção lembra bastante a atmosfera da série “Stranger Things” e é uma aposta do cinema de terror latino-americano. Além disso traz toda uma pegada de horror cósmico de H. P. Lovecraft, responsável por criar o Cthulhu , entidade cósmica bastante popular na cultura nerd e geek.
A direção é de Cristian Ponce conhecido pelo premiado “Historia de lo Oculto”. O roteiro é de Ponce, André Pereira e Gabriela Capello. Marjorie Estiano, Chandelly Braz, Javier Drolas, Reynaldo Machado, Val Perré integram o elenco.
A história de “Abraço de Mãe”

O filme se inicia com Ana ainda criança, tomando um copo de leite onde há algo dissolvido, possivelmente um remédio. Em seguida, ela e sua mãe visitam um parque onde se encontra uma estátua de boneca, semelhante à famosa Boneca Eva, que fez sucesso nos anos 80. O local é uma espécie de museu interativo, para promover uma experiência educativa sobre o corpo humano.
Mas o passeio logo toma rumos perturbadores. Conforme avançam pela exposição, ambas começam a sentir-se estranhamente dopadas, principalmente ao chegarem à área onde está exibido um feto humano preservado. Há algo profundamente misterioso e inquietante em torno dessa figura. Uma energia sinistra e quase mística parece envolvê-lo. Depois da visita, elas retornam para casa e dormem. No meio da noite, Ana, abraçada à mãe, acorda com a casa em chamas. Ela tenta acordar a mãe, que continua entorpecida. Em meio à fumaça e ao pânico, Ana fixa o olhar em um adesivo de polvo no quarto e, ao mesmo tempo, em que as chamas avançam, ela vê visões do feto e um tentáculo tocando seu braço. Quando desperta do transe, percebe que a “visão” deixou uma queimadura real. Pouco depois, ela é resgatada e a narrativa avança para o futuro.
Um salto na história
O salto nos leva a fevereiro de 1996, durante um dos temporais mais violentos que já atingiu o Rio de Janeiro. Em meio ao caos, o Corpo de Bombeiros recebe um chamado urgente para evacuar um asilo prestes a desabar. Entre os convocados está Ana (Marjorie Estiano), agora uma jovem bombeira que estava afastada do serviço após sofrer um colapso nervoso durante uma operação anterior. De volta à sua antiga equipe, ela retorna relutante ao campo de ação, mas logo percebe que há algo de muito errado com os moradores do asilo, que parecem ter planos próprios com a chegada da tempestade. Em meio a segredos enterrados e eventos sobrenaturais, Ana precisará enfrentar os fantasmas do seu passado e descobrir a verdade antes que tudo desmorone, literalmente.
Aquela inspiração em Lovecraft

Abraço de Mãe mistura traumas familiares, seitas misteriosas e entidades tentaculares, elementos que remetem ao horror cósmico de Lovecraft. Os tentáculos e traços de culto presentes sugerem forças indecifráveis que desafiam tanto a psique quanto a lógica, trazendo à tona a insignificância humana diante de algo vasto e incompreensível.
Assim, o filme equilibra terror psicológico, horror sobrenatural e drama existencial, sem recorrer a clichês de susto fácil. A direção usa fotografia sombria, edição e ambientação claustrofóbica no asilo, que vira um labirinto de corredores tensos e evita sustos gratuitos, preferindo construir tensão através da atmosfera densa e dos traumas da protagonista .
O filme explora ainda temas como luto infantil, fé, paranoia, identidade e resiliência emocional. Para isso, o filme alterna entre recordações do passado de Ana e os eventos atuais, criando camadas que se entrelaçam até um desfecho que mistura o real e o metafísico.
Curiosidades
- Marjorie Estiano entrega uma atuação intensa, carregando a trama nas costas como uma “final girl” moderna, ao mesmo tempo, empoderada e marcada emocionalmente.
- A ambientação realista da enchente de 1996 e o apoio técnico do Corpo de Bombeiros do Rio deram realismo às cenas de resgate, fortalecendo o mergulho na ambientação brasileira.
- O diretor Cristian Ponce cita John Carpenter como principal influência, especialmente pelo estilo de horror claustrofóbico em espaços fechados onde os personagens não conseguem escapar. O asilo implacável funciona como uma metáfora viva desse conceito.
- O filme se passa durante uma das mais devastadoras chuvas que atingiram o Rio de Janeiro em fevereiro de 1996. O evento serve como pano de fundo e reforça a sensação de urgência, isolamento e vulnerabilidade da cidade.
- O elenco recebeu treinamento com o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, e várias cenas foram filmadas no próprio Quartel Central, dando autenticidade às cenas de resgate e à jornada emocional da protagonista.

Agora que sabe um pouco mais sobre o filme, bora assistir? E depois me conte o que achou do filme!
Por fim, Abraço de Mãe está disponível na Netflix.
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