Na semana passada falamos sobre um clássico cult do terror dos anos 90. Hoje falaremos sobre um filme de fantasia sombria. Um conto de fadas gótico para adultos, com sangue, poesia, monstros e a brutalidade da guerra: O Labirinto do Fauno. Certamente é um filme que deixou sua marca no coração das pessoas.
O Labirinto do Fauno (El laberinto del fauno) é um filme de 2006, com direção e roteiro de ninguém menos do que Guillermo del Toro, uma das vozes mais autorais do cinema contemporâneo. Misturando conto de fadas, horror gótico e drama político, o longa se tornou um marco do cinema fantástico ao estrear oficialmente em 27 de maio de 2006 no Festival de Cannes, antes de percorrer salas de cinema ao redor do mundo.
Estrela a produção Doug Jones que interpreta o Fauno e também o grotesco Homem Pálido, o que exigiam horas diárias de caracterização. Ivana Baquero também estrela como Ofelia, uma menina sonhadora que descobre um mundo mágico em meio à repressão fascista da Espanha de 1944. O elenco conta ainda com Maribel Verdú, no papel de Mercedes, uma governanta que esconde sua lealdade à resistência republicana, e Ariadna Gil como Carmen, a frágil mãe de Ofelia. Sergi López interpreta o vilão e também padrastro de Ofelia, o Capitão Vidal. Ele é um oficial da Ditadura Franquista obcecado por controle, ordem e legado.
Surpreendentemente, mais que uma fantasia sombria, o longa é uma poderosa alegoria política e emocional que transforma o ato de imaginar em resistência. Ao unir o horror da história real com os mitos atemporais dos contos de fadas, Guillermo del Toro entrega um filme que não apenas emociona, mas marca.
A história de O Labirinto do Fauno
O Labirinto do Fauno se passa no pós-Guerra Civil Espanhola, na Espanha franquista, em 1944. Nele, acompanhamos a história de Ofelia (Ivana Baquero), uma menina solitária que se muda com a mãe grávida para um posto militar liderado por seu padrasto, o violento Capitão Vidal (Sergi López). No novo lar, Ofelia que é uma menina sonhadora e amante de livros de fantasia, descobre um misterioso labirinto. Nele, ela conhece um ser enigmático: o Fauno (Doug Jones), uma criatura mítica que lhe faz uma revelação. Ele a desafia a cumprir três tarefas para provar que ela é a reencarnação de uma princesa perdida. Assim, o enredo navega entre dois mundos, o real e o mágico, criando uma narrativa instigante até a sua conclusão.
Enquanto ela descobre essa a verdade sobre si mesma e o mundo até então de fantasia, ela convive com as crueldades de Capitão Vidal. Vidal é um fascista obsessivo e sádico e busca eliminar guerrilheiros republicanos que estão escondidos nas montanhas.
Uma obra de arte repleta de efeitos práticos

O labirinto do Fauno teve um orçamento estimado em US$ 19 milhões, sendo uma coprodução entre México, Espanha e Estados Unidos. Grande parte dos efeitos visuais são práticos, com maquiagens, animatronics e cenários construídos de forma artesanal. Assim, mesmo com um orçamento limitado. A utilização da CGI ocorreu somente para melhorar ou remover fios e mecanismos, e não para criar os personagens do zero.
A trilha sonora de Javier Navarrete é um dos pontos principais da produção. Ela foi feita quase inteiramente em torno de uma única canção de ninar que atravessa o filme como um lamento constante. A direção de fotografia de Guillermo Navarro, alterna tons frios no mundo real com paletas douradas e quentes nas partes referentes à fantasia, acentuando, assim, o contraste entre repressão e liberdade, guerra e imaginação.
Dessa forma, a narrativa oscila entre o mundo real, brutal e opressor, e um mundo mágico sombrio, onde cada tarefa tem um custo e cada escolha carrega peso simbólico. Todo esse conjunto, certamente, reforça a imersão no universo sombrio e melancólico da trama.

Curiosidades
- Guillermo del Toro manteve um diário de anotações e desenhos do filme por anos e quase o perdeu em um táxi.
- Doug Jones aprendeu falas em espanhol foneticamente para interpretar o Fauno e o Homem Pálido.
- O filme possui uma conexão espiritual com A Espinha do Diabo (2001), também de Del Toro. Ambos abordam o trauma da Guerra Civil Espanhola sob óticas fantásticas.
- Del Toro se recusou a fazer o filme em inglês, mesmo com oferta de mais verba. Ele insistiu no espanhol, por fidelidade à história.
- O Fauno representa a natureza selvagem e a moralidade cinzenta, ele não é “bonzinho”, mas segue regras.
- O Homem Pálido, que devora crianças e tem um banquete intocado, é um símbolo da Igreja opressora ou da elite fascista. Ele representa instituições que acumulam riqueza enquanto condenam o prazer e o conhecimento.
- O labirinto é o inconsciente da personagem, sua jornada de amadurecimento e resistência.
- Del Toro revelou que o Fauno não é necessariamente confiável. Ele representa a natureza antiga e ambígua. Às vezes gentil, às vezes ameaçador. Por isso, sua aparência muda conforme o estado emocional de Ofelia: no início ele parece mais velho e sinistro, e vai ficando mais jovem e majestoso conforme ela confia nele.
- O Labirinto do Fauno conquistou a crítica internacional, sendo aclamado em festivais como Cannes, Toronto e Veneza. Foi indicado a seis Oscars® em 2007 e levou três estatuetas: Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhor Fotografia. A produção também faturou o BAFTA de Melhor Filme em Língua Estrangeira, entre dezenas de outros prêmios.

Agora que sabe um pouco mais sobre o filme, bora assistir?
Por fim, O Labirinto do Fauno está disponível na ClaroTv+.
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