De John Green a Alice Oseman, autores trazem narrativas que exploram saúde mental e ajudam adolescentes a nomear sentimentos

A literatura tem o poder de comentar sobre questões atuais de maneira criativa e relevante. Dentre os diferentes temas discutidos, a abordagem de questões pertinentes à saúde mental tem ganhado bastante espaço nos últimos anos. A partir de diferentes processos criativos, as obras infantojuvenis apresentam uma maneira específica de abordar esse tema.

Os livros infantojuvenis costumam adotar uma linguagem delicada e sensível para comentar sobre questões mentais. Além disso, eles propõem a tradução de temas que demandam seriedade em termos mais simples. Para públicos mais jovens, essa formulação de vocabulário que diz respeito à saúde mental é importante para uma vida mais saudável.

E, também, vale destacar a importância desses livros durante a campanha do “Setembro Amarelo”. Dados compartilhados pela Secretaria de Saúde do Governo do Ceará destacam que a leitura auxilia na prevenção de doenças. Ainda assim, o hábito atua como tratamento e promove melhorias no convívio social e saúde emocional.

A importância do “Setembro Amarelo”

Segundo o Tribunal Superior do Trabalho, a iniciativa destacada é uma campanha dedicada à conscientização da prevenção ao suicídio e à promoção da saúde mental. Se o hábito da leitura funciona como uma alternativa de distração e alívio de sintomas, então ele se torna ainda mais relevante durante o mês. 

Além disso, uma reportagem do Jornal USP argumenta que a “biblioterapia” funciona como uma vertente de autocuidado e tratamento adjuntivo de baixa intensidade. Como o próprio nome sugere, a iniciativa funciona como uma terapia complementar. Ela propõe a leitura de obras que abordam um problema psicoemocional encarado por uma pessoa ou um grupo. A proposta é utilizar personagens dessas histórias para ilustrar a superação de acontecimentos desgastantes relacionados à saúde mental.

Imagem de quilombos
Créditos: FCP PA

Através da leitura guiada de obras voltadas a temática mental, a população infantojuvenil pode obter as ferramentas para construir uma bagagem socioemocional. Desse modo, os jovens podem antecipar experiências desafiadoras e trabalhar sua inteligência emocional na hora de lidar com eles.

Livros infantojuvenis que abordam a temática

Um dos primeiros livros que vem à mente quando o tema é saúde mental é o romance “Rádio Silêncio” (2016). A obra tem autoria da Alice Oseman, criadora do fenômeno bestseller “Heartstopper” (2019), e conta a história de Frances. Uma máquina de estudos, a personagem sempre foi uma aluna focada, com um objetivo principal – estudar em uma escola de elite. Quando Frances conhece Aled, o garoto por trás de seu podcast favorito, ela encontra nele uma verdadeira amizade.

O romance explora a importância de se rodear de pessoas que te deixam confortável, e te estimulam a ser você mesmo. De maneira sensível, Oseman constrói um universo convidativo para pessoas de todos os jeitos, comentando sobre o impacto de enfrentar seus demônios e se aceitar por inteiro.

Como continuação, um livro que merece destaque é “Tartarugas até lá embaixo” (2017), de John Green. Com uma linguagem acessível, a narrativa acompanha a trajetória de Aza Holmes. A protagonista de 16 anos precisa enfrentar seu próprio transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) para embarcar em uma aventura – encontrar um bilionário misteriosamente desaparecido. Sob a perspectiva da saúde mental, o autor fala de amizades duradouras e reencontros inesperados.

São vários os exemplos de livros infantojuvenis que encontram uma maneira criativa de retratar o tema, compartilhando batalhas e conquistas na trajetória da saúde mental. Dessa forma, a leitura de histórias que aproximam o leitor jovem do que ele vive pode oferecer alívio para suas aflições, tornando a sua jornada mais fácil.