Novo jogo de Assassin’s Creed teria como protagonista um ex-escravo dos EUA que lutaria contra o surgimento da KKK.

A Ubisoft teria descartado um projeto do jogo considerado um dos mais ousados da franquia. Segundo informações divulgadas pelo site Game File, a empresa cancelou em meados de 2024 um jogo que se passaria logo após a Guerra Civil dos Estados Unidos, com um protagonista ex-escravo que retornaria ao Sul para enfrentar o surgimento da Ku Klux Klan. Fontes ligadas ao estúdio afirmam que a decisão partiu da liderança em Paris, motivada principalmente por receios diante do atual clima político norte-americano.

De acordo com relatos de funcionários e ex-funcionários, o título, ainda em estágio inicial, teria sido conduzido pela Ubisoft Quebec. Este é o mesmo estúdio responsável por outros capítulos da série como o Assassin’s Creed Odyssey e o Syndicate. A trama exploraria o período da Reconstrução, abordando os direitos dos libertos, a violência racial, e também as consequências diretas do assassinato do presidente Abraham Lincoln. Sequências de flashback durante a Guerra Civil também estavam nos planos iniciais, criando uma narrativa que uniria drama histórico e ação característica da franquia.

O Projeto e o Porquê

Internamente, o projeto circulava sob o codinome Project Scarlet e descrevia nova virada criativa para Assassin’s Creed. Apesar disso e do entusiasmo de parte da equipe, a alta gestão considerou que os riscos superavam o potencial. A polêmica em torno do anúncio de Yasuke, samurai negro e coprotagonista de Assassin’s Creed Shadows, teria servido de alerta para a empresa, que preferiu recuar diante da possibilidade de uma nova onda de repercussões negativas. Como descreveu uma das fontes consultadas, tratava-se de algo “político demais em um país muito instável”.

Além disso, o cancelamento também acontece em um momento de reorganização para a Ubisoft. Em 2024, a empresa lançou a subsidiária Vantage Studios, responsável pelas principais franquias da casa, incluindo Assassin’s Creed, Far Cry e Rainbow Six. O braço criativo, que conta com participação acionária da gigante chinesa Tencent, centraliza decisões estratégicas e de produção. Isso aumenta a percepção de que escolhas como a de Project Scarlet refletem uma postura mais conservadora no planejamento a longo prazo.

Sobre a indústria

Embora a Ubisoft não tenha se manifestado oficialmente sobre o assunto, a ausência desse projeto mostra como mesmo ideias promissoras podem ser descartadas quando esbarram em disputas culturais e receios políticos. Então, para fãs e desenvolvedores que acreditavam no potencial de uma ambientação inédita, a notícia representa mais uma lembrança de que o futuro de Assassin’s Creed depende cada vez menos de ousadia criativa e cada vez mais da gestão corporativa.

Créditos da capa: Reprodução Ubisoft