Em “Tempos Amarelos” (Editora SEDAS, 136 págs.), Verônica Yamada apresenta uma protagonista nipo-brasileira em um futuro próximo, que adoece em função da intensificação de uma cultura de trabalho que conduz à desumanização. A narrativa parte de um cenário distópico, mas se transforma em uma healing fiction, gênero que trata da cura emocional. O fenômeno editorial tem se destacado entre autores de descendência asiática, e ganhado espaço no Brasil.

Durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), a autora se une ao coletivo das Escritoras Asiáticas e Brasileiras, na mesa 9 da Praça Aberta, em todos os dias de duração do evento. Ela participará, também, de uma sessão de autógrafos no sábado (2), das 14h às 16h, na Casa Escreva, Garota! (Travessa Gravatá 56c/d).

Contextualizando a obra

De acordo com dados de 2024 divulgados pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANMT) e pela International Stress Management Association (ISMA), o Brasil é o segundo país com o maior número de indivíduos que sofrem da síndrome de burnout. Em primeiro lugar vem o Japão, com 70% da população com um esgotamento provocado pelo excesso de trabalho.

A partir desses números, Verônica se inspira em sua própria vivência como mulher nipo-brasileira, e traça sua narrativa percorrendo estereótipos associados às pessoas amarelas e a relação de cobrança extrema com o trabalho. “Eu mesma já passei por alguns burnouts e me sinto sobrecarregada o tempo todo”, explica a autora. “Queria mostrar que ninguém quer entrar em burnout, mas que nos sentimos sempre pressionados a produzir.”

Verônica ressalta como trazer esse assunto para o contexto brasileiro permite explorar especificidades culturais únicas. “A maioria das famílias amarelas investe muito em educação, mas são bastante frias. Isso causa uma sensação de abandono e negligência parental.” Os personagens principais do livro refletem, de maneiras diferentes, essa dinâmica familiar delicada. “Muitos filhos tentam fugir do controle dos pais, mas, ao mesmo tempo, acabam sempre desejando um amor que nunca vem como querem.”

Sobre a narrativa, a exaustão e o inconsciente

A história de “Tempos Amarelos” retrata um futuro próximo onde as telas se alimentam da consciência das pessoas. Nesse cenário, relógios monitoram os efeitos desse consumo e exibem a energia vital de cada indivíduo. No entanto, em uma sociedade marcada pela exigência extrema no trabalho, os humanos acabam desafiando seus próprios limites e entrando no chamado “battery-out”.

É desse ponto de partida que a história de Marina se inicia. Uma mulher totalmente condicionada à rotina produtiva, a ponto de negligenciar até mesmo necessidades básicas como descanso e alimentação. Para evitar pausas, Marina utiliza uma sonda urinária para continuar produzindo sem interrupções.

Ao passo que a protagonista mergulha na inconsciência depois de entrar no estado de “battery-out”, a obra introduz Kaue – um homem de origem nipônica que acorda de um coma iniciado após um acidente aos dezoito anos. Aos trinta anos, recém-acordado, ele precisa se adaptar ao mundo transformado. Kaue vê o corpo desacordado de Marina no mesmo hospital em que está internado, e passa a encontrá-la em um espaço onírico, compartilhado durante o sono.

É nesse plano inconsciente que os personagens são confrontados com traumas antigos, enquanto começam a se afeiçoar um pelo outro. Os dois são levados a refletir sobre o passado que os feriu e as possibilidades, ou limitações, que moldam um futuro juntos.

Trajetória da autora

A carreira de Verônica Yamada passa por diferentes gêneros e públicos. Sua estreia com “A face obscura de Lívia” foi seguida do lançamento da autoficção “Loucura e Perversidade”, a fantasia “Herdeiros das Trevas”, o livro de contos “Código de Vingança” – premiado com o VII Prêmio Talentos Helvéticos. Mais recentemente, a autora publicou a distopia “Carne de segunda”, que se tornou um best-seller na Amazon, além de títulos infantis e antologias compartilhadas.

“Tempos amarelos” é a primeira obra de healing fiction de Verônica. Após abordar traumas com desfechos trágicos em livros anteriores, a autora decidiu trilhar outro caminho. “Desta vez, me permiti escrever um final diferente, feliz. Acredito que isso mostra que eu também posso me curar, assim como meus personagens.”

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Agenda de Lançamentos de “Tempos Amarelos”

Flip – Festa Literária Internacional de Paraty (RJ)

Data: De 30 de julho a 3 de agosto

Local: Praça Aberta – Mesa 9 | Coletivo de Escritoras Asiáticas e Brasileiras

Atividade: Presença da autora durante todo o evento com venda e autógrafos do livro

Via Assessoria de Imprensa