Zé Celso Martinez Corrêa, dramaturgo, ator e escritor falecido neste ano, será homenageado na 17a CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte. O evento ocorre entre a terça-feira (26) e o dia 1º de outubro, e vai exibir filmes do artista na seção Diálogos Históricos, que ocorre entre os dias 27 e 29. A ação contará com a presença de críticos e pesquisadores convidados para comentarem cada filme. Zé Celso morreu no dia 6 de julho de 2023, aos 86 anos, vítima de um incêndio em sua residência.

O evento selecionou três longas-metragens que, de certa forma, resumem a presença de Zé Celso nas telas. “Vários foram seus trabalhos na área, então o recorte de três obras é apenas representativo dessas facetas do Zé Celso que impregnaram as telas com sua presença vulcânica”, afirma Marcelo Miranda, curador da mostra Diálogos Históricos junto com Cléber Eduardo. “A trinca de filmes, se não esgota o tamanho de Zé Celso nos palcos ou nos cinemas, expande no público a compreensão do gigantismo desse artista e o quanto ele extravasava quaisquer dos espaços que ocupou”, prossegue.

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mostra Diálogos Históricos

Programação da mostra sobre Zé Celso

Quarta-feira (27/9)

No primeiro dia, o evento mostrará o filme  “Prata Palomares” (1970), dirigido por André Faria e que teve roteiro de Zé Celso, marcando sua primeira participação num projeto de cinema. No enredo, dois guerrilheiros em fuga se escondem na igreja de uma pequena cidade. Um deles se disfarça de padre enquanto o outro prepara a fuga. O primeiro aos poucos adentra por demais o personagem e rompe com a guerrilha, acreditando que a religião pode ser um ponto de salvação. A roda de conversa logo depois da sessão será com o pesquisador de cinema Hernani Heffner e com o diretor André Faria.

Quinta-feira (28/9)

A mostra exibirá “O Rei da Vela”, único filme dirigido por Zé Celso, em parceria com Noilton Nunes. O título é uma referência à famosa adaptação do Teatro Oficina em 1967 da peça original de Oswald de Andrade, de 1933. Na época, o espetáculo foi censurado pela ditadura e voltou aos palcos só em 1971, quando Zé Celso passou a filmar algumas das apresentações no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

Esses registros se perderam por anos, depois que o dramaturgo precisou se exilar fora do Brasil para escapar da violência dos militares. Ao retornar ao Brasil no começo dos anos 1980, Zé Celso decidiu fazer um filme a partir das imagens de “O Rei da Vela”, mas reconfigurando tudo e inserindo outras reflexões. O bate-papo após a sessão será com a crítica e pesquisadora de artes cênicas Soraya Belusi e com o diretor Noilton Nunes.

Sexta-feira (29/9)

O documentário “Fédro” (2021), de Marcelo Sebá, fecha a Diálogos Históricos mostrando o próprio Zé Celso na tela. O filme reúne o dramaturgo a um de seus antigos pupilos, o ator Reynaldo Gianecchini. Os dois não se encontravam há duas décadas, desde quando este último se desligara do Oficina. Num apartamento, acompanhados apenas pela pequena equipe de filmagem, Zé e Reynaldo falam sobre arte, vida, corpo, sexo, gozo, política e outras intimidades. A roda de conversa em seguida será feita com a crítica e pesquisadora em artes cênicas Júlia Guimarães e com o diretor Marcelo Sebá.

Zé Celso
Zé Celso era um homem à frente de seu tempo. | Foto: Divulgação/EBC

Quem foi Zé Celso?

Fundador do Teatro Oficina e ligado às artes cênicas, Zé Celso fez  história ao criar uma arte política e sensorial. Suas obras sempre dialogaram com seu tempo e outras artes como a música, a poesia e o audiovisual. Ele também ficou conhecido por levar o modernismo e o tropicalismo para a dramaturgia brasileira. O artista iniciou a carreira no final da década de 1950 com duas peças de sua autoria: “Vento Forte para Papagaio Subir” e “A Incubadeira”. Ele morreu em 2023 devido aos ferimentos causados pelo incêndio em sua casa, em São Paulo.

Sobre a CineBH

CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte promove a conexão entre o cinema brasileiro e o mercado internacional. O evento prevê em sua programação a oferta de atividades oferecidas gratuitamente ao público: exibições de filmes nacionais e internacionais, pré-estreias e mostras retrospectivas, programa de formação com a oferta de oficinas, workshops, laboratórios, masterclasses, debates e painéis, promoção do fomento ao empreendedorismo, dissemina a informação, produz e difunde conhecimento, cria oportunidades de rede contatos e negócios, reúne a cadeia produtiva do audiovisual numa programação abrangente e gratuita.

A 17ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e o 14º Brasil CineMundi integram o Cinema sem Fronteiras 2023 – programa internacional de audiovisual idealizado pela Universo Produção e que reúne também a Mostra de Cinema de Tiradentes (centrada na produção contemporânea, em janeiro) e a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto (que difunde o audiovisual como patrimônio e ferramenta de educação, em junho).

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