As produções do gênero de terror estão ganhando cada vez mais espaço nos cinemas e nos streamings, seja em formato de filme ou em séries. Embora não seja o estilo favorito de muitas pessoas, por causar medo, horror e até repulsa para alguns, não podemos negar que é um nicho bastante rico em material. Por mais que muitos filmes de terror/horror estejam concentrados na produções norte americanas e japonesas, temos muitos materiais bacanas produzidos por outros países. E não podemos deixar de olhar para as produções nacionais. No Brasil, quando falamos de terror, certamente precisamos citar Zé do Caixão.
José Mojica Marins, mais conhecido como Zé do Caixão, foi um ator e cineasta brasileiro, famoso por suas produções dentro do gênero do terror. Seu personagem, acabou se tornando parte integrante da cultura brasileira, sendo considerado praticamente como um personagem folclórico.
Curiosidades sobre o criador de Zé do Caixão
Mojica cresceu dentro de um cinema
José Mojica Marins nasceu no dia 11 de março de 1936, entretanto foi registrado somente no dia 13 de março, uma sexta-feira.
Aos 03 anos de idade, seu pai virou gerente de um cinema na Vila Anastácio, e com isso, sua família mudou para os fundos do estabelecimento. Em suma, Mojica cresceu lendo gibis e assistindo os filmes no cinema onde seu pai trabalhava. Além disso, ele gostava de brincar de teatro de bonecos e montar peças com fantasias criadas por ele mesmo.
Aos 12 anos, Mojica ganhou uma Câmera V-8 e a partir daí reforçou o seu objetivo e paixão pelo cinema. Muitas de suas produções feitas nessa época eram exibidas em cidades pequenas.
O gênio do terror brasileiro é autodidata
Mojica aprendeu sobre filmes dentro do cinema, chegando a montar uma escola de interpretação para amigos e vizinhos. Aos 17 anos, depois de já ter lançado vários filmes amadores, fundou, com ajuda de amigos, a Companhia Cinematográfica Atlas. A especialidade de Mojica era o terror escatológico (que envolvem excrementos, substâncias expelidas pelo corpo humano, como sangue, urina, fezes, dentre outros). Em 1956, aos 20 anos, criou uma escola de atores, sendo que 10 anos depois, foi mantada uma sinagoga (1964), onde Mojica fazia experimentos com atores amadores, utilizando insetos com o fim de medir a coragem deles.
Dirigiu filmes de outros gêneros
Antes de virar o pai do terror nacional, Mojica dirigiu e produziu filmes de outros gêneros. Entre as décadas de 1950 e 1960, Se envolveu com filmes de drama e faroeste, Na década de 1950 e início da de 1960 ele esteve envolvido com filmes de drama e faroeste, tendo como destaque A Sina do Aventureiro (1958). Posteriormente, já consagrado como diretor de terror, Mojica também passou pelo gênero do pornochanchada (A Virgem e o Machão – 1974).
Zé do Caixão nasceu de um sonho de Mojica
O personagem Zé do Caixão foi criado em 1963 baseado em um pesadelo que Mojica teve, após se frustrar pelo fracasso de um de seus filmes, o drama Meu Destino em Tuas Mãos. No sonho, era noite e Mojica estava deitado no chão. De repente, um vulto se aproxima e começa a puxar ele pelos braços. Quando ele olhou melhor para o vulto, percebeu que aquela figura era ele mesmo e o levava ara uma lápide com o nome José Mojica Marins.
Mojica acordou do pesadelo, bastante assustado e criou o personagem Zé do Caixão, que no fim das contas, acabou sendo uma grande parte do próprio Mojica.
O personagem Zé do Caixão não acredita em Deus e nem no diabo
Zé do Caixão é um cruel e sádico agente funerário, que também é amoral e niilista. Ele se acha superior aos outros, os explorando para alcançar seus objetivos. Por causa de seus atos, os habitantes que moram em sua cidade, o temem e o odeiam. Zé do Caixão não acredita em Deus e nem no diabo. Ele acredita em numa 3ª via, que é “a pedra da 3ª força”.
Em sua saga, o tema principal é sua obsessão pela continuidade do sangue: que é ser pai da criança superior a partir da “mulher perfeita”. para ele, a mulher perfeita não vem da beleza, dos atributos físicos, mas sim da mulher que possui um intelecto superior às outras. Desse modo, ele está disposto a matar todos que cruzarem seus caminhos.
Zé do Caixão terá um reboot produzido por Elijah Wood
Surpreendentemente, a fama de Zé do Caixão é internacional, sendo chamado de Coffin Joe nos países de idioma inglês. Seu sucesso é tão grande que ele retornará às telas por meio de dois projetos cinematográficos separados – um em inglês dos Estados Unidos e outro em espanhol do México.
A SpectreVision, a produtora de gênero dos EUA fundada por Elijah Wood com os diretores Daniel Noah e Josh C. Waller, assinou um contrato para um reboot do personagem em inglês. Eles pretendem desenvolver uma versão atualizada, acessível e fiel ao público do Zé do Caixão, e apresentando o personagem para novos públicos mais amplos.
Já em relação ao longa em espanhol, ele está sendo escrito pelos cineastas mexicanos Lex Ortega e Adrian Garcia Bogliano ( Here Comes The Devil ). Ortega reimaginará a história do personagem ambientada no México, dando novas oportunidades ao personagem.
Aparições de Zé do Caixão
Mojica dirigiu mais de 40 filmes e atuou em mais de 50 ao longo de sua carreira. Como Zé do Caixão ele foi estrela em 03 filmes, embora tenha participado de vários outros.
Veja alguns dos filmes que ele aparece como Zé do Caixão:
1964 – À Meia-Noite Levarei Sua Alma
1965 – O Diabo de Vila Velha
1966 – Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver
1967 – O Estranho Mundo de Zé do Caixão
1973 – O Exorcismo de José Mojica Marins
1976 – Inferno Carnal
1980 – A Praga (foi restaurado e exibido ao público pela primeira vez em 2022, na reabertura da Cinemateca Brasileira[4])
1981 – A Encarnação do Demônio
1983 – Horas Fatais – Cabeças Cortadas (Horas Fatais)
1986 – Dr. Frank na Clínica das Taras
1996/97 – Cine Trash
2008 – Encarnação do Demônio
2018 – A Praga do Cinema Brasileiro
Um ícone do terror brasileiro imortalizado em um personagem
De fato, Mojica acaba que se mistura com seu personagem Zé do Caixão. Com suas unhas grandes, chegou a assustar muitas crianças quando tinha alguma reportagem sobre ele na televisão. Eu mesmo, morria de medo quando falavam sobre ele. Será que ele era de verdade? Era somente um personagem igual os dos filmes que passavam de tarde na televisão?
Acredito que até ele mesmo, se via mais como Zé do Caixão do que como José Mojica Marins. E a partir dessa união dos dois, criador e criação, que nasceu esse fenômeno brasileiro.
O criador, José Mojica Marins, morreu aos 83 anos, em 2020 vítima de uma broncopneumonia. Entretanto, sua criação é amada mundialmente, imortalizando toda a sua dedicação à sua paixão, os cinemas. Em conclusão, Zé do Caixão é uma parte da cultura cinematográfica. Sem dúvida, ele é um patrimônio cultural e histórico do Brasil.